SABERES E SABORES DE ESCOLHER
A Porta Negra
Há algumas gerações atrás, durante uma das mais turbulentas guerras no Oriente Médio, um general persa capturou um espião e o condenou à morte. O general, um homem de grande inteligência e compaixão havia adotado um estranho costume em tais casos. Ele permitia ao condenado que escolhesse. O prisioneiro podia enfrentar um pelotão de fuzilamento ou podia atravessar a “porta negra”.
Um pouco antes da execução, o general ordenou que trouxessem o espião à sua presença para uma breve e final entrevista, sendo seu principal objetivo saber qual seria sua resposta: o pelotão de fuzilamento ou a “porta negra”. Esta não era uma decisão fácil e o prisioneiro vacilava e preferia, invariavelmente, o pelotão ao desconhecido e aos espantosos horrores que poderiam estar por detrás da tenebrosa e misteriosa “porta negra”.
Momentos depois, se escutava o rajar das balas que davam cumprimento à sentença. O general, com os olhos fixos em suas bem polidas botas, voltava-se para o seu ajudante de ordens e dizia:
– Eis ali o que é o homem, prefere o mal conhecido ao desconhecido. É uma característica dos humanos temer o incerto. Você vê, eu disse a ele para escolher.
– Afinal, o que existe atrás da “porta negra? Perguntou seu ajudante de ordens.
– A liberdade, respondeu o general, e poucos têm sido os homens que tiveram o valor de decidir-se por ela.
“Aquilo que pedimos aos céus, muitas vezes se encontra em nossas mãos” (William Shakespeare).
Ana Cláudia, Parábolas (https://pt.slideshare.net/aclmoraes/parbolas).