SABERES E SABORES DE GRATIDÃO
Amor com Amor se Paga!
Eis uma lenda que narra a estória de um costume apache. O filho levava o pai a um “campo santo” no qual os velhos eram deixados para morrer, quando não conseguiam mais caçar e se tornavam um peso para a aldeia.
Certo dia, um jovem guerreiro percebendo que o seu pai não tinha mais condições de caçar nem de se manter sozinho (muito a contra gosto, pois amava muito seu pai), arrumou um grande alforje contendo todos os pertences do seu pai, alguma comida e seus aparatos de caça e guerra para levá-lo ao “campo santo”.
Empreenderam a viagem e, ao chegar lá, o filho colocou o seu pai numa tenda, arrumou todas as suas coisas e deu-lhe um cobertor novo, muito grande, muito felpudo e muito bem feito.
Disse então a seu pai: “Esse é o melhor cobertor que um Apache pode ter e por isso é seu, pois você foi o melhor pai que um Apache pode ter”.
O velho pegou sua faca e cortou o cobertor ao meio. Feito isso, dobrou uma das metades do cobertor e devolveu-a ao filho e lhe disse: “Não preciso de um cobertor tão grande e por isso peço-lhe que guarde essa outra metade porque o seu filho pode não ser tão generoso com você como você está sendo comigo”.
O jovem guerreiro não conteve a emoção e julgou-se o maior ingrato do mundo por retribuir tudo de bom que o seu pai lhe havia feito, com o abandono, pois mesmo sabendo que estava sendo abandonado, o pai ainda se preocupava com ele.
Assim, levou o velho pai de volta para a aldeia e, a partir daquele dia, os velhos da aldeia não mais foram lavados para serem abandonados a morrer. Eles, agora, constituiriam um conselho de anciãos que colocariam a sua experiência de vida para serem aproveitadas nas decisões daquele povo.
Desde essa época até hoje, quem decide o destino do povo Apache é um conselho composto pelos mais antigos, experientes e sábios, membros da aldeia.
Cf. Lendas da Alma Selvagem (http://hallai-hallai.blogspot.com).