MEMÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
11.6.2. Comunidade do Alto da Imaculada.
A comunidade da Imaculada situa-se numa das colinas da parte sul da cidade de Taubaté, no outro lado da Rodovia Presidente Dutra, no bairro do Alto de São João.
Há alguns anos, os fratres do Conventinho já vinham trabalhando na Comunidade da Imaculada. Existia aí uma capelinha bem antiga sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, que não oferecia mais condições de ser usada. Além de ser pequena, estava muito mal localizada: no alto de um barranco. Entre os fratres mais dedicados à comunidade esteve o frater Aírton Franzner. Ele teve a coragem de demolir a antiga capelinha, mesmo com a oposição de um pequeno grupo de resistentes. Fez vir máquinas da Prefeitura para fazer a terraplanagem.
Com o apoio de um bom grupo de pessoas da comunidade, convidou os engenheiros da Prefeitura para fazer a planta da nova capela. Com campanhas e promoções em todos os finais de semana, foi construído o templo em honra de Nossa Senhora da Imaculada.
Em novembro de 1981, aquela comunidade encaminhou ao governo provincial, através do reitor do Conventinho, um pedido para que o frater Aírton após a ordenação presbiteral continuasse aí ao menos por mais um ano. Mesmo com toda a admiração pelo trabalho do frater, não foi possível atender o pedido {cf. Circular SCJ (dez. 1981), p. 163}.
11.7. O Movimento Shalom
Para documentar os passos iniciais da organização e criação do movimento SHALOM, recorremos à capacidade de memória de dom Murilo S. R. Krieger, scj, bispo de Ponta Grossa (PR). A redação do presente texto está baseada nas informações contidas na carta-resposta enviada por dom Murilo.
Estamos em julho de 1969. O Conventinho acolheu, por três dias, um grupo de jovens de São Paulo e da própria cidade de Taubaté. Foi um acontecimento inédito na região: um Encontro de Jovens para apresentar a pessoa de Jesus Cristo, a Igreja e o apelo lançado, pouco antes, pelo Concílio Vaticano II: que os jovens sejam “os primeiros e imediatos apóstolos dos jovens” (AA 12).
Tudo começou em São Paulo: um grupo de fiéis leigos, tendo participado dos Cursilhos de Cristandade, quis utilizar-se das técnicas desse movimento para atingir – e convencer! – a juventude. Padre Zezinho havia participado das primeiras experiências e falou-lhes da possibilidade de realizar tais encontros no Conventinho de Taubaté. A idéia foi aceita e alguns fratres scj colocaram-se à dis-posição para preparar a casa: O Wagner, o Herculano e o padre Murilo S. R. Krieger. Um dos jovens leigos que trabalhou nesse encontro como dirigente seria, anos depois, religioso e padre scj. Trata-se de Aurélio Mariotto.
O encontro foi uma belíssima experiência. Viu-se que ali estava uma nova pista para o trabalho pastoral com jovens.
Não demorou muito para surgir um problema: o que fazer com as irmãs, namoradas e amigas dos que haviam participado do encontro, e que se sentiam no direito de ter idêntica oportunidade? Logo surgiu a solução: contatada uma equipe de senhoras e jovens de São Paulo, foi organizado o 1o Encontro Feminino, realizado em São José dos Campos.
Um de seus momentos significativos foi a chegada, à diocese de Taubaté, de Roberto Espíndola e dona Liza, que passaram a se dedicar com entusiasmo a esse trabalho com jovens. Outro momento: o então padre Murilo foi liberado, por parte da Congregação SCJ, para a pastoral com os jovens. Os encontros puderam assim consolidar-se, passando a ser conhecidos com o nome de Jornadas de Shalom. Para organizá-las foi criado o MOVIMENTO SHALOM. Nasceram novas frentes de trabalho com os jovens: encontros de aprofundamento (encontrões), cursos, retiros, e o jornal Shalom. A partir de novembro de 1970, as promoções do Movimento passaram a se realizar em Pindamonhangaba, num ex- seminário dos Padres dos Sagrados Corações, que passou a se chamar: “Casa de Shalom” – totalmente à disposição do Secretariado.
Logo começaram a surgir os primeiros pedidos de outras dioceses e o Movimento Shalom expandiu-se também “além-fronteiras”: às dioceses de Marília (SP), Luz (MG), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (Vila Maria).
Voltando para Taubaté, não pode ser aqui esquecido o grande apoio dado pelo então bispo, dom Francisco Borja do Amaral – o apoio moral e concreto: deu um belo terreno onde, no final da década de setenta, foi construída a nova Casa de Shalom – propriedade do Movimento. Esta veio a ser inaugurada a 24 de junho de 1979. Como não ressaltar também o incentivo recebido do bispo que o sucedeu, dom José do Couto, scj – grande amigo do Shalom desde a primeira hora? Foi essencial, além disso, a colaboração dada pelos padres e fratres do Conventinho. O Movimento Shalom passou a ser visto como uma das atividades pastorais normais dos professores, formadores e alunos de teologia dessa casa. Por sinal, era muito rara uma promoção do Movimento que não contasse com a participação de, ao menos, um scj. Mais: os diretores espirituais que vieram a suceder ao então padre Murilo eram da comunidade do Conventinho: padres Silvino Kunz e Celson Altenhofen.
Além da participação da comunidade dehoniana de Taubaté é justo que se mencione uma série de pessoas que ajudaram a dar ao Movimento as características que o diferenciavam dos diversos movimentos de jovens da época. Da lista de fiéis leigos não poderiam faltar o Robson, responsável pela construção da atual casa, o Hodges F. (Tesoureiro), a Paula, o Asdrúbal, a Kelce (Secretária), o Walter, a Magali, a Malu… e uma “multidão” de outros… Dentre os padres scj, o elenco começaria com os já citados e continuaria com padre Eusébio, padre Darci, padre Knob, padre Renato… Outros nomes: padres Hugo Bertonazzi, padre Leite, frei Pedro e frei Mário – Servos de Maria, padre Geraldo – Redentorista…
Para terminar este pequeno relato da história do MOVIMENTO SHALOM, deixemos a palavra com dom Murilo:
“Passados vinte e cinco anos, e escrevendo numa época em que os leitores gostam de números, gráficos e relatórios, sei que alguém poderá estar se perguntando: o que ficou? A resposta poderia ser dada por padres e dirigentes leigos que participaram do início desse trabalho com jovens. Ou pelos que, ao longo dos anos, tinham na Casa de Shalom a extensão de seus próprios lares, tantas horas passavam ali trabalhando. Penso, contudo, que a melhor resposta tem sido dada por jovens que, tendo participado do Movimento Shalom, são os primeiros a testemunhar as marcas positivas que ficaram impressas em seus corações e que transformaram suas vidas. Para mim, – e para não pou- cos scj do Conventinho -, o Shalom foi decisivo: deu uma nova orientação aos meus passos e ao meu sacerdócio” {Carta de dom Murilo (Ponta Grossa, a 1.3.94); Circular SCJ (jun. 1972), pp. 461-463}.
P. José Francisco Schmitt SCJ.