MEMÓRIAS DE NOSSA HISTÓRIA
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
5.4. Antigo Conventinho
5.4.1. A cozinha
Para quem entrasse no “sobrado dos padres”, ao lado esquerdo ficava a cozinha. Construída pela primeira comunidade religiosa nos primeiros tempos da chegada à Chácara, no bairro do Areão. Adjacente à cozinha, ficava o refeitório para os empregados. Praticamente ligado à cozinha, existia um rancho para a lenha. E, ao lado deste, modesta construção onde funcionava o forno, no qual os irmãos e fratres exerciam o nobre ofício de padeiro.
.4.2. A Vila Netinha
A história da “Vila Netinha” se perde um pouco na noite do ignoto. O que se sabe é que era uma das construções mais antigas, depois do “sobrado dos padres”. Provavelmente, como atestam algumas testemunhas, esse pequeno semi conjunto residencial foi construído pelos próprios fratres (sob a liderança do então frater Ildefonso Beu) a partir das férias de dezembro de 1934. Ao todo eram quatro quartos, além de outras dependências para guardar objetos, tipo de depósito. Aí residiam os fratres e os irmãos. Entre esses quartos havia ainda um pequeno quarto que mais tarde veio a servir de alfaiataria do irmão Cláudio Mallmann. Mais tarde, por respeito à antiguidade, essa pequena construção foi carinhosamente chamada de VILA NETINHA. Desde 5 de fevereiro de 1945, o inquilino mais famoso na história da Vila Netinha e do Convento é o sr. Izaltino que ali vive há 52 anos. Precisamente o quarto onde mora atualmente o sr. Izaltino, é a parte original dessa antiga residência dos fratres. Portanto, temos aí uma verdadeira “relíquia” da famosa Vila Netinha. Durante o reitorado do padre Murilo Krieger (1974-1979), o antigo prédio foi reconstruído e parte dele tornou-se garagem {Entrevista com padre Roque José Schmitt (Taubaté, em 1993); Carta de padre Winkelmann (Rio de Janeiro, aos 18.6.1993); Carta de padre Aloísio Boeing (Nereu Ramos, 24.8.1993)}.
5.4.3. Os pavilhões
5.4.3.1. Ala São Cristóvão
Olhando da parte de cima da varanda do “sobrado dos padres” para o fundo da chácara, a primeira vista dava para o pátio interno, ornado de árvores, principalmente a belíssima Sapucaia, e os canteiros de flores. Em segundo plano, podia ser visualizado o conjunto completo do velho Conventinho com os pavilhões, o picadeiro e a capela. A capela era ligada ao antigo “sobrado dos padres” com uma passarela coberta.
Quase ao lado do pequeno prédio da “Vila Netinha”, começava o primeiro pavilhão, a ala residencial dos fratres, denominado “Pavilhão São Cristóvão”. A necessidade de construir uma ala residencial para os estudantes teólogos foi o principal assunto da primeira reunião do conselho provincial (no Conventinho: 8.11.1934) da recém-criada Província Brasileira Meridional. A discussão sobre a viabilidade da construção dos pavilhões foi retomada na reunião seguinte, a 9 de janeiro de 1935 em Varginha (MG). O grande problema para a execução dessa obra era a falta do dinheiro. Por isso foi solicitada nessa reunião a presença do padre Lacroix. Este padre era conhecido como o andarilho das grandes cidades e esmoler entre os benfeitores, para conseguir o dinheiro para a construção dos nossos seminários {cf. Circular SCJ (nov. 1971), p. 359}.
Essa obra foi iniciada durante o 2º semestre de 1935 e concluída no decorrer do primeiro semestre de 1936, sob a supervisão do padre João Cristóvão Fischer. Daí a denominação de “Pavilhão São Cristóvão”. O cronista do ano registrou o fato laconicamente: “Terminou a construção do “Pavilhão São Cristóvão” com 12 celas ótimas” {Cr. I, fl. 2v; Busarello, op. cit., p. 108}. Os quartos eram separados por um corredor interno que levava a uma ampla sala, destinada para o recreio dos fratres.
5.4.3.2. Ala São José
Em princípios de 1937, sob o reitorado do padre Fernando Baumhoff, foi iniciada a construção do 2ª pavilhão. Na verdade, era a continuação do projeto residencial dos fratres com previsão de mais pavilhões. Para dirigir os trabalhos dessa construção veio o irmão Antônio Büschler, que acabava de fazer a profissão religiosa a 28.2.1937, em Corupá. Esta segunda parte do pavilhão com o nome de “Ala São José” compreendia ao todo 14 quartos, incluindo as instalações dos lavatórios, dos chuveiros e dos sanitários. Presumivelmente esse pavilhão ficou pronto no começo de 1938. Assim a nova ala veio oferecer mais espaço para os estudantes, sabendo-se que, em 1936, o Escolasticado abrigava 16 fratres estudantes. No ano seguinte atingiu-se o número de 20 fratres, incluindo os dois padres que terminavam o 4º ano de teologia. E em 1938, só a comunidade de estudantes chegou a ter 30 fratres.
Esses pavilhões foram construídos pelos próprios fratres que, nos períodos de férias, dedicavam-se mais intensamente ao trabalho {cf. Busarello, op. cit., 108; Circular SCJ (set. 1976), p. 115; Documento Decker, p. 3; Carta de padre Valdemar Goedert (Jaraguá do Sul, aos 12.9.94)}.
5.4.3.3. Ala Nossa Senhora Aparecida
Após termos dado os principais lances históricos das construções dos dois referidos pavilhões: “São Cristóvão” e “São José”, vamos tratar ainda rapidamente do último: “Ala Nossa Senhora Aparecida” que teve seus trabalhos iniciados em abril de 1950.
Para documentar melhor essa última obra, vamos solicitar a intervenção do cronista da casa, que na data de 27.4.50 anotou: “Feitas já as valetas para a construção da ala nova – chegam os primeiros materiais” {Cr. I, fl. 29}.
Alguns dias depois, aos 2.5, o cronista notificava: “Pedreiros iniciam o fundamento da ala nova que liga a capela com a ala ‘São José’. O Revmo. Pe. João Büscher vai custear a construção, pois é ele o ecônomo provincial” {Ib.}.
Dia 18 de junho o anotador registrava a vinda do irmão Antônio Büchler, para terminar a nova ala, já com os muros prontos. Em meados de julho, o homem dos anais informava sobre o andamento geral da obra: “A construção da nova ala vai progredindo sistematicamente bem. Já está debaixo do telhado” {Cr. I, fl. 30v.}.
Em fins de 1950, o cronista lembrava-se de fazer um pós-escrito: “A casa nova ficou pronta em novembro. Foi benta pelo Revmo. reitor (padre Teodoro Becker), numa noite solitária, antes do retiro (1º de dezembro) e à sombra de velas” {Cr. I, fl. 34}.
Esta última ala tinha quatro quartos para os padres professores e visitas. Havia nesta ala, perto do “picadeiro” uma ampla sala de aula. Um corredor externo, bem largo e coberto, ladeava o prédio, dando o acesso aos quartos e à sala de aula. Essa “Ala Nossa Senhora Aparecida” ligava o conjunto dos pavilhões com a sacristia da nova capela (concluída em 1940).
Pe. José Francisco Schmitt, scj.