RETIRO E VOTOS DOS FRATRES DA BSP
Entre Abarés e Conventinho, o Mistério de Deus com carinho!
Dia 02 de fevereiro, a maioria de nós, fratres da teologia, havíamos chegado no dia anterior em casa, no Conventinho, e já estávamos de partida novamente. Nosso destino era a Chácara dos Abarés, um lugar que muitos conheciam só de ouvir falar, onde teríamos o nosso retiro anual e nos prepararíamos para renovar nossa profissão religiosa. Também participaram do retiro os fratres tirocinantes, Giovane e Renan, e o seminarista Natanael.
A chuva que caía sobre São Paulo era intensa e nos acompanhou não apenas na viagem, mas esteve conosco praticamente por toda a semana. A chácara dos Abarés estava muito bem preparada para nos receber e mesmo sendo grande, seus caminhos convergem e sua estrutura ajudou-nos a viver uma cultura do encontro.
Não houve nada demais no retiro, as pregações do P. Ronaldo Neri mantiveram-nos com os pés firmes no chão e com os corações elevados. Desde o início fomos confrontados com nossas hipocrisias e com os riscos que há em falsear a própria existência. Pode parecer que foi algo moralista, mas definitivamente não o foi.
A cada instante éramos instigados a abrir-nos à Misericórdia e a sermos misericordiosos. A visão sobre os pecadores não deve ser condenatória; afinal de contas, em Jesus encontramo-nos com um Deus vingador ou com um Deus perdoador? Vimos que somente uma relação com um Deus reconhecido como amoroso e misericordioso enfraquecerá as estruturas de pecados e liberta-nos.
A pedagogia divina foi fantástica! No início, com o tempo chuvoso e com as pregações da índole que foram descritas acima, fomos levados a introspecção, a realizarmos um exame de consciência que não listava nossos pecados, mas o quanto estávamos falseando a nossa existência e alimentando a imagem de um Deus moralista e condenador. À medida que fomos nos abrindo para uma nova visão de Deus, o sol raiou, o tempo melhorou e assim fomos conduzidos ao segundo momento de nosso retiro.
É preciso partir de Cristo, é preciso caminhar. Não há conversão instantânea. Conformar nosso coração ao Coração de Jesus é um processo, uma caminhada, que parte de Cristo e leva-nos a encontrarmo-nos com o Cristo em nós e no outro. Essa caminhada na vida religiosa nunca é solitária, por isso é preciso abrir mão de projetos demasiadamente pessoais e abraçar a vida fraterna em comunidade, a vida comunitária é a terapia para os males no e do mundo.
Há muito mais a ser partilhado sobre o retiro, mas acredito que essa amostra já seja o suficiente para ilustrar o quanto o retiro levou-nos a renovar a nossa “dehoneidade”.
Na sexta, dia 07, retornamos para o Conventinho. Os fratres da BSP do quarto ano prepararam a casa para acolher-nos e a liturgia da Missa na qual renovamos nossa profissão religiosa. A missa foi animada pelos seminaristas da filosofia.
Em seguida tivemos um jantar festivo com todos religiosos e seminaristas, foi um momento de partilhar a alegria que deve fazer parte da identidade de cada religioso, colocamos a prosa em dia e iniciamos o ano bem animados para os estudos e trabalhos desse ano de 2020.
Fr. Filipe Henrique de Araújo SCJ (3º Ano de Teologia).