Memórias da nossa História
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
7.5.9. O cemitério
Em tempos idos, os nossos confrades falecidos em Taubaté eram sepultados no
cemitério da Ordem Terceira dos Capuchinhos do Convento de Santa Clara de Taubaté.
Foi a partir de 1954, sob o reitorado do padre Francisco Demann, que o conselho
desta casa começou a estudar a possibilidade de erigir um cemitério particular na
propriedade do Conventinho {cf. Atas do conselho da casa (1943-1973), p. 84}.
Contudo, só durante o reitorado de padre Roque José Schmitt (o processo foi
encaminhado em 15.9.1956), cumpridas todas as formalidades junto à Secretaria da
Saúde Municipal de Taubaté e outras exigências legais, é que se obteve a licença para
construir um cemitério no terreno do Conventinho. A construção do nosso primeiro cemitério foi iniciada no dia 14.12.1957 {cf. Cr. 1. fl. 75v.}, sendo inaugurado a 4 de janeiro de 1961 com o sepultamento do padre Pedro Storms, o primeiro religioso ali enterrado {cf. Cr. 2.fl. 48}. Depois do sepultamento do padre Storms, foi decidida a transladação dos demais confrades que repousavam no cemitério da Ordem Terceira dos Capuchinhos do Convento de Santa Clara {Dia 20.11.1961, foram transladados os restos mortais dos padres Carlos Bernardo Rick, Clemente, Britzen, Lourenço Foxius, João Cristóvão Fischer, irmãos Evaristo José Correa e Rafael Max Koeling}. Este primeiro cemitério situava-se no local onde hoje temos a quadra de futebol-de-salão. Os restos mortais eram colocados em sepulturas de concreto, não cavadas na terra, mas construídas sobre o solo.
Junto às amplas mudanças efetivadas no terreno do Conventinho resolveu-se
também construir novo cemitério. Durante o ano de 1979, principalmente no decorrer do 2º semestre, foi intensificado o trabalho para o acabamento do referido cemitério. No dia 3 de setembro começou-se a cavar as sepulturas {cf. Cr. 4. fl. 99v.} e, já nos dias 28 a 29 do mesmo mês, fez-se a transladação dos restos mortais dos confrades sepultados no cemitério antigo {cf. Ib., fl. 100}. Aos 26 de outubro eram colocadas as placas de inscrição e as cruzes, seguindo-se o plantio de grama sobre alguns túmulos. Tudo isto foi feito provisoriamente, em vésperas do dia dos finados {cf. Ib., 5. fl. 1} para, no dia 2 de novembro, às 8h, celebrar a missa em sufrágio dos confrades falecidos {cf. Ib., fl. 1v.}.
No fundo do cemitério foi colocada uma bonita imagem do Cristo Ressuscitado,
esculpida em madeira, olhando para o jardim dos que esperam a plena ressurreição {A
imagem foi encomendada e patrocinada pelo padre Eusébio. A obra é do escultor Max
Hartmann, de Ituporanga (SC)}.
Eis a relação dos confrades que atualmente repousam em nosso cemitério, com
as respectivas datas de nascimento e morte (e o lugar de falecimento): 1. Padre Carlos
Bernardo Rick, 27.8.1907 – 5.2.1937, Taubaté; 2. Padre Clemente Britzen, 19.6.1875 -28.10.1948, Taubaté; 3. Padre Lourenço Foxius, 31.7.1887 – 16.6.1953, Taubaté; 4. Padre João Cristóvão Fischer, 8.9.1878 – 13.8.1954, Taubaté; 5. Irmão Evaristo José Corrêa, 9.9.1910 – 3.11.1955, Taubaté; 6. Irmão Rafael Max Koelling, 13.12.1900 – 18.3.1956, São Paulo; 7. Padre Henrique Baumeister, 9.10.1877 – 29.8.1957, Rio de Janeiro; 8. Padre Pedro Silvestre Storms, 5.2.1879 – 3.1.1961, Taubaté; 9. Padre Pascoal Lacroix, 16.3.1879 – 20.12.1963, Taubaté; 10. Padre Antônio Wollmeiner, 10.6.1878 – 20.12.1964, Taubaté; 11. Irmão Germano Gartner, 4.12.1906 – 29.1.1965, São Paulo, 12. Padre Rodolfo Ignácio Schebesta (clero secular), 26.6.1896 – 4.3.1966, São Paulo {cf. Padre Rodolfo Schebesta nasceu em Kremetschau, Alemanha. Mais tarde, a família Schebesta imigrou para a Repú-blica Tcheca, onde ele foi líder sindical e político influente na cidade de Praga. A ocupação nazista obrigou-o a deixar o país. Foi pároco da paróquia Nossa Senhora da Conceição de Cunha (SP), desde 16.3.1946 a 14.12.1958. Padre Rodolfo era um europeu altamente urbanizado.
