MEMÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
QUARTA PARTE
PRESENÇA DEHONIANA NA IGREJA DO VALE DO
PARAÍBA
CAPÍTULO 11
ATIVIDADES PASTORAIS
11.1. Primeiras atuações pastorais
Desde a chegada dos primeiros dehonianos a Taubaté, sem descuidar o ministério eclesial do magistério, os padres dehonianos prestaram relevantes serviços à vasta região valeparaibana paulista pela presença e atuação apostólica.
O primeiro campo de atuação pastoral dos Padres do Sagrado Coração de Jesus foi nas paróquias de Nossa Senhora da Conceição (criada em 1731) de Cunha e de Nossa Senhora dos Remédios (criada em 1872), em Campos Novos de Cunha (Município de Cunha), no interior paulista, então assumidas pela diocese de Taubaté. Coube ao padre Pedro Storms atuar aí como pároco, de julho de 1924 a março de 1925, auxiliado pelo padre Geraldo Claassen, que o sucedeu como pároco até 1º de maio de 1927. Mesmo após a entrega dessas paróquias, por ocasião das festas e das solenidades das Semanas Santas, os padres scj (entre os quais mencionamos os padres Lourenço Foxius, Conrado Rech, Teodoro Becker, João Heidemann) eram convidados para ajudar os párocos dessas paróquias {cf. Cr. 1. fls. 34.36.87; Cr. 2. fl. 41v.}.
No atendimento pastoral junto aos pobres e velhinhos, não se pode omitir aqui, os longos 25 anos de grande dedicação do padre Clemente Britzen ao Asilo dos Mendigos de Taubaté.
Importante o grande trabalho feito pelo padre Fischer junto ao povo simples, pobre e humilde das roças, no interior do município de Taubaté {sob o ponto de vista da história, essas capelas tiveram sua origem nos tempos áureos do café. Em todo esse interior do município de Taubaté, os morros estavam cobertos de plantação de café. As capelas foram construídas em torno das sedes das fazendas. Do final do século passado até a década de 30 deste século, todas essas capelas eram assistidas pelos frades do Convento de Santa Clara. O povo guarda com carinho os nomes de alguns deles: os freis Damião e Jacinto que vieram nesse interior para pregar as missões, em 1913. Mais tarde, vieram os outros frades:
Fernando, Angélico, Salvador, Felicíssimo (conhecido por frei Dante), frei Bruno e frei Paulo. Este último, era ex-combatente de guerra, muito enérgico. Frei Paulo, quando voltava das capelas, não aceitava carona. Voltava sempre a pé. Primava pelas pregações ascético-escatológicas. Esses missionários iam às capelas com carro de boi ou a cavalo. Geralmente ficavam de sexta a segunda-feira hospedados nas capelas}.
Padre Fischer começou a atender as comunidades rurais, especialmente aquelas situadas no trajeto da estrada Taubaté – São Luís do Paraitinga, a partir dos idos de 1925. Diversas capelas foram construídas por ele, como as antigas capelas do Registro, Fortaleza e do bairro do Pinhal. Além dessas capelas, ele atendia as de Santa Luzia, Carapeva, Pedra Negra. Por diversas vezes, na ausência do pároco, chegou a dar completo atendimento pastoral à paróquia de São Luís do Paraitinga.
Com sua morte (em 1954), diversas comunidades do interior ficaram praticamente sem assistência normal. Só por ocasião das festas dos padroeiros, uma vez ao ano, os zeladores procuravam os frades do Convento de Santa Clara.
11.2. Comunidades rurais (1958-1997)
No decorrer de 1958, essas comunidades começaram a ser regularmente atendidas pelo padre Adelino Effting. Ele teve o apoio do ETA (Escola Técnica Agrícola), na pessoa do dr. Roque Vieira, engenheiro agrônomo e de dona Ana Helena Lucci, assistente social do ETA. Esta instituição ofereceu condução e combustível para o atendimento das comunidades rurais. Havia um trabalho bem integrado entre a Igreja e aquela instituição. Eram ministradas palestras sobre a realidade e organização da vida rural. Padre Adelino foi um grande batalhador nas capelas rurais pela sindicalização do homem do campo, chegando a fundar um Sindicato Rural, que infelizmente não vingou {cf. Circular SCJ (mar. 1984), p. 64; Atas do conselho da casa, fls. 124v-125}.
A partir de 1966, padre João Heidemann assumiu o atendimento das capelas rurais. Ele as visitava regularmente segundo um plano de trabalho bem estabelecido durante o ano. No desenvolvimento desse trabalho, padre Heidemann logo se defrontou com um problema. Os veículos (jipes) estavam em péssimas condições de uso. Esse problema, porém, foi resolvido através de uma campanha de bezerros em todas as comunidades, com o objetivo de adquirir um novo jipe, que foi comprado diretamente da Fábrica.
Por diversos anos, os padres do Conventinho atenderam as comunidades Bom Jesus do Ipiranga, São Francisco do Monjolinho, Nossa Senhora do Bom Parto no bairro das Sete Voltas (fundada em 1893), São João Batista do Macuco, (fundada em 1914), Santa Luzia, Santa Cruz da Pedra Grande, Santa Cruz do Ribeirão das Almas, Bom Jesus das Caieiras, Nossa Senhora das Brotas (bairro das Perobas), Mangaló, Barracéia, Pinhal, Registro (capela do Bom Jesus e capela da Imaculada Conceição), Paiol, Santo Antônio do Pastim, Nossa do Remédio, Carapeva, Pedra Negra (capela Nª Aparecida) e Fortaleza.
Além dos padres Adelino Effting e João Heidemann, nos anos posteriores, exerceram ainda o apostolado junto às comunidades das roças os padres Valério Cardoso, Ivo Scheid, Paulo Zellner (+1982), Roque José Schmitt, José Antônio do Couto, Eusébio Scheid, Osnildo Carlos Klann {Padre Osnildo C. Klann chegou a fazer um pequeno estudo sobre o “linguajar taubateano”. Diz o pesquisador no seu estudo: “Descobrimos, não através dos livros, mas, na convivência contínua com o povo da região rural, a riqueza surpreendente do seu linguajar. Nosso povo dispõe um ‘estoque’ fabuloso para se expressar”}, Lucas Scheid, Antônio Hemkemeier (+1988), Darci Dutra e, atualmente, padre Renatus Boeing. Há muitos anos, várias dessas capelas passaram aos cuidados da paróquia de São José Operário.
Desde a década de 70, os fratres começaram a desenvolver um excelente trabalho junto às comuni-dades rurais. Foi dada boa assistência à pastoral da catequese, com a preparação das crianças à Primeira Eucaristia, o acom-panhamento aos grupos de jovens, a celebração do culto aos sábados e domingos e a organização das festas populares.
Nessas lides pastorais, foram organizadas diversas atividades de evangelização, como tardes de encontros e de visitas. Para o encerramento dessas atividades, os fratres solicitavam a colaboração dos padres do Conventinho com celebrações eucarísticas. Por volta de 1975, os fratres (na época lá faziam pastoral os Fratres Afonso Maria e Egídio) tinham à disposição um fuscão, adquirido e mantido pelas capelas. Eram atendidas, ao todo, 18 capelas.
Atualmente padre Renatus Boeing atende as capelas Bom Jesus e Imaculada Conceição (as duas pertencem ao bairro do Registro), Mangaló, Ribeirão das Almas (Santa Cruz), Caieiras (Bom Jesus), Pedra Negra, Santa Luzia e Pinhal. Para este trabalho de atendimento, o padre conta com a valiosa colaboração dos fratres.
José Francisco Schmitt SCJ.