Sem conhecimento não há Amor

A Igreja preocupa-se com a formação dos futuros sacerdotes. Uma formação para expressão de vida em suas dimensões {humano-afetiva, comunitária, espiritual intelectual e pastoral missionária}, com objetivo de aprofundar a pedagogia mistagógica do Senhor Jesus com seus discípulos, para qualificar o serviço dos presbíteros que estejam ao nível dos desafios da Igreja no Brasil. Começam a surgir cursos de pós-graduação para formadores de seminários e casas de formação em todo Brasil. Nossa Faculdade Dehoniana, em Taubaté/SP, juntamente com a OSIB Regional Sul 1, desde 2007, empenha-se nesta missão eclesial.

O terceiro módulo aconteceu entre 13 a 24 de janeiro do ano corrente, com estudos voltados para a temática da “dimensão da formação espiritual dos futuros presbíteros” {Diretrizes gerais para formação presbieral; Doc.93, n. 277-299}. As aulas são organizadas no período da manhã, tarde e noite, e os professores convidados para discursar e desenvolver o tema dentro das disciplinas {Introdução geral à dimensão espiritual da formação, cristologia, eclesiologia, antropologia, psicologia, pedagogia e oficina de formação} neste respectivo módulo foram: MSc. Pe. Osmar Cavaca, Dr. Pe. Fidel Oñoro, Dr. Pe. Afonso Garcia Rubio, Pe. Antônio Galhardo e Dra. Eliana Massih. Matriculados são 45 alunos, irmãos, diáconos e padres de diversas Congregações e Dioceses do Brasil.

Formação espiritual é formação para a comunhão íntima e profunda com o Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. A espiritualidade do religioso e/ou sacerdote está centrada na identidade com Cristo na docilidade ao Espírito e na prática da vida fraterna, bem como da caridade pastoral. É o que professamos e estudamos no decorrer desses dias, salientando a diferença de formar para vida e de dar forma para práticas devocionais localizadas. Destacamos também, a urgente necessidade vital de ajudar os seminários a despertar para a sensibilidade mística {Evangelii Nuntiandi de Paulo VI}, verdadeira experiência religiosa como dom processual do chamado de Deus em nossas vidas.

Faz-se urgente reconstruir o itinerário formativo à luz da Sagrada Escritura e revisar a pedagogia e a didática de Jesus a partir dos Evangelhos para afrontar as questões pertinentes ao ministério da formação. Os jovens e os formadores que hoje habitam as casas de formação estão embebidos do chorume mundano da individualidade, do subjetivismo, racionalismo, indiferentismo, cinismo, etc. Por isso, mais do que nunca, voltar-se para os Evangelhos é a aprendizagem a uma nova maneira de pensar que transforma o comportamento. Sim, a formação é um tipo de relação “kayrótica”, conversão da minha vida aos moldes de Jesus. Vocação é uma mudança de projeto, e o tempo da formação inicial é o tempo da cura das relações. Começa com experiência do perdão e segue pelo testemunho de que somos capazes de receber a misericórdia e, assim, tornamo-nos misericordiosos como bálsamo para o mundo.

Sob este impulso, rezamos, celebramos, refletimos e partilhamos a vocação como um chamado a amar mais com toda a nossa complexidade humana. Seguimos abertos ao Espírito Santo nosso formador: esta é uma espiritualidade vocacional em tempos de mudança. A procura de respostas para os desafios passa pelo reconhecimento das nossas deficiências, da valorização da alegria de viver, de reconhecer a alteridade e de experimentar o Deus vivo que se dá como dom a nós e que tende a se tornar bem doado aos formandos e ao mundo todo.

Igor Jerônimo Almeida Pereira (Diretor do Seminário Padre Dehon, Cuiabá/MT).