Palavra de Padre Dehon
Quarta Meditação: Nosso Senhor Jesus Cristo é o único Sacerdote do Pai desde a encarnação e por toda a eternidade (1)
Se Nosso Senhor era o único sacerdote eterno, o único sacerdote prefigurado pelo sacerdócio e pelos sacrifícios do Antigo Testamento, é ainda mais manifestamente desde a Encarnação, o único sacerdote verdadeiro, do qual os outros sacerdotes não são senão e sombra e os representantes.
Ele é o único sacerdote, porque o sacrifício que Ele ofereceu toda a sua vida, que consumou sobre a cruz e que continua, sem o repetir, no céu e sobre o altar eucarístico, é uma ação que respondeu e que responde para sempre a todos os fins da Encarnação.
1. O sacrifício de Nosso Senhor é suficiente para a glória do seu Pai
Quais são os fins da Encarnação? Do lado de Deus, a sua glória; do nosso lado, a nossa salvação. Ora, o sacrifício de Nosso Senhor atinge perfeitamente e definitivamente este duplo fim.
A glória de Deus é uma adoração, um louvor, um amor, uma ação de graças, uma súplica, uma expiação, dignas de Deus, dignas da sua Majestade, da sua Santidade, da sua Bondade, da sua soberana Justiça. Esta honra, esta satisfação, Deus as recebe plenamente do Coração sacerdotal do seu divino Filho: “Por Ele, com Ele e n’Ele, diz a santa liturgia, Deus recebe toda a honra e toda a glória”.
O Senhor mesmo tinha anunciado pelo profeta Malaquias que colocaria toda a sua complacência e encontraria toda a satisfação no único sacrifício do seu Filho: “A minha afeição não está em vós, diz aos Israelitas infiéis, e não receberei mais ofertas da vossa mão; porque desde o nascer ao pôr do sol, o meu nome é grande entre as nações, e uma oblação pura é sacrificada e oferecida ao meu nome em toda a parte” (Ml 1,11).
“Tudo o que Deus pode querer, exigir, desejar mesmo de uma criação, a saber: a religião, a reverência, a gratidão, a obediência, a dileção, independentemente de tudo e em primeiro lugar tem tudo isso no seu único Jesus” (Mgr. GAY, Deuxième élévation sur la vie et la doctrine de N.S.J.C.).
O sacrifício divino e adorável do Calvário atinge, portanto, perfeitamente o primeiro fim da Encarnação que é a glória de Deus; atinge-o também definitivamente.
Depois deste divino sacrifício, não há nada que possa acrescentar seja o que forà glória, à honra e à satisfação de Deus. A criatura resgatada deverá sem dúvida ser consagrada a esta glória, a esta honra; mas não poderá dar satisfação a Deus a não sertomando de empréstimo o valor infinito do sacrifício do Calvário. O que fizesse não teria valor sem isto.
Somente o Coração de Jesus, sacerdote e vítima, dá a Deus sem medida a glória que lhe é devida.