Memórias da nossa História
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
8.3.8. Irmão Antônio Büchler
Irmão Antônio nasceu em Rosenberg (Baden), Alemanha, aos 5.2.1899. Sua profissão era carpinteiro. Na Alemanha trabalhava em uma construtora que aceitou serviço no Brasil (Pernambuco
e Bahia). Não podendo suportar o calor, veio para Joinville, no Sul. Participava das missas na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, porque aí a homilia era feita em língua alemã. Conheceu padre Augusto Weicherding. Este, um dia o levou a Corupá. Foi assim que ele decidiu fazer-se religioso scj. Fez a profissão religiosa a 28.2.1937, em Brusque.
Possuía vasta cultura. Era exímio conhecedor da História, Economia e Política. Os professores do Colégio Dehon, em Tubarão (SC), onde trabalhou por diversos anos, consultavam-no muitas vezes.
Irmão Antônio acompanhou atentamente o desenrolar do Concílio Vaticano II lendo revistas e livros. Tinha o hábito de perguntar em tom de quem não sabe e, depois, corrigia quem lhe respondia, mostrando que sabia muito mais do que o interrogado. Conta-se que ele encaminhava ao bispo de Tubarão as suas sugestões referentes à reforma da Liturgia e Pastoral, com a participação dos fiéis leigos. Para essa reforma litúrgica, ele sugeriu que ao Pai Nosso devia acrescentar-se novamente: Vosso é o Reino, o poder e a Glória, como o concluem os luteranos. Outra sugestão foi a resposta da assembleia à saudação do celebrante: O Senhor esteja convosco devia ser: contigo também! O fato é que com ou sem o irmão Antônio, a Liturgia introduziu essas duas inovações.
Irmão Antônio esteve em Taubaté, em três períodos: por ocasião das construções dos dois pavilhões e da capela do antigo Conventinho. Era o carpinteiro e construtor oficial da província. Era um grande asceta. Muito caridoso, quando viveu em Tubarão tomou o propósito de cada ano mobiliar uma casa de família pobre. Além disso, tinha sempre um “dinheirinho” para os pobres. Passou os últimos anos de sua vida em Lavras (MG), no Colégio Aparecida. Conta-se que nos festejos do centenário daquela cidade, ele estava gravemente doente. Quatro bispos foram ao Colégio para dar a bênção ao irmão enfermo. Padre Sérgio Hemkemeier já lhe ministrara a Unção dos Enfermos. Após alguns minutos, irmão Antônio disse: “Obrigado a todos! Agora vocês podem ir, morrer posso sozinho”. Morreu em Lavras, no dia 10.9.1976. Foi sepultado no cemitério do Conventinho {cf. Crônicas Decker, p. 7; Crônicas Prost, p. 4; José Fernandes, op. cit., pp. 58-59}.
8.3.9. Padre Fernando Baumhoff
Nasceu aos 16.2.1881, em Attendorn-Helden (Sauerland), Alemanha. Esteve no Brasil por três períodos, o primeiro dos quais entre 1908 e 1914. Voltou para a Alemanha, durante a 1ª Guerra mundial, por convocação. Retornou ao Brasil de 1919 a 1929. Outra vez partiu para 10
Abrindo Espaços e Criando Laços!
a Alemanha de onde voltou em 1933 e ficou até o fim de sua vida. Padre Fernando foi vice-reitor do Seminário Diocesano de Taubaté. Entre 1934 e 1938 foi conselheiro provincial da BM acumulando, ainda, as funções de secretário provincial. No Conventinho foi reitor desde 1936 a 1942. Foi também pároco de Lavras.
Era um homem alegre, chistoso, gostava de contar piadas, pois queria aula animada. Estava sempre disposto para auxiliar nas paróquias. Sabia cativar. Falava bem o português e era bom pregador.
Como superior era benquisto pelos súditos. Justo, compreensivo e brincalhão. Foi formador nos conventos de Taubaté e de Brusque. Não obstante todas essas virtudes, recorda-se o seguinte episódio. Padre Fischer aconselhava aos fratres em Taubaté usar o barrete. Certo dia, padre Fernando entrando no refeitório e vendo os fratres com barrete, ficou irritado e gritou: Tirem a mitra.
Exerceu o ministério pastoral em diversas paróquias da província. Dedicou os últimos anos de apostolado ao povo de Formiga. Faleceu nessa cidade aos 30.11.1955 {cf. Crônicas Decker, p. 1; Crônicas Prost, p. 1; José Fernandes, op. cit., pp. 72-73}.
Pe. José Francisco Schmitt, scj