Consta que ele foi bem educado, polido e muito trabalhador, porém profundamente adverso à tradição folclórica e proibiu qualquer manifestação dela na cidade. Por este motivo, ele ficou malquisto entre a população. Uma das maiores obras do padre Rodolfo em Cunha, foi a construção de um hospital, a Santa Casa, em 1955. Durante os anos de atividade pastoral nessa paróquia, ele veio a conhecer os nossos padres no Conventinho, principalmente padre Roque Schmitt. Diversos padres do Conventinho ajudaram o padre Schebesta nas semanas santas. Depois que ele deixou essa paróquia, foi exercer o ministério sacerdotal na arquidiocese de São Paulo, perto de Vila Maria. Aí ele procurou de novo os nossos padres na paróquia de Vila Maria. Por
várias vezes, demonstrou o desejo de ingressar na nossa Congregação. Em 1966 ficou
muito doente. Padre Roque Schmitt, com os padres Nicolau Kohler, Aloísio Knob e Pedro Paulo Dias deram assistência no Hospital São José do Brás (São Paulo). Antes de morrer, solicitou a presença do padre Roque e fez o testamento; passou os seus bens para nossa Congregação, manifestando o desejo de ser sepultado no nosso cemitério (cf. Cr. 3. fl. 61v, e mais as informações de padre Roque J. Schmitt, em junho de 1996); Robert W. Shirley, O Fim de uma Tradição, pp. 198 e 282; Cartório do Registro Civil, 20º (Jardim América, SP), Livro 115, nº 125793, fl. 279}; 13. Padre Joaquim Lopes Filho, 25.2.1935 -14.9.1966, São Paulo; 14. Padre Dinis Bezerra (província do Norte), 28.4.1934 – 30.7.1967, Estado do Rio de Janeiro; 15. Padre José Ambrósio Gies, 5.8.1900 – 6.6.1968, São Paulo;16. Padre Dionísio Eth. Lauth, 8.7.1919 – 30.4.1970, São Paulo; 17. Padre Geraldo Claassen, 6.10.1893 – 5.10.1971, Tremembé; 18. Padre Nicolau Hillesheim, 15.1.1918 – 21.7.1972, Rio de Janeiro; 19. Padre Theobaldo Blume, 7.3.1925 – 4.3.1973, São Paulo; 20. Padre Cirilo José B. May, 19.3.1913 – 2.9.1976, São Paulo; 21. Irmão Antônio Büchler, 5.2.1899 –
10.9.1976, Lavras; 22. Padre Adelino Effting, 15.6.1923 – 13.1.1984, Taubaté; 23. Irmão
Ambrósio Brand, 16.12.1906 – 16.1.1984, São dos Campos; 24. Padre Orlando d. Passos Kleis, 9.3.1913 – 19.3.1985, Rio de Janeiro; 25. Padre Francisco José Kunitz, 13.8.1916 – 14.5.1985, São Paulo; 26. Padre Afonso Egídio Rauber, 20.1.1925 – 2.5.1986, São José dos Campos; 27. Padre Valério Germano Cardoso, 28.5.1925 – 9.12.1986, São José dos Campos; 28. Padre Anselmo Schmitter, 13.4.1918 – 3.10.1987, São José dos Campos; 29. Padre Carlos Henrique Fuzão, 15.7.1916 – 26.11.1988, Taubaté; 30. Padre Francisco Schlosser, 8.10.1901 – 23.1.1990, Tremembé; 31. Padre Theodoro Becker, 1.12.1911 – 3.7.1990, São Paulo;
32. Padre Emílio Al. Lunkes, 20.10.1926 – 11.11.1990, São Paulo; 33. Padre
Fridolino Donato Wiemes, 18.8.1923 – 1.4.1991, São José dos Campos; 34. Padre João Bücher, 29.4.1902 – 25.7.1991 (clero secular), São Paulo; 35. Padre Wendelino Wiemes, 7.3.1922 – 19.11.1994, São Paulo; 36. Padre Silvino Vicente Kunz, 10.6.1945 -17.1.1995, São José dos Campos; 37. Padre Germano Better, 5.4.1913 – 21.1.1995, São Paulo;
38. Padre Aloísio Hellmann, 25.11.1930 – 22.3.1996, São Paulo; 39. Dom Antônio
do Couto, 1.11.1927 – 30.7.1997, Taubaté; 40. Pe. Elemar Scheid, 17.1.1936 – 14.12.1998, São José dos Campos; 41. Pe. Mauro Paulo Junklaus, 10.9.1916- 31.8.1999, São Paulo.
