História do Vivat Cor Jesu per Cor Marie e da sigla SCJ
História do “Vivat Cor Jesu per Cor Marie” e da sigla S.C.J.
Angelo Vassena, scj (Dehoniens- Prêtres du Sacré-Coeur de Jésus- La Province Europe- Francophone: http://scjef.org/main/index.php/ bibliotheque-dehonienne/3457-vivat-cor-jesu-et-scj-explications.html.
Tradução do francês feita pela auxiliar da secretária provincial, Srta. Aline.
As cartas de nossos primeiros Padres, que constam nos arquivos Dehonianos, são muito interessantes. Tanto pela história do início da Congregação como pelo conhecimento de sua espiritualidade e a maneira que eles receberam o carisma do Padre fundador.
O “Vivat Cor Jesu per Cor Mariae” não foi a primeira saudação utilizada na Congregação, nem a sigla S.C.J. foi a primeira sigla oficial.
Vou tentar traçar brevemente a história de um e outro, na esperança de prestar algum serviço.
- A) A primeira saudação, usada em 1881, parece ter sido a seguinte: “Cor Jesu suavissimum” à qual se acrescentava “amor noster”. É o que encontramos, neste ano, nas cartas de P. Paris para seu amigo P. Falleur. P. Paris estudava em Lille, enquanto o P. Falleur era ecônomo da Congregação (cf. AD., B. 19/4-3).
- Philippot, que deixou o Instituto em maio de 1885, em suas cartas de 1881, coloca o cabeçalho: “Cor Jesu suavissimum, amor noster!” (cf. AD., B. 19/4-5).
- Francis Xavier Lamour, escreveu de Sittard, onde foi mestre de noviços em 1883, ao P. Falleur. Começava suas cartas com “Vivat Vivat Cor Jesu”. A casa de Sittard foi chamada de Noviciado de “Watersleyde Saint-Jean du Cœur de Jésus” e P. Lamour foi o primeiro mestre de noviços depois do Fundador (cf. AD., B. 19/4-7 et B. 37/1-H).
Em 1883, o P. Falleur escreveu ao P. Captier uma carta na qual começou com “Vivat vivat Cor Jesu” e adicionou “Cor ejus mysticum” (cf. AD., B. 19/4-6). Em contrapartida, o P. Patrice Boulanger (deixou a Congregação em 1º de Agosto de 1888), ecônomo na Escola Angélique Saint-Clément de Fayet, enquanto o P. Captier era reitor, no mesmo ano de 1883, escreveu pela primeira vez no cabeçalho de suas cartas: “Vivat Cor Jesu”, seguido de “Vivat Cor Jesu in corde nostro unice !” (cf. AD., B. 19/4-8).
Na segunda metade do ano de 1883, a saudação “Vivat Cor Jesu in corde nostro unice” é encontrada nas primeiras cartas que o P. Jacques Herr escreveu ao P. Falleur e nas cartas que P. Bertrand enviou de Littard ao P. Falleur (cf. AD., B. 19 / 4-10),
- Thaddée Captier, que deixou a Congregação em janeiro 1884 em conformidade com as disposições do Santo Ofício, enviou no final de 1883 ao P. Falleur um bilhete que começa com “Vivat Cor Jesu”, mas sem “per Cor Mariae”. Mas, após deixar Fayet, ele escreveu para os alunos e sempre começava suas cartas com” Vive le Cœur de Jésus. Vive la bonne Maman, Vive le bon papa Saint-Joseph” (cf. AD., B. 19/4-4) Isso faz supor que, o Reitor da Escola Angélique , usou esta fórmula para saudar os seminaristas.
Em 24 de janeiro de 1884, P. Lamour escreveu de Sittard, onde foi mestre de noviços, uma longa carta com esta invocação: “Vivat Cor Jesu mysticum per Cor Mariae”. Em maio daquele ano, no entanto, ele alterou a fórmula para “Vivat Cor Jesu per Cor Mariae dolorosissimum et Joseph”. Em seguida, ele deixou o adjetivo “dolorosissimum” e ficou apenas com “Vivat Cor Jesu per Cor Mariae et Joseph” (cf. AD., B. 19 / 4-7).
