Espaços & Laços 86
Para Começar: Queremos ver Jesus
“Queremos Ver Jesus: Caminho, Verdade e Vida” foi o moto do Projeto Nacional de Evangelização 2004 – 2007. No próximo Domingo o Evangelho (cf. Jo 12,20-33) outra vez nos confronta com este desejo profundo da pessoa humana, bem expresso no anseio dos peregrinos gregos (prosélitos?), em Jerusalém. O que nos poderia levar a Jesus: o acaso, a curiosidade, a distração, a procura de uma bênção, o milagre, a busca da salvação, o querer permanecer com Ele?…
O que impressiona é a reação de Jesus. Como o estudante ante prova final, como o grão de trigo que precisa morrer, como o enfermo diante da cirurgia de risco, como a mãe prestes a dar à luz… assim reage Jesus. No contexto da Paixão/Ressurreição há pelo menos três episódios do gênero com os quais Jesus tem a fazer as contas.
O deste Domingo é o primeiro dos episódios. Quando os gregos, representantes dos gentios, que também seriam salvos por Jesus se lhe aproximam, ele sente aproximar-se a Hora suprema. De um lado, experimenta a dor atroz que se aproxima, naturalmente quer dela se subtrair, mas acaba por confiar-se plenamente ao Pai. “Minha alma está conturbada. Que direi? Pai, salva-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora
que eu vim. Pai, glorifica o teu nome. Veio, então, a voz do céu: ‘eu o glorifiquei e o glorificarei novamente’!” (Jo 12,27-28).
O segundo episódio acontece no Getsêmani (Mc 14,32-42). Outra vez Jesus sente o peso da solidão: pelo Pai provado e pelos discípulos ignorado (“Minha alma está triste até a morte”: v.34”). De novo a dupla sensação. De um lado, o terror do sacrifício supremo e o peso da solidão: “Abba (Pai)! Tudo é possível para ti: afasta de mim este cálice” (v. 36a); “Simão, dormes? Não foste capaz de vigiar uma hora?” (v. 37). Por outro lado, a serena conformidade: “Porém, não o que eu quero mas o que tu queres” (v. 36b); “durmam agora e repousem” (v. 41a).
Encontramos o terceiro episódio na iminência da morte de cruz. Jesus partilha a sensação de todos quantos se sentem “malditos”, por Deus abandonados: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mc 15,34). No entanto, reencontra a confiança que tudo alcança: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46).
P. Mariano,scj.