Uma síntese da 1ª Semana de Capítulo
A 1ª SEMANA DO CAPÍTULO GERAL
Aos poucos foram chegando os 111 participantes do 23ª Capítulo Geral da Congregação, que acontece em Roma de 17 de maio a 06 de junho com o tema: Misericordiosos em comunidade com os pobres. A Cúria Geral (8), os superiores provinciais (20) e superiores regionais (4) são membros de direito. O segundo grupo é formado pelos delegados eleitos (46). O total são 78 capitulares com direito a voto. Além desses existem os convidados e as equipe de trabalho.
É fácil entender o desenvolvimento dos trabalhos do Capítulo. A primeira semana é um tempo dedicado ao passado. Basicamente o governo que termina seu sexênio apresenta seus relatórios representados pelo Superior Geral e pelo Ecônomo Geral. A segunda semana começa com o momento mais intenso e esperado que é a eleição do novo Superior Geral e dos cinco Conselheiros Gerais. A terceira semana é dedicada ao futuro. A reflexão sobre o tema proposto e delineado em um Instrumentum Laboris, indicará as pistas para os próximos seis anos: 2015-2021.
No domingo, dia 17 de maio aconteceu a apresentação geral dos membros do capítulo. A organização escolheu uma forma prática, leve e saborosa de fazer a apresentação deste grande grupo vindo de quarenta países e quatro continentes. Cada um trouxe comidas e bebidas típicas de sua cultura. Após o superior de cada entidade apresentar seus religiosos vivemos um primeiro momento de partilha em forma de ágape pós-moderno no jardim interno do nosso Colégio Internacional.
Na segunda-feira, dia 18 de maio, Pe. Ornelas abriu o capítulo lembrando que nos encontramos em uma semana litúrgica entre a ascensão e pentecostes. É um tempo de discernimento e unidade, coinciência oportuna para começarmos nosso tempo de reflexão. Foi um dia de retiro pregado pelo dehoniano da Venezuela, Pe. Carlos Luiz Suarez. Baseado nos textos de Emaús (Lc 24) e do lado aberto (Jo 19), destacou as instruções que Jesus deu a seus discípulos após a ressurreição. A Palavra escutada e praticada ocupa um lugar central e raliza a presença do mestre. Isto nos provoca a uma atitude de êxodo que nos leva a sair de nós mesmos e ir na direção do irmão em comunidade e aos mais pobres e excluídos. Estas seria as duas grandes instruções do Coração de Jesus: “vinde” e “ide”. Termina exortando os capitulares a “afinar os ouvidos e os corações para discernir as instruções do mestre”.
Todos os dias foram programados em intenso ritmo de oração. Sempre iniciamos às 7h com a Adoração Eucarística; os momentos de plenário são intercalados por preces e canções e ao final da tarde temos nossa missa diária.
Na terça-feira, dia 19 de maio, iniciamos propriamente os trabalhos capitular testando o complexo sistema de votação eletrônica de nosso auditório no subsolo da Vila Aurélia, nosso hotel anexo ao Colégio Internacional. Em seguida Pe. Ornelas, Superior Geral, pronunciou seu discurso oficial de abertura. Lembrou que nossos trabalhos teriam estes três momentos: 1) Ver a situação atual da Congregação; 2) eleger o novo Governo Geral e 3) programar o próximo sexênio. Revelou também que teremos alguns eventos especiais. Destacou três: visita a Frascati (27.05), visita a Subiaco (30.05) e audiência com o Papa Francisco (05.06). Na sequência se procedeu o “jus sedendi”, ou seja, a chamada dos presentes e verificação da identidade legítima de todos e de cada um dos capitulares. A tarde deste primeiro dia foi ocupada pelo relatório do Superior Geral. Pe. Ornelas apresentou o texto escrito e por três horas destacou algumas coisas que julgou mais relevantes. Basicamentemostrou que este governo se guiou pelas linhas indicadas pelo 22º Capítulo Geral que teve como tema “Caritas Christi Urget nos”. Indicou que foram eleitas três prioridades: espiritualidade, vida fraterna e missão. Temas como a formação, a reflexão teológica, a reestruturação do Centro de Estudos, a revitalização das comunidades locais, a solidariedades no uso dos bens, a autonomia financeira das entidades, o impuso missionário e o trabalho com os jovens e as vocação receberam atenção e estratégias especiais. Em seguida descreveu o serviço do Governo Geral e quais as realizações os desafios encontrados. Lembrou que foram eleitos cinco