Durante uma semana 65 educadores dehonianos, religiosos e leigos, representando os quatro continentes e 34 centros educativos (escolas, centros sociais e universitários) estiveram reunidos em Valência, na Espanha, às margens do Mar Mediterrâneo. Ficamos hospedados em uma das unidades da ESIC que, além de ofertar programas de master na área de administração e marketing, funciona como uma paróquia e residência para jovens que estudam nas muitas universidades valencianas. O objetivo era discutir e discernir como concretizar uma das orientações da Conferência Geral de Neustadt (Alemanha – 2012): criar uma rede de centros educativos dehonianos. O encontro de Valência acontece também na continuidade do Iº Encontro, ocorrido em Salamanca (2001) e que teve como objetivo verificar qual é o modo dehoniano de educar. O resultado foi a elaboração da PEC: Proposta Educativa Dehoniana, que é utilizada na maioria de nossas escolas e universidades como um referencial de identidade. A trilogia: Ecce Venio, Adveniat Regnum Tuum, Sint Unum foi assumida como forma estruturante do carisma. Deste modo, em 2008, aconteceu o IIº Encontro de Educadores, novamente em Salamanca, para aprofundar a dimensão social de nossa missão educativa por meio do lema: Adveniat Regum Tuum. Uma das grandes moções deste encontro foi pedir ao Capítulo Geral que aprovasse uma Conferência Geral sobre educação. Isto de fato aconteceu no capítulo de 2009. A Conferência Geral de 2012 teve como lema: Educare, que foi reassumido como lema do encontro de Valência, tendo como eixo o sint unum, concretizado na proposta de criar uma Rede Dehoniana de Educação.

Para saber detalhes em fatos&fotos sobre o encontro de Valência, sugiro uma visita ao site da Congregação www.dehon.it onde a secretaria da província norte-americana teve o cuidado de registrar jornalisticamente cada detalhe. Sugiro também a leitura da breve mas concreta e objetiva “Mensagem Final”. Repercutimos aqui apenas alguns detalhes que nos chamaram a atenção na ótica da participação brasileira e latino-americana.

Pela província BSP estiveram presentes os padres Everton dos Santos Carvalho, Daniel Aparecido de Campos, Lorival João Back e João Carlos Almeida. A BRM, que teve capítulo provincial na mesma semana, fez-se representar pelos padres Silvano João da Costa e Alécio da Rosa. A BRE este presente pelos padres Renato Maia de Ataíde e Carlos Eduardo de Oliveira Pereira. Além disso, a América Latina contou com representações do Chile, Venezuela e Paraguai. Um olhar sobre a assembleia identificaria alguns blocos: os norte-americanos e canadenses, os africanos (Congo e Camarões), um representante da Indonésia e a Europa com suas maiores forças educativas: Espanha, Alemanha, Itália e Portugal. O governo geral esteve muito presente na pessoa do conselheiro e vigário geral, Pe. John van den Hengel, e do vice-secretário geral Ir. Roberto García Murciego, da província espanhola, que coordenou o evento. É preciso recordar ainda a presença do brasileiro P. José Ricardo Leandro Diniz, da BSP, que no momento integra os quatros da província alemã e trabalha no Colégio de Handrup. Por sua residência na Europa foi indicado ao final do encontro para compor o grupo diretivo que continuará os trabalhos de constituição da Rede Dehoniana de Educação.

O encontro mesclou palestras, intercâmbio, passeios e debates em plenário com auxílio de eficiente tradução simultânea. O horário, bem espanhol, era bastante intenso. Foi um encontro de muito trabalho. Destaque para a primorosa organização e generosidade da província espanhola que não poupou esforços para promover a integração de culturas tão diversas. Especialistas em redes educacionais palestraram nos primeiros dias. Na quarta-feira (23) a eucaristia foi em Português. Neste mesmo dia saímos três horas de ônibus para conhecer o colégio de San Javier, recentemente adquirido pela congregação e o de Novelda, o mais antigo. Foi um longo percurso em que saímos 9h e voltamos 23h30. Pudemos verificar o quanto a educação está no centro da missão dehoniana na província espanhola. Para eles realmente a educação é a forma concreta de reparar. Por essa e por outras somos conhecidos na Espanha como Padres Reparadores. A quinta-feira (24) foi um dia intenso de debates por grupos continentais. Aqui apareceu de modo forte a contribuição brasileira e latino-americana. Éramos dois grupos e fizemos propostas que estão para além daquilo que ficou decidido como expressão de consenso possível. Nossa ideia de rede já é interacional. A ideia de rede que parece ter ficado, ao menos para começar, é mais institucional e informacional. De qualquer forma já é um início a decisão de construir uma “plataforma” virtual que abrigue todos os nosso centros educativos. Esta obra deverá ser levada a cabo pelo Governo Geral com a contribuição de todas as entidades (províncias e regiões). O tempo dirá o quanto conseguiremos avançar no nosso sint unum em rede. A sexta-feira (25) foi dedicada à sintese deste projeto de rede que foi debatida, melhorada e aprovada. Foi apresentada também a Mensagem Final que recebeu diversas emendas e correções e foi aprovada por unanimidade.

Todos os dias foram marcados pela celebração da Eucaristia. No encerramento ouvimos as palavras de estímulo e esperança do vigário geral. A conclusão foi sob a forma de uma festa tipicamente valenciana onde não faltaram canções típicas de cada país e o bom humor rápido dos espanhóis. O clima geral foi de muita fraternidade, apesar dos limites da língua que tornavam difícil para alguns de matriz franco-africana intercambiarem com norte-americanos e latino-americanos. Ficou decidido que a língua oficial da rede será o inglês. Até o próximo encontro fica o desafio de todos se comunicarem ao menos nesta língua que, até este momento, é a majoritária na diplomacia internacional.

Voltamos animados a continuar nosso trabalho na educação, seja no Instituto Meninos São Judas Tadeu, seja na Faculdade Dehoniana, convencidos que não estamos sozinhos. Estes encontros têm o mérito de evidenciar a relevância da educação em nosso carisma. Educar é um jeito de amar, é uma forma de reparar, é um modo de apressar a “civilização da inteligência e do coração”.

Pe. João Carlos Almeida, scj.