Memórias da nossa História
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
7.6. Padre José Antônio do Couto é nomeado bispo coadjutor de Taubaté
As crônicas do Conventinho de 1974 não registraram absolutamente nenhuma festividade referente aos 50 ANOS de sua existência. Realmente,não houve comemoração externa alusiva àquela data. Só no início do ano letivo houve uma leve referência ao evento áureo da fundação do Conventinho.
No entanto, a década de 70 foi rica em acontecimentos históricos. Basta lembrar
que aos 14 de março de 1973 foi inaugurada a 1ª parte do novo prédio do Instituto
Teológico SCJ.
No ano seguinte, aos 3 de julho, foi noticiada a nomeação de padre José Antônio
do Couto como bispo coadjutor de Taubaté, com direito à sucessão. Esta nova foi transmitida pela Rádio Vaticano e retransmitida pela Rádio Difusora de Taubaté, na Hora do “Minuto Azul de Nossa Senhora”.
O novo bispo nasceu em Formiga (MG), no dia 1º de novembro de 1927. Estudou
nos seminários de Lavras, Corupá e Brusque. Em Roma fez os estudos superiores para o sacerdócio, sendo aí ordenado no dia 1º de julho de 1956. Foi reitor do Convento SCJ, conselheiro provincial e membro efetivo da comissão para revisão das Constituições da Congregação. Exerceu a função de diretor do curso de teologia para fiéis leigos e para o diaconato permanente (1974 a 1978). Integrou, ainda, o Conselho Presbiteral da diocese, além de assessorar a Pastoral de Conjunto {cf. Cr. 6 (14.6.1951), p. 1}.A cerimônia de ordenação episcopal de dom José A. do Couto, celebrada no domingo dia 18 de agosto de 1974, na catedral taubateana, foi um acontecimento marcante na história da Província Brasileira Meridional dos padres do SCJ, da diocese de Taubaté e do Conventinho.
Presidiu a solenidade litúrgica dom Cármine Rocco, DD. Núncio Apostólico no Brasil.
Estiveram presentes, além do Exmo. sr. bispo Diocesano, dom Francisco Borja do
Amaral (+ 1.5.89): dom Honorato Piazera (+ 23.10.90), então bispo de Lajes (SC); dom
Antônio Ferreira de Macedo, arcebispo coadjutor de Aparecida; dom Benedito Ulhôa,
bispo auxiliar de São Paulo; dom Gabriel Paulino Bueno Couto, bispo de Jundiaí; e, dom José de Matos Pereira, bispo de Barretos.
Destacamos ainda as presenças ilustres: do superior geral da Congregação
dos Padres do SCJ, padre Alberto Bourgeois; do representante do conselho geral da
Congregação, padre Emílio Mallmann; do superior provincial da BM, padre Mauro Paulo Jungklaus; do provincial da BS, padre Pedro Neafs; dos senhores conselheiros da provínciaBM; do ecônomo e secretário provinciais. Estiveram também presentes diversas autoridades civis e militares da municipalidade de Taubaté {cf. Circular SCJ (set. 1974), p. 813}.
Após a missa, nas dependências do Convento SCJ, na Vila São Geraldo, aconteceu
uma recepção com mais de quinhentas pessoas convidadas, em homenagem a dom José A.do Couto e seus familiares.
As cerimônias foram dirigidas pelos srs. Mons. João Maria Raimundo da Silva,
padre Benedito Augusto Corrêa. O então padre Eusébio Scheid foi o comentarista. Quanto às cerimônias da ordenação episcopal, o Exmo. sr. Núncio Apostólico, informalmente, em uma roda íntima, teria manifestado seu entusiasmo e impressões dizendo que “solenidades iguais a essa somente se vêem em Roma” {O LÁBARO (25.8.1974), p. 1}.