conselheiros, mas a nomeação de Pe. Cláudio Dallazuana para bispo em Moçambique obrigou a realizar todos os trabalhos com quatro conselheiros. Destacou que maus do que um grupo de trabalho o Governo Geral procurou formar um comunidade dehoniana. Isto consistiu em encontros regulares de trabalho e oração. Cresceram em amizade. Pede que se reflita melhor sobre as atribuições do Vigário Geral, figura criada no capítulo de 2009. Lembrou também a sempre maior integração do ecônomo geral ao âmbito de governo e não somente a administração de bens. Pe. Ornelas seguiu sua longa e detalhada exposição indicando destaque nos trabalhos deste governo desde as visitas regulares às entidades até os trabalhos mais burocráticos de administrar as diversas comissões. Indicou os diversos setores da vida da congregação que foram atendidos, passando pela espiritualidade, formação, Justiça e paz, partilha de bens, educação, missões etc. Em seguida discorreu sobre o fato de sermos uma congregação em tempo de mudança. Para ilustras esta realidade fez uso de uma série de estatísticas. Atualmente somos 2.136 membros comum uma média de idade de 52,5 anos. Somos mais jovens que há seis anos. Porém constata-se uma diminuição dramática nas entidades do hemisfério norte e um vertiginoso crescimento no hemisfério sul. Revelou que 20% dos dehonianos estão fora de sua província de origem. Isto é um indicador missionário. Porém 73% dos missionários ainda são europeus o que torna fácil prever uma situação complicada para o futuro. Temos 482 dehonianos na América Latina dos quais 231 estão na BSP. Somos a segunda maior província da congregação, atrás somente da Polônia, com 251 membros. Terminou provocando o capítulo com algumas “visões e perspectivas”. É preciso discernir a direção para onde o Espírito nos leva. Com certeza será necessário implantar a “cultura da misericórdia” em diálogo com o mundo de hoje. A comunidade religiosa surge como uma “escola de misericórdia” onde exercitamos este “sair” de si em direção ao outro, êxodo típico dos misericordiosos. Termina agradecendo emocionado a todos do atual governo geral e à toda a Congregação pela confiança depositada.
Na quarta-feira, dia 20 de maio, iniciamos os trabalhos de grupo utilizando a criativa dinâmica proposta por especialistas da ESIC. O objetivo era retomar e apreciar o relatório do Superior Geral. Na parte da tarde foi a vez de ouvirmos o relatório do Ecônomo Geral, Pe. Aquilino. Munido de toda a documentação comprobatória, ouvimos detalhadamente a situação financeira e administrativa da congregação. Em seguida ouvimos auditores externos que confirmaram que estamos em uma situação tranquila, porém as entidades precisam criar o hábito do planejamento e da prestação de contas em tempo hábil.
Na quinta-feira, dia 21 de maio, seguindo a mesma dinâmica utilizada anteriormente, retomamos e avaliamos o trabalho do ecônomo geral e sua equipe. No plenário foi possível ouvir a sensibilidade dos grupos que indicaram prospectivas. Em seguida o relatório foi votado e aprovada com animada salva de palmas. Ainda hou tempo na tarde desta quinta-feira para fazer uma primeira leitura do Instumentum Laboris após sintética apresentação da comissão preparatória. À leitura pessoal seguiu-se um trabalho de grupos mistos onde se fez uma partilha inicial e quase informal. Ainda houve tempo para ouvir o relato da Província EUA a as palavras do Reitor do Colégio Internacional, Pe. Léo Heck.
A sexta-feira, dia 22 de maio encerra a primeira semana deste Capítulo Geral co uma reflexão e partilha sobre nossas estruturas de governo e a primeira sondagem de nomes para o próximo Governo Geral. Feito isso teremos o final de semana livre para repouso, reflexão e oração. A segunda semana trará seus desafios próprios e exigirá grande discernimento para escolher aquele que exercerá a missão de servo maior em nossa congregação. Contamos com a prece de todos os confrades para este momento tenso e intenso. É palavra corrente entre todos nós que participar de um Capítuo Geral é cansativo, porém significa uma graça inesquecível na vida de um religioso dehoniano. Todos os dias vemos a congregação viva diante de nós, com todas as suas cores e línguas, culturas e sensibilidades.
Pe. João Carlos Almeida, scj.