Ecos da Missão do Oriente: Pe. Daniel Ribeiro
Hong Kong, 3 de Setembro de 2014.
Vivat Cor Iesu!
Prezado P. Mariano e confrades, Saudações do Oriente!
Primeiramente escrevo para dizer que estou rezando por cada um de vocês, presentes em nosso Capítulo Provincial, e para transmitir algumas informações sobre a Missão Ásia.
Para quem não teve contato com minha última carta, enviada no mês de Maio, partilho que desde o dia 25 de Abril, nós dehonianos, estamos presentes no país mais populoso do mundo. Os 7 membros de nossa Comunidade Missão Ásia chegaram praticamente juntos em Macau e, como já se era de esperar, tivemos uma acolhida tímida, mas estávamos muito felizes em chegarmos ao local que tanto nos prepararmos e sonhamos em ir. Apenas um mês e meio depois, em unidade com P. Ornelas, que passou quase 10 dias conosco, decidimos que 4 de nós deveriam ir para a parte Continental do país (Beijing) e outros 3 ficariam em Macau.
Isso, decidimos que 3 padres deveriam ficar em Macau porque, além de ser uma cidade mais segura para ser sede de nossa missão, o bispo local nos ofereceu dois apartamentos, futuros trabalhos pastorais e uma considerável ajuda em nossos estudos. Porém, em contrapartida, ele nos pediu um padre para ser professor universitário e um que fale português fluentemente. O professor será nosso confrade argentino e eu fui escolhido pelo meu português. Temos um padre de Portugal, mas como Macau foi colônia de seu pais, para evitarmos conflitos com parte considerável da população, muito resistente aos portugueses, fomos aconselhados a não deixá-lo nesta missão. Além do argentino e eu, foi também escolhido, para permanecer nesta cidade, um padre indonesiano que foi ordenado sacerdote no ano passado (evitarei citar nomes de pessoas durante a carta…).
Tudo estava certo e pensei que eu iria morar e estudar em Macau. Contudo, como Hong Kong possui os mellhores cursos de Cantoneses (dialeto que Macau e algumas cidades no sul do país tem como língua principal), com a aprovação e até incentivo do Bispo, o padre indonesiano e eu acabamos nos mudando para Hong Kong para estudar, mas com o desejo e retornar para Macau assim que terminarmos nosso curso. Aqui fomos acolhidos em uma casa paroquial da Congregação do Imaculado Coração de Maria e estudamos chinês em um curso intensivo. Somos 8 estudantes em minha sala e, curiosamente, apenas eu não sou asiático. No primeiro dia de aula minha professora me deu um novo nome dizendo que isso é tradição local e que eu deveria aceitá-lo. Então, aqui, se você falar padre (ou father) Daniel, muitas pessoas não saberão de quem se trata. Porém, se você dizer Chaain Houdong Sahnfuh, eles saberão que sou eu. Não sei se é para rir ou chorar… Irmão, em menos de 4 meses aqui eu poderia contar muitas coisas curiosas, mas deixarei isso para minhas férias.
Macau e Hong Kong são cidades bem próximas, de barco apenas uma hora de distância, mas até pegarmos o barco gastamos o dobro de tempo com metrô e ônibus. Sendo assim, conseguimos ir a Macau apenas uma vez por mês para cuidarmos de nosso apartamento e pagarmos algumas contas. Nosso confrade argentino não está aqui em Hong Kong e também não ficará em Macau porque para a Universidade o Mandarim é mais útil do que o Cantonês. Então, ele vai morar em cidade vizinha, mas na China Continental. Estas mudanças tem nos convidado a nos abandonarmos ainda mais nas mãos de Deus.
Outra novidade, estou tendo a oportunidade de trabalhar com estrangeiros de língua inglesa com a celebração da missa dominical e, como estou ajudando na formação de um grupo de jovens, meus confrades enviaram-me para o dia da Juventude Ásiatica com o papa, realizado duas semanas atrás na Coréia do Sul. Lá vivemos dias inesquecíveis, mas confesso que fiquei preocupado com os sinais de cansaço demonstrados pelo papa.
Irmãos, padre Dehon teve a ousadia de enviar a maioria dos seus primeiros padres para a missão e a Igreja primitiva ganhou força quando ela se tornou missionária e deixou de estar apenas em Israel. Logo, a missão é parte fundante da vida eclesiástica e de nosso carisma. Digo isso para convidá-los a pensar com amor e ousadia nos convites missionários que nós temos recebido. Naturalmente temos muito mais trabalho do que padres no Brasil para realizá-lo. Porém, se os primeiros discípulos tivessem usado este raciocínio meramente humano para ficar apenas em Israel, talvez a Igreja teria se atrofiado em Jerusalém. Vejo de perto que o missionário tem a graça de se enriquecer com o conhecimento de uma nova forma da Igreja viver e tem a possibilidade de enriquecer a Igreja local com a maneira que a Igreja vive em seu país e com seus dons pessoais. Assim, com a missão todos ganham.
Naturalmente não posso escrever tudo que eu gostaria com detalhes e até mais clareza, como também não quero incomodá-los com um texto muito longo. Por isso, ou encerrar meu texto, mas antes peço suas orações pela nossa missão e manifesto novamente minha alegria e enorme realização pessoal pela oportunidade de estar aqui.
Estamos juntos em oração. Abraço e preces!
P. Daniel Antonio de Carvalho Ribeiro, scj