SABERES E SABORES DE LUCIDEZ
O Veredito
Conta uma antiga lenda que na Idade Média um homem muito honesto foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher. Na verdade, o autor do crime era pessoa influente do reino e por isso, desde o primeiro momento, procurou-se um bode expiatório para acobertar o verdadeiro assassino.
O homem foi levado a julgamento, já temendo o resultado: a forca. Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta história. O juiz, que também estava combinado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado que provasse sua inocência. Disse o juiz:
– Sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos do senhor. Vou escrever em um pedaço de papel a palavra inocente e noutro pedaço a palavra culpado. O senhor sorteará um dos papéis e aquele que sair será o veredito. O senhor decidirá seu destino.
Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu “culpado”, de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance de o acusado se livrar da forca. Não havia saída. Não havia alternativas para o pobre homem.
O juiz colocou os dois papéis em uma mesa e mandou o acusado escolher um. O homem pensou alguns segundos e, pressentindo a vibração, aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou-o na boca e o engoliu.
Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem.
– Mas o que o senhor fez? E agora? Como vamos saber qual o seu veredicto?
– É muito fácil, respondeu o homem. Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei engolindo o seu contrário. Imediatamente o homem foi libertado.
Alexandre Rangel, org. (https://pt.slideshare.net/ricmoreira5/as-mais-belas-parabolas-de-todo-alexandre-rangel-61073664)