MEMÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
CAPÍTULO 6
SEGUNDO PERÍODO: DE 1924 A 1969: DA SAÍDA DO SEMINÁRIO DIOCESANO À CONFERÊNCIA PROVINCIAL DE CORUPÁ
6.1. O Noviciado em Taubaté
A história da criação do primeiro noviciado da futura província remonta ao ano de 1928. Em Brusque havia candidatos a irmão religioso e dois para o sacerdócio. A Missão Dehoniana Brasileira não tinha ainda o seu noviciado. Em vista desses vocacionados e outros que estavam em Brusque, padre Storms solicitou ao então superior geral, padre José Lourenço Philippe, a criação de um noviciado.
O governo geral, reunido em Roma aos 8 de junho de 1928, elegeu padre Lourenço Foxius para mestre de noviços {cf. Extraits du cahier des déliberátiones du Conseil. Séan du 8 Juin 1928 (Curia Generalis, Congr. Sacerdotum a S. Corde Jesu – Archivum); Koch, op. cit., p. 81}.
Após a histórica decisão do governo geral, aos 30 de agosto de 1928, padre Pedro Storms, superior regional, reunido com a comunidade religiosa de Taubaté, deu posse solene ao padre Lourenço Foxius, como primeiro mestre de noviços da Congregação no Brasil. Nessa data, os três primeiros candidatos a irmão religioso, os brusquenses Heriberto Gotfried Gartner (irmão Luís), Afonso Engelbert Schlindwein (irmão Afonso) e Egídio José Evaristo Corrêa (irmão Evaristo) iniciaram o noviciado em Taubaté. Foram os três primeiros noviços da futura província dehoniana no Brasil. Eles fizeram sua primeira profissão religiosa em Taubaté, no dia 1o setembro de 1929 {cf. Koch, op. cit., p. 81; Cr. 1. fls. 1-1v.}.
Aos 11 de janeiro de 1929, chegaram a Taubaté os srs. Francisco Schlosser, Jorge Brand, Conrad Rech, José Carvalho e Hans Klug. Os estudantes João Bücher e Henrique Tomás Gasser já estavam aqui desde o dia 16.8.1928. Todos eles iniciaram o noviciado no dia 20 de janeiro de 1929 e professaram no dia 21 de janeiro de 1930 {cf. Cr. 1. fls. 1-1v. Os estudantes Büscher e Gasser fizeram durante o ano de 1928 o estudo de filosofia dirigido pelos nossos primeiros padres na Chácara do Conventinho}.
No dia 3 de março de 1929, os srs. Oscar Gartner (irmão Germano) e Estevão Fischer entraram para o Noviciado e no dia 1o de setembro do mesmo ano foram admitidos aos primeiros votos os irmãos José Evaristo Corrêa {o irmão Evaristo, após alguns anos de religioso, deixou a Congregação. Retornou em 1938, fez o 2o noviciado em Brusque e professou a 6.2.1939 (cf. Necrologium, Volumen I, p. 43)}, Heriberto Gartner e Afonso Schlindwein. Os irmãos Germano Gartner e Estevão Fischer professaram aos 4 de março de 1930. Por falta de candidatos, no restante do ano de 1930 não funcionou o noviciado {cf. Cr. 1. fl. 1v.}. Procedentes de Brusque, a 19 de dezembro de 1930 chegaram cinco postulantes para noviciado: Pedro Schumacher (primeiranista de Filosofia), Carlos Rick (fizera o 6o ano na Escola Apostólica de Brusque), e mais Francisco Corbetta, Honorato Piazera e Arno Honório de Miranda (estes três últimos haviam feito todo o curso seminarístico com os padres da Congregação, no Brasil, entre 1925 e 1930. Esses postulantes ingressaram em o noviciado aos 14 de fevereiro de 1931. A eles juntou- se ainda outro noviço para irmão, que tomou o nome de Adalberto. Durante o primeiro semestre do noviciado, padre Lourenço viajou para a Europa. As conferências ficaram ao cargo do superior regional (padre Pedrinho) e Clemente Britzen. A primeira profissão desse grupo ocorreu no dia 15 de fevereiro de 1932 {cf. Cr. 1. fl. 2}.
No ano de 1931, aos 3 de maio, chegava o postulante para irmão, José Modesti. Iniciou o noviciado em 1o de julho, professando aos 2 de julho de 1932, no Seminário de Corupá {cf. Ib.}. Aos 16 de fevereiro de 1932, padre Lourenço e o noviço Adalberto viajaram a Brusque, para onde fora transferido o noviciado que, desde 1928, estivera em Taubaté {cf. Ib.}.
6.2. A Teologia no Convento Sagrado Coração de Jesus. Com esta seção debruçamo-nos sobre os primórdios da vida do Escolasticado de Taubaté. É uma das partes mais difíceis de se escrever. São poucas as fontes disponíveis e as que existem nem sempre são claras.
