Culto ao Coração de Jesus (2)
Somos chamados para “ser”
Cada vocação beneficia a Igreja toda. Mas, existe um adendo na vida do religioso: ele não se distingue por aquilo que faz, mas por aquilo que ele é. Neste quesito, muitas pessoas não entendem a distinção entre a vocação do sacerdote e a do religioso. O padre tem um ministério (múnus apostólico), isto significa que ele se consagra para um serviço. Isto não quer dizer que o religioso não faz nada, até porque a própria tradição da vida religiosa ocidental está fundamentada no ora et labora (orar e trabalhar) de São Bento, assim, até mesmo os monges, que levam uma vida “contemplativa”, são extremamente ativos, que dirá os religiosos de vida apostólica?!
“A Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus é um instituto religioso clerical apostólico” (Const. SCJ, 8). Por ser clerical, nossos sacerdotes possuem o serviço ministerial (apostólico). Portanto, agimos, mas a nossa definição está naquela opção primeira que assumimos e que nos distingue do clero diocesano, a saber, “ser religioso-profeta”.
Recebemos, pois, de Deus uma vocação profética. Mas, o que é o profeta do Antigo Testamento? É aquele que combate a idolatria. E, nós, religiosos dehonianos, fomos escolhidos por Cristo para combatê-la em nossa própria vida (“profetas do amor” in Const. SCJ, 7).
Os votos que professamos, na verdade, marcam este estilo de vida pautado no combate. Fazendo isto, nos convertemos pessoalmente e damos passos rumo à nossa salvação. Mas, como membros da Igreja, damos testemunho e fazemos um bem enorme a este Corpo Místico, através dos frutos de santidade que alcançamos através da vivência de nosso carisma (cf. Const. SCJ, 1).
A vida religiosa no mundo inteiro passa por uma crise, porque, em muitos Institutos, os religiosos se afastaram de um estilo de vida de combate à idolatria (aquilo que Reginald Garrigou Lagrange, em As três idades da vida interior, chama de tibieza). Infelizmente, nossa Análise Institucional, apontou para essa realidade dentro do perímetro de nossa Província. Não é tarde para voltar ao primeiro amor (cf. Ap 2,4) que impeliu nossos primeiros religiosos a uma vida de culto ao Coração de Jesus (cf. Const. SCJ, 7). Assumindo esta realidade profética em nossa vida prestaremos, neste mês de junho, uma verdadeira devoção ao Coração do nosso Redentor.
Fr. Thiago Pereira Domingos, scj.