Palavra de Padre Dehon (E&L 66)
Sexta Meditação (2): No sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo é preciso, sobretudo considerar o seu Coração.
3. Este sacrifício de amor é incessante e perpétuo
Compreenderemos ainda melhor o amor do Coração sacerdotal de Jesus por nós, observando como o seu sacrifício é espontâneo, contínuo, universal.
É inútil discutir se a ordem de Deus Pai precedeu a aceitação do Filho. Estes dois atos são antes simultâneos. As diversas pessoas da Santíssima Trindade desejavam igualmente o fim a alcançar, que era a glória divina a reparar e a salvação dos homens. Deus Pai pedia o sacrifício do seu Filho e o Filho oferecia-se ao seu Pai. Nosso Senhor diz ao seu Pai: “Não quisestes sacrifícios da Antiga Lei, destes-me um corpo, e Eu disse: Eis-me aqui para fazer a vossa vontade” (Hb 10,5.8).
O Coração humano de Jesus entrou imediatamente em todas as disposições do Verbo, consentiu em todas as humilhações, em todos os sofrimentos, na morte da cruz. Imensos deviam ser estes sofrimentos, mas o amor com que estava inflamado era tão grande que a todos de longe ultrapassava.
Esta oblação feita por Jesus desde o primeiro instante, este desejo do sacrifício para a honra do seu Pai e por nosso amor, esta atitude de sacerdote e de vítima nunca cessou um instante. Vítima designada, não vivia senão para morrer. Está no presépio aguardando o Calvário. Nos braços de sua Mãe, aspira com ardentes desejos pelo dia em que será pregado nos braços da cruz.
O pensamento do seu sacrifício não o deixa nem durante o trabalho, nem durante o sono. No Tabor, fala destas coisas com Moisés e Elias. É a disposição constante do seu Coração, e atém-se de tal modo a este caráter de sacerdote e a esta atitude de vítima, que os conservará na Eucaristia e no céu, onde os santos O adoram como um Cordeiro imolado.
Ele é Profeta, é Pastor, é Mestre, é Taumaturgo, mas é acima de tudo sacerdote e vítima. Este é o sentido do seu Ecce venio. Seria necessário que esta fosse também a disposição de todo o sacerdote da lei nova.
Ó meus irmãos no sacerdócio, excitemos nos nossos corações um amor de Jesus muito intenso para estarmos prontos a nos sacrificarmos por Ele e pelas almas.