Retrocedamos um pouco no tempo… Desde o dia 15 de fevereiro de 1920, com a reabertura solene das aulas, os padres do Sagrado Coração de Jesus, como se sabe, foram responsáveis pela direção e organização da vida dos Seminário Menor e Maior, além do Ginásio Diocesano de Taubaté. Sobre os ombros desses padres pesava toda a responsabilidade da formação espiritual, humana e intelectual dos estudantes. Os nossos padres formadores moravam no próprio seminário {cf. Livro do Tombo do Seminário, 1. fl. 14v.}.
Em novembro de 1923 chegava, procedente da Alemanha, a 1o turma de escolásticos. As primeiras crônicas da casa com base nas famosas “folhas avulsas” documentam laconicamente o marco histórico, aos l5 de fevereiro de 1924: “Começam a Teologia aqui no Convento de Taubaté os Revdos. Fratres José Poggel, Paulo Kremer, Alberto Jakobs e Sebastião Rademaker” {Cr. 1. fl. 18v. Conforme o depoimento do cônego padre Benedito Gomes França (nascido a 22.1.1906), esses fratres foram de imediato morar na Chácara dos Padres. O autor entrevistou o referido sacerdote em São José do Barreiro (SP), no dia 1.2.1996}. O cronista lembra-se de anotar que, enquanto o “sobrado dos padres” não estava pronto, os estudantes residiam numa casa de taipa {cf. Cr. 1. fl. 19}.
Em princípios de novembro de 1924, chegavam da Alemanha e iniciavam aqui o curso de teologia os fratres Aloísio Tings, Ambrósio Gies, Lino Heckmann e Augusto Dierker {cf. Cr. 1. fl. 18v.}. É importante ressaltar que as duas primeiras levas de fratres provenientes da Alemanha, vinham concluir aqui o curso de teologia, já iniciado na Europa. É por isso que a primeira turma já era ordenada em 29 de maio de 1926. Em julho do ano seguinte, o segundo grupo retornava à terra natal (Alemanha) para as ordenações.
Pelas crônicas da casa e de acordo com o Livro das Matrículas, a partir do segundo semestre de 1927, não tivemos nenhum estudante de teologia no Conventinho. Por essa razão, no dia 30 de agosto do ano seguinte, abriu-se o noviciado em Taubaté.
O leitor deve estar lembrado do lamentável incidente ocorrido em 1o de agosto de 1924, com a inesperada retirada dos padres scj do seminário diocesano. A partir daquela data, os padres dehonianos deixaram de lecionar naquela instituição, só retornando, como já referimos no Capítulo 5o, em março de 1930. As crônicas da casa, na época, noticiam que, em princípios de março, chegavam da Alemanha os clérigos Francisco Schülkens e Antônio Gotzen. Ambos iniciaram, imediatamente, os estudos teológicos no seminário diocesano, onde lecionavam teologia os padres Britzen e Fischer.
A partir de 1935 as aulas de teologia voltaram a ser ministradas no Conventinho, visto que os seminaristas maiores da diocese tinham ido estudar no Seminário Central do Ipiranga, na Capital paulista. Naquele ano, a nossa comunidade religiosa acolheu mais quatro fratres teólogos: Bruno May, Luís Steiner, Tarcísio Dalcenter e Antônio (Ariovaldo) Boos {cf. Cr. 1. fl. 2v. E mais o depoimento de padre Clemente Maria Dingler (+ 26.3.1997). Este e padre Bernardo Emmendoerfer chegaram em Taubaté, em 1936}.
Aos 8 de fevereiro de 1936, padre Fernando Baumhoff assumia o cargo de reitor do Escolasticado. Precisamente naquele ano fora concluída a construção do pavilhão São Cristóvão possibilitando melhor acomodação para os estudantes. No referido ano de 1936 a turma de estudantes chegou ao número de 16 fratres. 20 foram os teólogos (incluindo os dois padres que terminavam o 4o ano de teologia) no ano seguinte. Em 1938, o número de estudantes chegou a 30. Nesse ano, o Escolasticado de Brusque enviou a Taubaté 14 estudantes. Incluindo os 11 padres do último ano de teologia, o quadro de teólogos chegou a 36 em 1941 {cf. Cr. 1. fl. 2v.}.
Na festa de Santo André de 1938 (30.11), em plena catedral diocesana, o bispo de Taubaté, conferia o sacramento da ordem aos diáconos Clemente Maria Dingler, Teodoro Becker, Fidélis Tomelin, Antônio Broecker e Bernardo Emmendoerfer {cf. Cr. 1. fl. 4}.
Pe. José Francisco Schmitt, scj.