O primeiro “Vivat Cor Jesu per Cor Mariae” encontra-se no início da carta que P. Paris escreveu ao seu amigo, P. Falleur de Lille, em 12 de novembro de 1884 (cf. AD., B. 19/4-3).
Em suma, na documentação citada, podemos concluir que em 1884, nossos primeiros Padres chegaram à fórmula oficial “Vivat Cor Jesu per Cor Mariae”. Em junho daquele ano, P. Lamour explicou:
- O Coração de Jesus quer viver em nós e é isso que pedimos a cada instante para coincidir com o seu desejo. – Cor Jesu Vivat! – Esta é a vida de caridade.
- Mas reconhecer que ele é semelhante ao coração de sua mãe, e que é através de sua mãe, que ele quer se comunicar, adicionamos per Cor Mariae. Isso quer dizer que, Maria é o modelo vivo e divino: no qual é preciso lançar tudo: pensamentos, palavras, atos, potências, faculdades de nosso ser, a fim de que ela una tudo ao Coração do seu Filho, que é a fonte da vida, como o Coração de Maria é o canal, o mediador e o órgão (AD. cf., B. 19 / 4-7).
- B) O que estava no pensamento de P. Dehon? É difícil dizer. Nos cabeçalhos das cartas que temos, escritas por ele naquele ano, não há alguma invocação. Em contrapartida, no final de algumas cartas, podemos encontrar alguns exemplos:
- a) Entre os anos 1881-1882, P. Dehon termina diversas vezes suas cartas com In Corde Jesu (cf. C., 1875-1891 – IV caderno, pp. 320-348).
- b) O “Vivat Cor Jesu”, sem per Cor Mariae, encontra-se pela primeira vez na conclusão da carta, não datada, que P. Dehon escreveu à Irmã Maria do Coração de Jesus, fundadora das Servas do Coração de Jesus, retornando a Saint-Quentin Reims, onde ele tinha exposto ao Monsenhor Langénieux o objetivo da Congregação e pediu um julgamento qualificado sobre os escritos da Irmã Maria de Santo Inácio e P. Captier (ver C., 1875-1891 – livro IV, p 344) . Além disso, sabemos que P. Dehon foi para Reims entre 10 e 13 de Dezembro do mesmo ano (ver AD, B. 21/3 -. Carta de Monsenhor Langénieux ao P. Dehon de 7 de dezembro 1882 e B 17/6 – a carta de Monsenhor ao Dehon, 12 de dezembro 1882). Assim, a carta do P. Dehon com o primeiro “Vivat Cor Jesu” deve ter sido escrita entre 14 ou 15 de dezembro de 1882.
- c) Anteriormente, no entanto, no ano de 1882, P. Dehon havia escrito algumas cartas para a Irmã Maria que começavam com “Vivat, Vivat Cor Jesu”. Uma delas iniciou-se com “Vivat, vivat Cor Jesu, in nostro corde unice” (cf. AD., B. 17/6). Esta última invocação é encontrada duas vezes nas cartas de P. Dehon, mas sem a repetição de “Vivat”. A primeira vez foi na carta que o P. Dehon escreveu em 03 de setembro a ‘Cara Madre’ (cf. AD, C. 1.875-1.891 -. 352 IV especificações p.). A segunda foi enviada em 29 outubro de 1884 ao P. Falleur, Superior de Fayet, para transferi-lo para a Casa do Sagrado Coração, em Saint-Quentin (ver C. 1875-1891 -. IV Seção, p 369).
- d) Somente a partir de 1884, após o ‘Consummatum est’ portanto, que P. Dehon usa invocações ao escrever para os primeiros padres, e sempre no final da carta, como a saudação espiritual.
Estas invocações são todas centradas no Coração de Jesus. E aqui há alguns escritos entre janeiro e abril deste doloroso ano:
– Vivat Cor Jesu mysticum per Cor Mariae dolorosissimum (cf. C. 1875-1891 – IV cahier, p. 361).
– Vivat Cor Jesu, vinculum unitatis (ibid., p. 363).
– Vivat Cor Jesu (com seu amor e sua cruz) in corde nostro (ibid., p. 364).
– Benedicat vos Cor Jesu (ibid., pp. 365 et 367).
