Da Itália, Carta de P. Sílvio
Salve, P. Mariano! Paz! Como vai?
Não sumi, nem mesmo me esqueci de dizer como estou. Achei por bem esperar um pouco para dizer qualquer coisa. Meu singelo relato – que vai em anexo – é bastante sumário, mas exprime um pouco da minha vida no bel paese.
O desafio de viver e trabalhar aqui é grande. Contudo, as dificuldades naturais do encontro cultural e do confronto não empobrecem ou diminuem meu entusiasmo e alegria na missão a mim confiada. Acompanhei o nosso capítulo com minha prece e tenho lido tudo o que a Província envia.
Por enquanto, estou estudando italiano com a ajuda dos padres da casa. Temos 2 professores aqui. Já findei uma gramática e vou iniciar uma mais moderna e aprofundada. Farei, por isso, um curso mais avançado a partir de fevereiro para obter o certificado internacional.
Muito obrigado, P. Mariano. Esta experiência tem me feito muito bem, pois aqui eu não tenho as “seguranças” que tinha no Brasil. Acho que comecei a viver de verdade. Tarde, mas em tempo.
Um abraço. Conte com minhas preces e peço as suas.
Com estima,
P. Silvio,scj.
Caríssimo P. Mariano, estimados confrades, paz!
Desde o dia 14 de julho faço parte da comunidade da Casa Sacro Cuore em Trento. São quase quatro meses de desafios e descobertas, oportunidades e muito empenho.
A referida casa é a sede do SAG (serviço de animação juvenil) da província ITS. Daqui se coordena e acompanha as atividades juvenis e vocacionais empreendidas por diversos confrades empenhados nessas demandas. Nossa casa fica numa colina. Daqui é possível ver a antiga e bela cidade de Trento. Na verdade, moramos em um outro paese (entenda-se pequena cidade) chamado Villazzano. A paróquia desse pequeno paese é de responsabilidade da comunidade.
Somos um grupo numeroso: 8. Idades entre 31 e 86 anos. Uma diversidade interessante e desafiadora em diversos aspectos. Dos membros da comunidade, 4 estão diretamente empenhados em atividades juvenis. Outro com a paróquia e outros com o trabalho realizado junto aos benfeitores (admirável e empenhativo serviço).
Quando aqui cheguei, já fui incluído nas atividades juvenis da paróquia. Meu primeiro trabalho foi um campo-escola com 20 jovens. Foi um tempo de oração, convivência, formação, trabalho pelas missões e lazer. A segunda e surpreendente atividade que desenvolvi foi uma peregrinação a Roma. Éramos 2 padres e 14 jovens. Fomos de Foligno (aqui Francisco vendeu os bens de seu pai para distribuir o dinheiro aos pobres) a Roma. Fomos a pé. Tive a graça de percorrer a estrada feita por Francisco de Assis quando do seu encontro com o Papa Inocêncio III em 1210 para a apresentação da sua regra. A via francigena (sic.) é uma via que desafia as forças físicas, encanta os olhos e fortalece a fé. Em Roma fomos acolhidos no oratório da Basílica Cristo Rei – sim, aquela construída por P. Dehon. Por 5 dias, prestamos serviços junto à mesa dos pobres da Caritas diocesana de Roma. A peregrinação foi encerrada na audiência geral do dia 27 de Agosto na Praça São Pedro.
Aqui em Trento, tenho espaço para trabalhar e estudar. Meu empenho pastoral, tem seu lugar na paróquia San Pietro e Sant’Andrea, num paese vizinho: Povo. Ali celebro missas e acompanho as atividades juvenis com um seminarista diocesano que por 9 meses fez experiência pastoral em Salvador/Bahia. Além disso, as atividades empreendidas em âmbito provincial fazem parte da jornada. Trata-se de encontros para jovens de diversas idades nas cidades onde temos casa e trabalho juvenil. Foi dada a mim, ainda, a responsabilidade de acompanhar um grupo Scout (trabalho juvenil muito marcante em toda Itália).
Outra coisa boa: alguns brasileiros que vivem aqui souberam da minha presença e vieram ter comigo. Formalmente, nosso primeiro encontro será no dia 9 de novembro em Vigolo Vattaro na casa de Santa Paulina. Com eles farei encontros e, de alguma maneira, os acompanharei. Esse foi um pedido de Don Beppino, coordenador do centro missionário e das atividades com imigrantes da arquidiocese.
Entre alegrias e desafios, no último dia 18 fui golpeado com morte de um tio. O irmão mais novo de minha mãe. Morreu aos 49 anos. Motivo: complicações de uma cirurgia cardíaca. Luís Giupato é seu nome. Não obstante a visita da morte, minha família está bem. Os meios de comunicação facilitam, em muito, a vida de quem está longe!
Teria tantas coisas, ainda, a dizer. Gostaria e poderia! Mas não quero escrever um tratado. Numa próxima ocasião, detalharei alguns aspectos que considero substancialmente relevantes nos trabalhos daqui e que, eventualmente, poderão servir de inspiração para os daí.
A todos saúdo. Ofereço e peço orações.
Com estima e cordial afeto,
P. Silvio José do Nascimento,scj – Trento/IT.