ENCONTRO DOS EX-SEMINARISTAS SCJ EM CORUPÁ
Seguindo nossas viagens pelas casas do Sagrado Coração de Jesus, mais uma vez, com muita alegria, desembarcamos em Corupá. Desta vez, não viemos apenas para mais um encontro. Viemos, de vários cantos do país, para comemorar. “Co” é juntos, “memorar” é lembrar. Então, viemos lembrar juntos.
Mas lembrar o que de tão especial? Há um ano, em uma outra viagem que fizemos, descemos em Cinquentenário, no Rio Grande do Sul. Lá, Dom Vilsom Basso, manifestou uma vontade pessoal. Queria comemorar os 40 anos, dos primeiros votos de sua turma, aqui em Corupá. Então, não hesitamos, abraçamos a ideia, nos preparamos e viemos. Viemos lembrar juntos o que aconteceu neste lugar, no dia 2 de fevereiro de 1979. Aqui, Dom Vilsom e sua turma de noviciado, fezeram os primeiros votos. Voto de pobreza, castidade e obediência. De uma turma de 32 postulantes, 31 fizeram os votos. Vou entregar aqui quem foi o desertor. Faltando 24 dias para os votos, exatamente no dia 9 de janeiro, o dia do fico, o nosso amigo, Celso Perin, resolveu sair. Decidiu desembarcar da viagem pelas casas do Sagrado Coração de Jesus.
E daqueles 31 que fizeram os votos, nos anos seguintes, mais 20 desceram nas próximas estações. 11 deles, chegaram à estacão final da viagem de formação e receberam o sacramento da Ordem. Desses, 3 ainda desembarcariam depois, no curso da vida religiosa. Não gosto de empregar o verbo desistir para essas situações. Ao contrário do que muita gente imagina, sair do seminário ou da vida religiosa é uma decisão muito difícil. Sair, assim como continuar, é sempre uma atitude de muita coragem. Creio que nesta vida só não podemos desistir de Deus, da família, do que somos na nossa essência e da vida. Somente isto. E falando em vida, infelizmente, daquela turma de 31 noviços que fizeram os votos aqui, Vilson Luiz Fachini e Dimas Cembranel, já desembarcaram, definitivamente, desta vida. Uma das intenções desta celebração é para que eles, assim como nossa irmã Lúcia Teresinha Macena Gregory, o nosso irmão dehoniano, Paulo Cembranel e nosso querido Padre Adolfo, que também deixaram a viagem desta vida, estejam viajando com Deus no trem da eternidade. Um dia, estaremos todos na mesma estação novamente.
Irmãos, nesta parada aqui em Corupá, daqueles 31 noviços que proferiram os votos, há 40 anos, 18 estão presentes nesta celebração. Vieram comemorar, lembrar juntos o que juntos fizeram na viagem pelas escolas dehonianas, em especial, os votos proferidos aqui. Também vieram outros 70 ex-seminaristas. Gente, que assim como eu, fizeram questão de vir prestigiar nossos amigos, e ainda aproveitar pra dar uma olhadinha no seminário. É sempre muito bom voltar a Corupá. Quando desembarcamos aqui, atores e cenário se juntam novamente. Então, parece que estamos apenas continuando de onde paramos um dia. Nosso passado nas casas dehonianas não envelhece. Nele, a gente tem sempre a mesma idade. Cada vez que desembarco aqui em Corupá, penso que tudo que vivemos no passado, neste lugar, talvez seja felicidade. Talvez. Eu não sei direito. Só sei que foi bom. Tão bom que acho até que ainda não tem nome. É por isso que a vontade de voltar é constante. Ainda que voltar seja um gosto desgostoso, por ter que se despedir novamente, sempre vale a pena embarcar neste trem e voltar. Confesso que fico triste quando chego aqui e vejo um seminário sem seminaristas. Sabe gente, há coisas que não deveriam acabar nunca, a escola é uma delas. Mas ainda assim, é muito bom voltar, lembrar das brincadeiras, das discussões a cerca de quem seria padre, por exemplo. Nossa brincadeira ia só até aí. Ninguém entra no seminário porque quer ser bispo, arcebispo, cardeal ou papa, quem sabe?! No nosso caso, acho que não era modéstia, nem falta de ambição. Talvez, ser padre já fosse muito para nós. Talvez.
Dom Vilsom, sempre muito bem humorado, costuma dizer que não imaginava nem que seria padre…. bispo então, passava longe! Bem longe, mesmo! Brincando, ele diz que foi um vacilo do Espírito Santo. Que bom, Dom Vilsom! Mesmo que fosse verdade, teria sido um vacilo com a pessoa certa. Um santo vacilo que mostra como os desígnios de Deus são mesmo surpreendentes. Ninguém poderia imaginar que aquele filho de camponeses, que saiu de um lugar chamado Lajeado Capivara, interior de Tuparendi, no Rio Grande do Sul, chegaria tão longe. Oxalá não seja a estação final dessa viagem de sucesso. Dom Vilsom Basso chegou ao episcopado, sendo nomeado bispo de Caxias do Maranhão, em 19 de março de 2010 e ordenado em 30 de maio do mesmo ano. Atualmente, bispo da diocese de Imperatriz, no Maranhão, Dom Vilsom é um orgulho para nós dehonianos. Sob o lema episcopal “Ecce Venio Domine,” “Eis-me aqui, Senhor,” Dom Vilsom, vem exercendo papel de destaque, na presidência da Comissão Episcopal Pastoral, para a Juventude, ligada à CNBB. Dom Vilsom faz parte do nosso grupo de ex-seminaristas no WhatsApp. Acompanhamos com muita alegria, suas postagens e seus trabalhos em prol da juventude no Brasil e no Vaticano.
O exemplo de Dom Vilsom é a prova maior de que Deus é, sem dúvida nenhuma, o ser mais fascinante e surpreendente do universo. Ele faz coisas maravilhosas em nossas vidas. Pena que nem sempre sabemos aproveitá-las. Precisamos entender e aceitar, que as tempestades aparecem todos os dias. Se queremos ser felizes, temos que aprender a fazer festa, também no meio da ventania e não ter medo dela. Dom Vilsom é um exemplo disso. Não preciso saber da sua vida pra saber que ninguém chega onde chegou, navegando em águas calmas. É por isso que em nome de todos os presentes, quero parabenizá-lo pelo trabalho em seu governo episcopal. Dom Vilsom, que as bênçãos de Deus sejam sempre abundantes em sua vida. Também em nome de todos, felicito Dom Vilsom e os demais irmãos de sua turma, pelos 40 anos dos primeiros votos. Que Deus os abençoe grandemente!
Finalizando, quero deixar-lhes uma mensagem. Hoje, viemos aqui comemorar os votos dos nossos amigos. Vamos aproveitar para comemorar e renovar os nossos votos também? A vida cristã é uma vida de votos. Votos que fazemos ao receber os sacramentos, votos que fazemos com a igreja, com Deus e com nossos amigos também. Voto de amizade. Por isso, seja numa grande festa como hoje ou num dia comum, dê o seu melhor a quem você mais ama. Este é o voto universal do amor. E é com este voto, que devemos aproveitar este dia na alegria e na gratidão a Deus por estarmos aqui. Falando em gratidão, quero agradecer a direção do seminário, por ceder às instalações para o nosso encontro, agradecer a equipe que organizou este evento, sob a presidência do Celso Perin e mais uma vez, agradecer a Deus.
Queridos, lembrem-se: a viagem aqui pode ser curta para aqueles que não riem, não amam e não creem. Para os que creem em Deus e amam a vida, é apenas a primeira fase da eternidade.