Memórias da nossa História
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
8.2. A grande figura de padre Guilherme Thoneick
Na mesma oportunidade, o arcebispo de Olinda e Recife dedicou uma carta especial ao padre Guilherme Thoneick nesse teor:
“PADRE GUILHERME THONEICK, SCJ É com imensa gratidão que pronuncio o nome desse sacerdote venerando. No horizonte longínquo do meu tempo de criança, entre as paredes austeras do Semanário Diocesano de Taubaté, a saudade arranca das sombras e põe num relevo de luz afigura profundamente querida e imensamente respeitada do Revmo.Pe. Guilherme Thoneick.
A notícia da chegada dos Revmos. padres do Sagrado Coração de Jesus para a direção do seminário, a certeza de sua profunda formação científi ca e austeridade de sua vida religiosa, tudo isso punha no nosso espírito de criança a timidez e a desconfi ança.
Chegávamos das férias sem os conhecer. Mas a primeira figura que nos aparecia, era a de um homem de estatura pequena, de olhar severo temperado de doçura, de fisionomia pálida e serena. E quando começa a falar, a indagar de nossas férias e de nossos estudos, tornava-se tão paternal, tão amigo e ao mesmo tempo tão sobrenaturalizado, que dominava nossas inquietações e nos enchia de confi ança. Era o padre reitor do Seminário de Taubaté – padre Guilherme Thoneick.
1920! Como isso já vai longe. Cursávamos o 3º ano de Ginásio. Padre Guilherme cresciana nossa admiração e na nossa amizade.
Mais do que a ciência, mais do que a sua austeridade religiosa, uma coisa nos enchia
de admiração profunda. Embora trazendo aos ombros a responsabilidade enorme da direção do Seminário Menor e do Maior e acumulando a direção do Ginásio arquidiocesano, nunca o vimos sem aquela tranquilidade segura, à semelhança dos lagos imperturbáveis sob o azul do céu sempre límpido e sempre manso.
A segurança com que manejava o português, os discursos sérios e profundos, a atitude
do ‘homem de Deus’, a força disciplinadora de sua personalidade – esse complexo de alma que inspira confi ança e amor, punha num relevo todo especial em nossa alma o querido reitor de que hoje nos lembramos com profunda saudade e emoção.
Querido padre Thoneick, não fôra a distância enorme que Deus estendeu entre o seu
Semanário da Congregação, no Sul, e a minha querida arquidiocese de Olinda e Recife – e eu estaria presente no dia do seu jubileu de ouro sacerdotal, para beijar-lhe as mãos sagradas como nos tempos de menino e apertá-lo ao coração já meio envelhecido de arcebispo que, quanto mais
pensa no querido reitor do seu tempo de 14 anos, mais o admira e mais agradece a Deus por o ter tido como mestre sábio e prudente e devotado diretor.
Se as saudades tivessem o mágico poder de dar retrocesso ao tempo, teria V. Revma., nesta hora, sob os olhos bons e suaves, o menino de outrora, hoje arcebispo desta imensa arquidiocese Nordestina, para, entre as irrequietudes dos pátios de recreio do querido Seminário de Taubaté, beijar-lhe as mãos sagradas, agradecendo a Deus por ter possuído tão grande e sábio reitor.
Sobre suas mãos cansadas deixe, meu querido padre Thoneick, o arcebispo metropolitano de Olinda e Recife, depositar, no dia do seu jubileu de ouro, o beijo respeitoso da mais profunda gratidão e da mais viva saudade.
AD MULTOS ANNOS!
Dom Antônio” {Ib., op. cit., pp. 27-28}.