– Que le Cœur de Jésus vous bénisse (ibid., p. 366).
– Vivat, vivat semper Cor Jesu (ibid., p. 366).
– Vivat Cor Jesu in corde nostro unice (ibid., p. 369).
– Je vous bénis in Corde Jesu (ibid., p. 370).
- C) Entre os anos de 1885-1886, a fórmula “Vivat Cor Jesu per Cor Mariae” prevaleceu sobre todas as outras invocações anteriores e tem se tornado comum em todos os países. Em cartas raras que temos do P. Dehon e outros Padres, não é possível fornecer esta informação; mas é significativo que nas cartas dos Padres Prévot e Charcosset, ambos entraram nos anos de 1884-1885, há sempre no início a sigla V.C.J. (cf. AD., B. 35/8 et B. 21/7).
Mais impressionante, no entanto, é a documentação que nos oferece o terceiro caderno de “Notas cotidianas” que começou em 28 de janeiro de 1886. Na verdade, nas páginas 4 e 5, P. Dehon conclui suas notas de 12 e 16 de Fevereiro com “Vivat Cor Jesu per Cor Mariae”.
Portanto, em 24 de Dezembro de 1886, o Bispo Thibaudier, como Bispo de Soissons e Superior da Congregação, aprovou a fórmula “Vivat Cor Jesu per Cor Mariae” e estendeu a todo o Instituto como uma invocação apropriada (cf. AD., B. 21/3).
- D) Finalmente, uma simples observação sobre a sigla oficial S.C.J., Sacerdotum Cordis Jesu, que é encontrada no Anuário Pontifício, e que é usada após nossos nomes completos para nos distinguir de outros religiosos.
Nos documentos que temos, o símbolo aparece pela primeira vez na carta que o P. Dehon escreveu em 4 de Setembro de 1879 à Irmã Maria do Sagrado Coração da seguinte forma: O.C.J. – oblatus Cordi Jesu – Oblatos ao Coração de Jesus. Nesta carta, na verdade, o P. Dehon acrescenta sua assinatura, João do Coração de Jesus, seguida da sigla O.C.J. (cf. AD., B. 19/1).
A mesmo sigla é encontrada na recomendação para uma novena de penitência feita pelo Padre Dehon, em 19 de janeiro de 1880, na Comunidade do Sagrado Coração (cf. C., 1875-1891 – IV cahier, p. 326).
Há também evidências de que nos anos de 1880-1882, os Padres Joseph Paris, Stanislas Falleur,Paul Philippot, Felix Riedmüller e Jacques Herr adicionaram à sua assinatura a sigla O.C.J. (cf. AD., B. 19/4 et B. 16/7).
As Cartas de P. Patrice Boulanger e P. Stanislas Falleur apresentavam esta pequena variação: S. R. O.C.J. que significa “Sacerdos Religiosus Oblatus Cordi Jesu” (cf. AD., B. 19 / 4-8 e B. 16/7).
Porém, nas cartas de 1882- 1883 de P. Thaddée Captier, que se juntou a nós em novembro de 1880, encontramos a sua assinatura sob o símbolo: O.S.C.J., que significa “Ordo Sacratissimi Cordis Jesu” (cf. AD., B. 19 / 4-4). Sabemos que o P. Captier gostaria de fundar uma Grande Ordem do Sagrado Coração que abrangesse todos os outros institutos semelhantes. Esta utopia emocionante explica muito bem a escolha da sigla.
Depois do “Consummatum est” o nome da Congregação foi mudado: não mais “Oblatos do Coração de Jesus”, mas “Sacerdotes do Coração de Jesus.” Era, pois, necessário alterar o símbolo e P. Charcosset, em suas cartas de 1886, agrega à sua assinatura as letras “pr. de S.C. “ou” padre do Sagrado do Coração “(cf. AD., B. 21/7-a). É claro que esta foi apenas uma sigla de transição. Na verdade, como pode ser visto na Semana Religiosa em Soissons e Laon, na década de 1890, foi adotada a sigla atual que é reconhecida pela Santa Sé.
Abreviações:
- =Arquivos Dehonianos;
- = Caixa;
- = Correspondência.