Concílio Vaticano II e Papa Francisco
Uma sombra na Comunicação do papa Francisco?
Há uma sombra perigosa na euforia em torno da Comunicação do papa Francisco. Uma sombra na mal disfarçada e equivocada decepção pelo viés “conservador” com que se interpretam as suas posições doutrinais.
O papa é taxado de “conservador” sempre que se posicionar em defesa da doutrina e da moral da Igreja: na questão de aborto, por exemplo. Na verdade, chamá-lo de conservador nesta doutrina não deixa de ser um elogio inesperado. Porque, se conservador for a pessoa que conserva com o cuidado de não alterar nada, brindá-lo assim é reconhecer que o papa não faz concessões. Isto é, não cede, porque, sua missão na Igreja, é a guarda do chamado “depósito/patrimônio da fé”.
Como autoridade suprema, está sob sua responsabilidade exercer a função para que a Igreja foi fundada por Jesus Cristo. A Igreja de Cristo é responsável pela garantia da integridade da fé e para ser a mestra da fé. Não é fiel o papa que não se responsabilizar pela conservação de tal patrimônio e da sã tradição das comunidades da Igreja.
Não se pode esquecer, porém, que o papa Francisco mantém sua Comunicação clara, corajosa, firme, profética e respeitadora do diferente em suas tomadas de posição em questões polêmicas. Por isso merece o respeito que ele também dá no trato dessas questões. E foi até premiado com a personalidade mundial do ano!
Não se confunda o esforço de atualizar a Igreja para melhor servir ao mundo com a ânsia de hoje para se tornar atualizado sacrificando a verdade ou relativizando o que é perene. Fidelidade é saber e conseguir distinguir entre atitudes populistas com convicções de fidelidade ao que se acredita e se vive porque acredita.
Recentemente o Ano da Fé propiciou a rever das convicções sobre as quais fundamentamos nossa fé. A razão principal da fé é conhecer para aderir à fé de Jesus Cristo.
A fé de Jesus significa que ele concordou e aceitou e aderiu totalmente o projeto do Pai para a salvação da humanidade; e viveu toda a sua vida de acordo com a missão que ele livre e voluntariamente se comprometeu. Nada fez ou deixou de fazer que contrariasse a vontade do Pai.
Aí está a importância de confrontar nossa fé com a fé de Jesus. Hoje, está cada vez mais difícil dar as razões da nossa fé sem nos tornarmos “conservador”, mas testemunhando nossa fidelidade ativa. Não nos perguntam no que acreditar, mas como vivemos a fé na qual acreditamos.
Não sou eu que questiono a fé. É a fé que me questiona sobre como eu vivo, no mundo, a adesão a Jesus Cristo e ao seu projeto de salvação.
Pe. Augusto César Pereira SCJ.