Fiéis leigos e leigas no mundo

- Quem são os Leigos e as Leigas?
De acordo com a Lumen Gentium (cf. LG 31), principal documento do Concílio Vaticano II, os leigos são os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo, que formam o Povo de Deus. Participam das funções de Cristo sacerdote, profeta e rei e, como tais, exercem sua missão na Igreja e no mundo. Leigo é, portanto, quem pertence ao Povo de Deus que, em grego, é λαὸς τοῡ θεοῡ (Laós tou Theoú). É deste λαὸς (povo) que vem o nome λαικός (leigo). Assim, “leigo” não é quem não sabe das coisas, mas quem é do Povo de Deus e sabe viver como filho ou filha de Deus.
Lembro um importante testemunho de Paulo VI, sobre os leigos. No livro de Jean Guitton, Dialogues avec Paul VI (Diálogos com Paulo VI, de 1967), o Papa afirma: “Les Laïcs comme les Evêques sont successeurs des Apôtres”, isto é, “Os leigos, como os bispos, são sucessores dos apóstolos”. Vejam só, que beleza e dignidade!
Repetindo o Documento de Puebla (DP 786), o Documento de Aparecida afirma que “Os Cristãos Leigos são homens e mulheres da Igreja no coração do mundo e homens e mulheres do mundo no coração da Igreja” (DAp 210).
- Qual o campo próprio da Missão dos Fiéis Leigos?
Para o Documento de Aparecida, existem duas dimensões próprias para a atuação dos leigos:
1ª) No mundo. A atuação no mundo, “a vinha do Senhor”, com a tarefa de ser fermento, sal e luz, tanto pelo testemunho quanto pela ação transformadora na construção da sociedade justa e solidária, conforme os critérios evangélicos. Essa missão específica deve ser vivenciada na política, na realidade social, na economia, nos meios de comunicação, nos sindicatos, no mundo do trabalho, na cultura. Ênfase especial vai às realidades do amor e da família, da educação e do trabalho profissional. Além disso, eles tem o dever de fazer crível a fé que professam, mostrando autenticidade e coerência em sua conduta (cf. EN 70 e DAp 210).
2ª) Na Igreja. Os Leigos são chamados a exercerem diversas ações na comunidade eclesial, em diferentes formas de apostolado. Devem dar seu testemunho de vida e assumir diversos ministérios e serviços na evangelização, na catequese, na animação de comunidades, movimentos, pastorais e na liturgia (cf. DAp 211).
- Por que um “Ano Nacional do Laicato”?
Justamente para valorizar a vida, a vocação e a missão da mais numerosa porção de fiéis católicos, a Igreja no Brasil celebra, entre 26 de novembro de 2017 e 25 de novembro de 2018, o “Ano do Laicato”. O tema escolhido para animar a mística do Ano do Laicato é “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino”. E o lema recorda que eles são “Sal da Terra e Luz do Mundo” (cf. Mt 5,13-14).
Este Ano do Laicato tem o seguinte objetivo geral: “Como Igreja, Povo de Deus, – celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil; – aprofundar a sua identidade, vocação, espiritualidade e missão; – testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade”.
Os objetivos específicos são esses: – Comemorar os 30 anos do Sínodo Ordinário sobre os Leigos (1987) e os 30 anos da Exortação Apostólica Christifideles Laici (de São João Paulo II), sobre A vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo (1988); – Dinamizar o estudo e a prática do Documento 105 da CNBB (Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade) e demais documentos do magistério sobre o laicato, em especial os do Papa Francisco; – Estimular a presença e a atuação dos cristãos leigos e leigas, “verdadeiros sujeitos eclesiais” (DAp 497a), como “sal, luz e fermento” na Igreja e na sociedade.
P. Mariano Weizenmann SCJ.