MEMÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
6.4. A Editora SCJ
A Editora SCJ foi fundada em Taubaté, no ano de 1938, pelo padre Lacroix, “por iniciativa própria, com donativos destinados para o seminário” {Carta de padre José Poggel, escrita em Tubarão (aos 9.8.1943), in: Crônicas Schmitz, p. 236}. Esse empreendimento primeiramente foi dirigido pelo próprio fundador e, em seguida, pelo irmão Evaristo Corrêa.
Esta obra tinha por finalidade precípua difundir a literatura católica. Aliás, esse serviço da difusão da boa imprensa já tinha começado em Brusque, com a Tipografia Sagrado Coração (1929), que publicava a revista: Der Wegweiser (O Guia, o sinalizador) e, mais tarde, o Almanaque do Sagrado Coração de Jesus {cf. Busarello, op. cit., p. 160; Koch, op. cit., pp. 61- 62}.
A Editora SCJ de Taubaté deveria estar a serviço da promoção da pastoral vocacional e da manutenção dos seminários. A expectativa do fundador da Editora SCJ era de que os padres, por entre as associações religiosas, organizassem grupos representantes de difusão e assim os fiéis adquirissem suas obras por ela editada. A Editora dava aos padres um desconto de 20% nos livros da casa. Mensalmente eram enviados para os padres as novidades da Editora. Esta ficou incumbida de subsidiar as bibliotecas de Taubaté e Brusque com novas publicações de livros {cf. Boletim da Província SCJ (15.6.1942), p. 6}.
Nos primeiros anos, a obra foi gerenciada pelo padre Lacroix, infelizmente, de forma pessoal e empírica, sem planejamento e sem organização administrativa. Este estilo de conduzir a empresa, desde o início, mostrou-se deficitário. Resultado: a Editora não conseguiu pagar as dívidas. A província teve de pagá-las para salvar o prestígio do idealizador da obra {cf. Carta de padre José Poggel, in: Crônicas Schmitz, p. 236}.
Foi durante o governo provincial de padre José Poggel (1941-1947), que se começou a colocar a província dentro das leis da Igreja e das normas da Congregação {cf. Koch, op. cit., p. 102}. E assim, em abril de 1942, o provincial com seu conselho nomeou um conselho formado pelos padres residentes no Convento de Taubaté, que sob a presidência do reitor tinha a incumbência de apreciar os manuscritos e traduções nas publicações da Editora {cf. Boletim SCJ (15.4.1942), p. 3}.
Graças aos esforços organizativos do padre Frederico Bangder e ao entusiasmo do irmão Evaristo Corrêa, a Editora SCJ chegou a gozar de grande prestígio de Norte a Sul do país {cf. Busarello, op. cit., p. 161}.
Por muitos anos esta Editora influenciou a Catequese no Brasil, com traduções do Catecismo do Professor Spirago e de Monsenhor Thiamer Toth. Foi também a pioneira em livros para a formação da juventude. Lançou ainda vários escritores como Monsenhor Siqueira, dom Antônio Moraes, Monsenhor Ascânio Brandão e outros {cf. José Fernandes, Na Paz do Senhor Jesus, p. 78}.
O nome do padre Lacroix {Padre João da Cruz Pascal Lacroix nasceu na Alemanha, aos 16.3.1879, ordenou-se presbítero na Bélgica. Foi missionário no Zaire, de 1907 a 1915. Desta data em diante viveu no Brasil. Faleceu aos 20.12.1964. Viveu 84 anos, dos quais 61 anos, como religioso e 56 anos como sacerdote. Os seus restos mortais repousam no cemitério do Conventinho} está ligado à Editora SCJ. Ele foi o grande pioneiro da província na frente dos Meios de Comunicações. No seu tempo, a Congregação era conhecida como “os padres do padre Lacroix”. Não há exagero em afirmar, que ele se inspirou em Padre Dehon, de quem foi contemporâneo. Lançou-se de corpo e alma ao “Apostolado da Boa Imprensa”, como era então conhecida a evangelização pelos MCS {cf. José Fernandes, op. cit., p. 78}.
Padre Lacroix era escritor de muitos recursos. Tinha a humildade de confiar seus livros a gramáticos famosos para que suas obras fossem brasileiras de verdade. Algumas obras causaram polêmicas e ele as sustentou corajosamente. Tinha a coragem de denunciar o que julgava errado.
Sobre o apostolado da Boa Imprensa, temos um belo testemunho no editorial de “O LÁBARO”, por ocasião do jubileu argênteo do Conventinho, quando o autor do editorial enalteceu os Padres do Coração de Jesus, pelo grande trabalho realizado por padre Lacroix e por irmão Evaristo. O editorialista enfatizava a importância da atividade bibliográfica da Editora SCJ que levou o nome da cidade de Taubaté e da diocese para todo o Brasil. Proclamava a Editora SCJ como patrimônio de nossa terra e almejava que essa obra se tornasse o centro da difusão da Boa Imprensa para o todo Brasil {cf. O LÁBARO (14.6.1951), p. 1}.
Entre as obras mais importantes do padre Lacroix, editadas pela Editora, elencamos: O MAIS URGENTE PROBLEMA DO BRASIL – O PROBLEMA SACERDOTAL E SUA SOLUÇÃO; SOLUÇÃO DO PROBLEMA SEXUAL; EXISTE INFERNO; A TRILHA DE SANTA TEREZINHA; O ESPIRITISMO À LUZ DA RAZÃO (em parceria com o Cônego Bueno Siqueira); A SOLUÇÃO PELO DÍZIMO.
Além de escritor, padre Lacroix também dirigiu coleções de livros entre as quais a Coleção “PENSAMENTO CRISTÃO” para a Livraria José Olímpio Editora de Rio de Janeiro {cf. José Fernandes, op. cit., p. 78}.
Com a morte do irmão Evaristo (1955) {Irmão Evaristo nasceu em Brusque (SC), aos 9.9.1909. Faleceu de infarto aos 3.11.1955, à porta da Editora, ao regressar do correio (cf. Cr. 1. fl. 65)}, tornou-se difícil a manutenção da Editora. Com muito empenho a obra continuou até 1957, quando todo o acervo foi negociado com a Editora Vozes, Petrópolis (RJ).
O prédio da antiga Editora foi alugado. Em agosto de 1974, o governo provincial aprovou a venda do imóvel. Este prédio localiza-se à Rua Visconde Rio Branco, nº 311, no centro da cidade de Taubaté. O dinheiro resultante dessa venda foi aplicado na reforma no Instituto Dehonista, em Curitiba, e na adaptação da Escola Apostólica Dehonista, em Lavras (MG) {cf. Circular SCJ (dez. 1973), p. 869; Ib. (set. 1974), p. 811}.
Pe. José Francisco Schmitt, scj