CONVENTINHO DE TAUBATÉ. OS DEHONIANOS NO VALE DO PARAÍBA
1.4.9. Taubateanos ilustres
A história do Brasil ressalta os heróis da Inconfidência Mineira. Tiradentes é apresentado como o grande herói da luta pela independência. Poucas pessoas sabem que dois taubateanos tomaram diretamente parte na Conjuração Mineira. Padre Carlos Corrêa de Toledo e Mello. Foi pároco na paróquia de São José do rio das Mortes, hoje Tiradentes. Teve seus bens confiscados e foi condenado juntamente com outros inconfidentes. Por ser padre sua sentença foi mantida em segredo, conforme ordens reais. Deportado para Lisboa, ali faleceu.
Outro taubateano inconfidente foi Luís Vaz de Toledo Pisa, irmão do padre Corrêa de Toledo e Mello. Residia em São João del Rei, alcançando o posto de Sargento-Mor. Foi condenado à pena de morte na forca, comutada em degredo perpétuo na África onde veio a falecer. Ambos eram filhos de Timóteo Corrêa de Toledo, fundador da capela de Nossa Senhora do Pilar, em Taubaté {cf. Maria M. de Abreu, op. cit., pp. 51-52}.
Taubaté é terra natal de José Bento Monteiro Lobato (1882-1948), expressão maior da literatura infantil nacional. Como escritor, ele é autor de uma vasta obra literária, que se compõe de 44 volumes, que incluem literatura geral. Sua obra não infantil, ocupa um lugar de alta importância na literatura nacional. Monteiro Lobato tornou-se conhecido nacionalmente com a criação de seu personagem “o Jeca Tatu”, no seu livro URUPÊS. É importante ressaltar que “Lobato viu o homem valeparaibano como o homem a ser recuperado e Mazzaropi o envolveu em situações de comédia e drama” {Nélson Pesciotta, “Jeca – O Matuto entra para a Universidade”, in: Jornal ValeParaibano (13.5.1984), p. 8}.
No setor industrial, Félix Guisard, vindo de Teófilo Ottoni (MG), foi um dos pioneiros da indústria valeparaibana. Colocou a CTI, entre as mais importantes indústrias têxteis da América do Sul.
Também o clero taubateano fez história, distinguindo-se no ambiente paulista, impondo-se pela sua capacidade, granjeando a admiração dos fiéis, ganhando prestígio no cenário estadual e nacional. Entre clérigos ilustres taubateanos destacaram-se:
- Frei Antônio de Santa Úrsula Rodovalho (+ 1817), bispo de Angola. Era filho de Timóteo Corrêa e da dona Úrsula Isabel de Mello. Frade franciscano, foi provincial de sua Ordem, grande teólogo, profundo filósofo e pregador régio. Foi confessor da rainha D. Maria I. No entender do historiador frei Basílio Roewer, foi o maior orador sacro da Ordem Franciscana no Brasil.
- Dom José Pereira da Silva Barros (1835-1898). Nasceu em Taubaté, na Fazenda do Bonfim, bairro do Ribeirão das Almas. Foi vigário colado {cf. A denominação vigário colado é empregada para designar o sacerdote que exerce a sua função de forma vitalícia} de Taubaté, deputado provincial, fundador do Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho e do Externato de São José e, consecutivamente, bispo de Olinda e Rio de Janeiro. O Governo Imperial agraciou-o com o título de “Conde de Santo Agostinho”. Essa distinção que lhe foi outorgada a 15.5.1888, teve ainda, além de seus relevados serviços prestados à Pátria, um motivo especial nobilíssimo: sua cooperação ativa na extinção da escravatura. Diversos biógrafos consideram-no como um dos maiores filhos de Taubaté.
- Dom Duarte Leopoldo e Silva (1867-1938), bispo de Curitiba e depois o 1º arcebispo de São Paulo, cabendo-lhe a honra de começar a construção da nova monumental catedral da Sé (a primeira pedra foi por ele lançada em 29.6.1913). Fundou em 19.3.1934 o novo Seminário Central do Ipiranga, promoveu o primeiro Congresso Eucarístico Nacional em 1915, criou vários colégios e faculdades. Deve-se-lhe grande empenho junto à Santa Sé para a criação da diocese de Taubaté. O nome de dom Duarte Leopoldo e Silva lembra o que de melhor o Vale legou para a Igreja no cotidiano regional. Foi dom Duarte, como bispo de Curitiba que, em 1904, confiou as paróquias de Brusque e São Bento do Sul (SC) aos Padres do Coração de Jesus.
- Dom Antônio de Almeida de Moraes Jr., arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife. Foi um dos primeiros alunos dos padres dehonianos no Seminário diocesano de Taubaté. Este bispo foi sempre um grande amigo dos nossos padres e grande admirador do padre Guilherme Thoneick, como teremos oportunidade de ver ainda nesta obra.
- Monsenhor Antônio do Nascimento Castro (1857-1942). Natural de São Luís do Paraitinga. Virtuoso e sábio sacerdote, jornalista, professor e grande orador. Foi vigário geral da diocese de Taubaté durante o episcopado de dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva. Destacou-se no jornalismo como polemista exímio deixando à posteridade diversos livros e inúmeros artigos publicados na imprensa nacional. Foi profundo conhecedor das ciências eclesiásticas. Dedicou-se também aos estudos da História Natural, Meteorologia e Matemática. Aos três de fevereiro de 1920 deu posse aos nossos padres na direção do seminário diocesano.
- Monsenhor Evaristo Campista César (1901-1984), sacerdote de vasta cultura, teólogo e vibrante orador sacro. Durante o episcopado de cinco bispos da diocese de Taubaté, ele foi o cura da catedral. Dedicou sua vida a esta igreja catedral por 59 anos. Foi um dos primeiros alunos dos padres do Sagrado Coração de Jesus, quando esses eram dirigentes e professores no seminário da diocese de Taubaté (1920-1924). Nunca deixou de expressar a sua grande amizade pelo Conventinho {cf. Maria M. de Abreu, op. cit., pp. 50-56, 65, 70, 73-74; Cláudio Bertolli Filho, “Os sacerdotes do Vale e a modernidade”, in: Folha de São Paulo (22.11.1991), p. 7-2}.
Pe. José Francisco Schmitt, scj.