“A comunhão que nos une uns aos outros encontra sua plena realização na
eternidade. Assim, ficamos igualmente unidos aos nossos irmãos falecidos, na oração e na esperança” (Cst. 69).
7.5.10 – Nova gruta
Desde que a antiga gruta fora demolida para dar lugar à construção da última ala do
conjunto arquitetônico do Conventinho, pensou-se em construir uma nova gruta.
Após muitas trocas de idéias e propostas de localização, prevaleceu o projeto de construí-la no meio do nosso pequeno bosque, atrás do atual campo de futebol.
Em junho de 1982, iniciou-se uma campanha em prol da construção da nova gruta junto às equipes de Nossa Senhora, assistidas pelos padres. Esta campanha visava arrecadar fundos para comprar o material de construção, bem como a aquisição da estátua de Nossa Senhora. A primeira idéia era de adquirir uma estátua de Nossa Senhora de Guadalupe. Depois de várias considerações, optou-se por ficar com
a estátua de Nossa Senhora de Lourdes, a mesma da gruta antiga.
Com pedras provenientes das pedreiras do bairro das Caieiras, a gruta foi construída
durante o 2º semestre de 1982. Nela trabalharam os fratres e alguns empregados da casa, sob a inspeção de um engenheiro.
Enfim, às 17h30 do dia 11 de outubro de 1982, véspera da festa de Nossa
Senhora Aparecida, em concelebração eucarística presidida pelo padre Silvino Kunz,
com a participação de dom Couto, padre Renatus Boeing e padre Celson Altenhofen, foi inaugurada a nova gruta.
A homilia foi proferida pelo então diácono José Napoleão dos Santos, recordando
o 20º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II (11 de outubro de 1962). Nessa
alocução, o orador procurou tecer algumas considerações histórico-conciliares aos dogmas marianos. Lembremos, a propósito, alguns dados eclesiais relacionados com o dia 11 de outubro e referentes a Nossa Senhora. De fato, foi no dia 11 de outubro de 431, que o papa São Celestino I, no Concílio de Éfeso, proclamou definitivamente Maria Theotokos, isto é, geradora de Deus. Maria foi proclamada “Mãe de Deus”, em oposição à heresia de Nestório, que cindia a unidade pessoal de Cristo. Aos 11 de outubro de 1931, por ocasião do XV Centenário da proclamação de Maria Mãe de Deus, o papa Pio XI publicou a encíclica “Lux Veritatis” pela qual instituía a festa da Maternidade Divina de Maria. Por fim, no dia 11 de 1962, abria-se o XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica (o 2º do Vaticano), no qual o Papa Paulo VI proclamaria “Maria Mãe da Igreja”.
À noite, na gruta recém inaugurada, celebrou-se um “terço ao vivo” com a
participação dos fiéis leigos das diversas comunidades da paróquia Sagrado Coração de Jesus {cf. Cr. 6. fls. 13v-14v.}.
Pe. José Francisco Schmitt, scj.