Esse marcante acontecimento lembra a vinda dos primeiros padres scj a Taubaté
e o jubileu de Ouro da instalação do Escolasticado teológico. Para resgatar essa memória histórica dos nossos primeiros padres, sua atuação no seminário diocesano e os serviços prestados às paróquias de Taubaté, vamos transcrever um interessantíssimo artigo do Mons. Azevedo, de “O LÁBARO” assim intitulado:
“SAGRAÇÃO DO NOSSO BISPO COADJUTOR – Interessantes coincidências.
Realiza-se hoje, com o divino favor em nossa querida catedral diocesana a sagração
episcopal do nosso bispo coadjutor dom José Antônio do Couto, da ilustre Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Demos graças ao Senhor Nosso Deus! Toda diocese estará representada no esplêndido ato litúrgico, enquanto nas paróquias os fiéis estão de joelhos ante o Senhor.
Interessantes coincidências coroam a grande festa de hoje. Daqui a um mês e dois
dias festejam-se cinqüenta anos da chegada dos primeiros padres do Coração de Jesus aTaubaté, chamados por dom Epaminondas para a direção do nosso seminário diocesano.
Feliz Jubileu de Ouro! Se me lembro – 20 de dezembro de 1919. À chegada do noturno
paulista estávamos na estação para a recepção dos padres – o Revmo. Pe. Victorino
Ferreira, então reitor do seminário, o Revmo. Pe. Israel Luís Moreira, lente do mesmo e
o autor destas linhas, apenas diácono, aguardando idade canônica para o sacerdócio,
professor do seminário. Seria o primeiro a ordenar-se no ano seguinte, sob a direção dos padres do Coração de Jesus. À chegada do noturno, desceram em Taubaté o Revmo. Pe. Guilherme Thoneick, Revmo. Pe. Fernando Baumhoff e o irmão Luís Cronenbroeck. Eram apenas a direção nova do seminário, conservando os demais lentes, até que chegassem outros sacerdotes da Congregação.
No dia seguinte, 21 de dezembro de 1919, estando os alunos em férias, às 10 horas estavam os recém vindos, de joelhos, ante dom Epaminondas, muito comovido. Haviam tomado posse da direção do seminário, após a Santa Missa, às 7 horas, Pe. Victorino, seguiu para Jacareí, a substituir o Vigário Pe. Ângelo Pascoal Benito, em férias na Espanha.
Meses após, chegavam mais dois sacerdotes e um irmão leigo. Tivemos conosco o
grande amigo de Taubaté, padre João Cristóvão Fischer, que deu sua vida ao serviço de nossa diocese. Quando haviam de pensar que já o 3º sucessor de dom Epaminondas seria um membro da Congregação do Coração de Jesus!
Coincidência ainda o Espírito Santo escolher para a sede diocesana de Taubaté,
um dos reitores magníficos da ínclita Faculdade de Teologia apenas há um ano, fundada em nossa cidade. Coincidência – prêmio aos devotados membros da Congregação do Coração de Jesus que com grande devotamento e zelo vêm auxiliando os nossos párocos e vigários no cuidado de seus rebanhos. Lagoinha deve à piedosa Congregação o fervor de seus fiéis. Taubaté, catedral, Santa Terezinha, Quiririm, Tremembé, São Luís do Paraitinga, Natividade da Serra, Redenção, constituem imensos campos de ação onde os Padres do Sagrado Coração de Jesus vêm desde 1919 exercendo seu ministério.
Dom José A. do Couto tem sido, desde muito, fervoroso auxiliar do nosso amado
bispo diocesano, consultor sábio e sereno para os nossos sacerdotes e comunidades religiosas da diocese. Que o bom Deus o conserve por muitos anos, para sua glória e bem dos fiéis.
Osculamos o anel sagrado do nosso bispo diocesano. Dom Francisco Borja do
Amaral, felicitando-o pela graça recebida do Divino Espírito Santo. E que dom José A. do Couto continue a ser para sempre nosso querido bispo diocesano o fervoroso e sempre ativo baculus senectutis” {O LÁBARO (18.8.1974), p. 1}.
Pe. José Francisco Schmitt, scj.