PADRE DEHON EM VISITA A SANTA CATARINA (5)
05 de Novembro: Partida às 6 horas. Estrada muito ruim, especialmente para um doente. Somos sacudidos como o grão na peneira. Uma enorme serpente em cima de uma parreira. Paisagens soberbas: belas matas virgens onde se pode admirar os caprichos da natureza e suas possantes energias.
Refeição em Jaraguá; panorama alpestre, hotel confortável, digno da Suíça. Suponho que os ricos colonos de Blumenau vêm aqui para o veraneio. Queria ter um mês para ficar aqui. Jantar com um engenheiro de estrada de ferro, que nos conta sua esperança de levar a obra a bom termo em dois anos. Vemos na estrada animais selvagens que entram no mato à nossa aproximação, notadamente antas e porcos do mato. À noite paramos no Hermann Mathias, queda d’Água, um moinho e uma serraria. Uma bonita madeira vermelha é transformada em tábuas. Próximo ao albergue são feitos os preparativos para corridas de cavalo aos domingos.
05 de Novembro: Longa viagem de 60 quilômetros em viatura. Sempre uma bonita estrada de montanhas. Desviamo-nos da vertente do Itapocu em direção ao do Itajaí. Aproximando-nos de Blumenau encontramos fazendas bem cuidadas e melhor organizadas, com sebes de laranjeiras e limoeiros. Em Rio do Testo (Pomerode), deslizam velozes cascatas. Ali perto visitamos um proprietário alemão, católico, muito conhecido de nossos missionários. Seus bons filhos gostam de minhas imagens. Fomos recebidos amavelmente. Uma cobra comprida esticada na estrada.
Boa recepção nos franciscanos de Blumenau. Possuem uma casa grande com uns sessenta religiosos, na maioria alemães. Têm escolásticos, uma escola profissional, uma escola clerical; é a casa central deles na região. Prestam grandes serviços à diocese, atendendo a seis ou sete paróquias. O P. Celso e o P. Kaufmann foram muito afáveis para conosco. Esses padres encontram sua subsistência no Brasil, nos donativos e rendimentos de seus trabalhos. Possuem oficinas, uma tipografia, uma tecelagem e culturas. Eles introduziram a tecelagem de lã no Brasil. Fazem as suas vestimentas de lã, como as Irmãs da vizinha paróquia de Nova Trento introduziram a criação do bicho de seda e a tecelagem da seda. Estas indústrias terão seu desenvolvimento no Brasil. Os padres dirigem o círculo operário São Jose. As Irmãs da Divina Providência mantêm a escola para moças. É uma paróquia bem organizada.
O centro colonial, no começo, desenvolveu-se com dificuldades. Foi fundando em 1852, nas margens do Itajaí, pelo colono alemão de quem
traz o nome. Sustenta-se, graças aos subsídios do governo. Agora está progredindo e as estradas se estendem pelos arredores através de uma rica planície semeada de moinhos e fábricas. Barcos a vapor sobem e descem o rio Itajaí, mas a colônia também aproveita o porto de Nova Trento, onde residem muitos alemães. Como em todas as colônias alemãs, são numerosos os protestantes, que dominam o centro do povoado.
Circular SCJ – 15 anos de BSP e BRM.