ASSUNÇÃO DE MARIA, NARRATIVA ALTERNATIVA
Certo dia, perguntaram a Michelangelo que esculpiu a famosa Pietá (Piedade), na Basílica de São Pedro, porque tinha feito a mãe de Jesus com a feição bem mais jovem que a do filho. Ao que ele respondeu: “Porque as almas em dimensões transcendentais permanecem jovens para todo o sempre.” Este introito para falar da Assunção de Maria aos céus. Assunção levada pelos seres angélicos. Cristo e sua mãe não poderiam conhecer a corrupção da carne depois da morte. Eles ressuscitariam das dores. Das perseguições e ela das 7 espadas de dor que atravessaram seu coração com o filho morto em seu colo.
Costumo dizer que foi legado às mães e filhos cinco mundos a conhecer harmonicamente durante a infância dos filhos. São os mundos dos sentidos. O mundo da visão, o do tátil, o do olfativo, do auditivo e do paladar.
No primeiro mundo, a visão. Jesus – Menino vê um rosto amigo inclinando-se sobre um berço de palha. Era o rosto de Maria, sua mãe. Percebia seus contornos faciais. O brilho do olhar maternal. Seu sorriso aberto. Os cabelos emoldurando-lhe o rosto…
O segundo mundo é o tatear. Sentir na pele o carinho da mãe. O beijo, o aconchego quentinho do colo na hora do acalentar seu corpo contra o peito nas horas inquietas…
O terceiro mundo é o do olfato. Este que abrange os cheiros do ambiente. Da mirra feito incenso após o banho, o cheiro da pele da mãe…
O quarto mundo é o do paladar. Jesus – Menino abarca o gosto do leite no momento que Maria O amamentava.
No entanto desses mundos o mais relevante é o auditivo. Só ele sobreviverá aos tempos. É o mundo sonoro. É pura poesia!
Já o dizia Apollinaire escritor italiano: “Toda a poesia é material encantada”. E a linguagem da Virgem Maria nunca renunciará a sua dimensão poética e transcendental. E Jesus nunca esqueceu esse mundo sonoro. Ele cresceu, ficou quarenta dias no deserto… Saiu por outros lugares em missão evangelizadora. Podia até parecer que virava as costas a sua mãe. Que a abandonava… Ah! Mas o canto de berço esse que surge como acalanto de caixinha de música… “Berceuse” para homens sérios. Esse, Jesus nunca esqueceu. Poesia pura, dom de Mãe que impulsionou Jesus a levá-la em corpo e alma para glorificá-la nos céus e jamais experimentar a corrupção da matéria após a morte. Por isso mandou-lhe anjos para levá-la. E ficar a seu lado.
Carmen Novoa Silva (http://www.a12.com/academia/palavra).