CONVENTINHO DE TAUBATÉ. OS DEHONIANOS NO VALE DO PARAÍBA
1.4.2. (Taubaté) Elevação à Vila
Dado ao seu local privilegiado e ao desenvolvimento alcançado, não tardou para que o povoado fosse elevado à categoria de VILA. Esse evento aconteceu por provisão de 5 de dezembro de 1645. A Vila recebeu a designação de SÃO FRANCISCO DAS CHAGAS DE TAUBATÉ, que mais tarde passou a ser o padroeiro da cidade. O nome foi escolhido pelo próprio Jacques Félix. Com a Vila se constituiu o primeiro núcleo oficial na região valeparaibana.
A Vila alcançou logo grande desenvolvimento econômico. Muitas famílias se dirigiram à primeira povoação do Vale do Paraíba, em busca de espaço nas suas terras férteis e atraídas por metais preciosos. Além disso, por ser passagem obrigatória entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, TAUBATÉ tornou-se um ponto de convergência dos bandeirantes {cf. Maria M. de Abreu, op. cit., p. 20}.
1.4.3. O ciclo do ouro
O primeiro descobridor de ouro nos sertões de Minas Gerais, em 1693, foi Antônio Rodrigues Arzão. A descoberta desencadeou a corrida do ouro. Com o acentuado aumento da extração do minério, o governador do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, dom César Antônio Pais de Sande, em 1695, por decisão do soberano português, determinou que houvesse uma fundição na Vila de Taubaté. Para esta fundição deveria ser levado todo o ouro extraído. Cabia à Casa de Fundição de Taubaté fundir o ouro em barras e encaminhá-lo aos destinatários.
A criação da Casa de Fundição de ouro na Vila de São Francisco das Chagas deu o início de um grande desenvolvimento para a região taubateana. Durante o surto do ouro, Taubaté “era às vezes considerada como 2ª sede da Capitania de Itanhaém, pelo fato de ter a honra de hospedar por muito tempo, o Governador e Ouvidor de Itanhaém, que ali permanecia, devido ao serviço de mineração” {cf. Ib., op. cit., p. 30}.
1.4.4. TAUBATÉ, fundadora de cidades
A fundação de Taubaté foi pensada não só pela necessidade de colonizar o corredor do Paraíba. Também se objetivava criar uma base propícia à entrada, além-Mantiqueira, para o interior de Minas Gerais. Este, a partir da expedição de Brás Cubas, no princípio da década de 1560, já se previa rico em metais preciosos.
De fato, a partir da corrida do ouro, Taubaté tornou-se o Núcleo Irradiador de Bandeirismo. Daqui saíram, entre outras, as bandeiras de Antônio Rodrigues Arzão, de Antônio Rodrigues Arzão Filho, de Bartolomeu Bueno de Siqueira, de Carlos Pedroso de Silveira, de Antônio Dias, e de Tomé Portes D´El Rey. Centro irradiador, Taubaté foi ponto de partida para fundação de várias cidades brasileiras.
A propósito, cabe aqui registro de especial título de glória, uma vez que poucas cidades do país têm um passado histórico tão intenso quanto a Vila de São Francisco das Chagas de Taubaté. Desde os meados do Século XVII, seus filhos adentraram os sertões estabelecendo fazendas, admi-nistrando jazidas de minérios e fundando novos povoados.
Entre as numerosas cidades fundadas por taubateanos destacam-se: Mariana, Ouro Preto, Casa da Casca, Dias Abaixo, São João D´El Rey, São José do Rio das Mortes (hoje Tiradentes), Guarapiranga, Aiuruoca, Baependi, Campanha, Delfim Moreira, Formiga, Itabira, Piranga, Pintangui, Pouso Alto, Rio Piracicaba, Itaverava, Serro e Sumidouro (todas no Estado de Minas).
Além dessas cidades mineiras, partiu de Taubaté o impulso fundador das cidades do próprio Vale do Paraíba, como Caçapava, Pindamonhangaba, Guaratinguetá, São Luís do Paraitinga, Redenção da Serra e Tremembé. E, para além do Vale do Paraíba, as cidades de Caçapava do Sul (RS) e da grande Campinas (SP), então conhecida por Vila São Carlos.
Mais tarde, com o declínio do ouro em Minas Gerais, o Vale do Paraíba sofreu as consequências. Deixou de ser a passagem mais importante dos viajantes nessa região que tomaram outra direção, como Mato Grosso e Goiás. As vilas do Vale entraram em decadência.
O ciclo irradiador de Taubaté, portanto, perdurou duzentos anos, da Colônia ao Império. Seguiu-se, então, o período da implantação de fazendas, com a fundação de novos povoados em torno dos senhores de engenhos. Esses desbravadores passaram a representar a força colonizadora pelo Vale do Paraíba, Sertões de Minas Gerais, Região de Campinas e Planalto Central {cf. Ib., op. cit., p. 50; Francisco de Paula de Toledo, História do Município de Taubaté (1877), pp. 57-58; José B. Ortiz, op. cit., Vol. II, pp. 339,357-358}.
Pe. José Francisco Schmitt, scj.