GOVERNO GERAL ENCONTRA BISPOS DEHONIANOS
Bispos Dehonianos em Roma
Radoslaw Warenda, scj
Pela terceira vez os bispos dehonianos são convidados a reunir-se na Casa Geral dos Dehonianos, em Roma. Entre 18 e 23 de janeiro, 21 bispos se encontram reunidos para refletir sobre os desafios da evangelização. O tema tratado em sentido amplo toma em consideração diversos campos da vida: o trabalho, a criação, os jovens, mas também o diálogo inter-religioso e a urgente questão das migrações. O encontro foi pensado, sobretudo, como plataforma de partilha e discussão.
No encontro precedente, realizado no Ano da Fé, emergiu a necessidade real dos bispos dehonianos “beberem da fonte da nossa espiritualidade” vivendo, no serviço episcopal, a diaconia missionária dehoniana. P. Carlos Enrique Caamaño Martín SCJ, vigário geral, na introdução, indicou outro escopo para o encontro deste ano: “Procuramos ler o hoje, por que temos a possibilidade de abrir-nos ao futuro. Isso, para que a Igreja se torne uma casa aberta para todos”.
O desafio principal, expresso no discurso do superior geral dos dehonianos, é como transmitir a alegria de ser crente. Crente, hoje! A realidade é exigente, porque devemos fazê-lo para a sociedade que procura ser autossuficiente em tudo: “se você é inteligente, disciplinado e tem uma precisa modalidade de vida, consegue combater o câncer, consegue ser rico, consegue ter enorme sucesso”. O desafio, enfim, chamado pelo geral de “desafio escatológico” é, de fato, fazer a salvação de Deus. Vale o mesmo com o fato de não mais sentir-se necessidade da vida sacramental e da necessidade de um Deus salvífico. Não devemos ter medo de anunciar a vida para além da morte, reviver o caráter escatológico da vida e não pensar apenas como arranjar-se aqui, respeitando a moralidade católica.
O terceiro elemento desafiador é o de saber argumentar a fé ante as outras religiões. Existe um ícone do século XXI que poderia ser chamado “o coração ferido”. Um ícone que fala e pode dar uma resposta espiritual e expressar três dimensões transcendentais de que temos necessidade: pulcrum, verum, bonum. Vamos rumo à capacidade de ultrapassar as aparências exteriores para ver a beleza de cada qual, é o convite concreto de ir às periferias.
Ao final de seu discurso, P. Heiner Wilmer SCJ propôs o Ano do Coração Ferido, que será anunciado no 175º aniversário do nascimento de Padre Dehon, promulgado na solenidade do Sagrado Coração e durará até 2019.
Na viva discussão provocada pelo discurso do P. Geral, Dom Wilson Tadeu Jönck disse que “não somos um grupo triunfalista que está de posse da verdade. Se assim nos comportássemos, estaríamos perdidos. Tanto a Congregação, quanto a Igreja”. Dom Carmo João Rohden, bispo emérito de Taubaté (Brasil), destacou o fato de que o homem de hoje esqueceu que sem Deus está nu. Terá, talvez, perdido também a capacidade de sentir-se nu? Qual é o desafio de hoje? Ser discípulo, antes de tudo, nós mesmos. Discípulos que se dão conta da necessidade de uma formação deveras permanente”.
O desafio escatológico, isto é, poder viver a fé como relação que será plena além de si mesma, e não só fé que nos garante o bem estar e a paz, parece, para Dom Claudio Dalla Zuanna, muito urgente.
O ex-superior geral, Dom Virginio Bressanelli, referiu-se à ideia do “coração ferido” que não pode ser vista de modo negativo. “A ferida, sinto-a em sentido positivo, como uma compaixão. Antes, estou contente de estar ferido. De fato, não quero o outro mundo, não sou idealístico. A dor de Deus não é negativa. O Coração é transpassado de fora, mas é aberto a partir de dentro. É preciso fazer a Congregação refletir sobre este argumento, porque é o nosso específico!”, disse Dom Virginio Bressanelli.
A partilha vespertina dos bispos dehonianos foi animada pela intervenção de Dom José Ornelas Carvalho, sobre os desafios pastorais no mundo do trabalho. “O nosso pecado maior é aquele de haver deixado de acreditar que podemos transformar o mundo”. Dom Aloysius Sudarso apresentou a relação da Igreja com o islamismo, em base às experiências do mundo indonesiano, sobretudo da sua diocese de di Palembang. O bispo emérito Dom Virginio Domingo Bressanelli deu nova contribuição, retomando o tema da última encíclica de Papa Francisco “Laudato si'”, falando do cuidado da criação na pastoral, baseando-se, especialmente, na realidade da Patagônia (Argentina).
O clima do encontro é muito fraterno e oferece ocasião para o reencontro, depois de vários anos. Procura-se reforçar, na esperança, que o estilo dehoniano do coração e da mente abertos possam ter influência real na vida.
http://www.dehon.it/it/index.php?option=com_k2&view=item&id=2229:i-vescovi-dehoniani-a-roma&Itemid=77
Tradução de E&L