MEMÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
6.5. A Filosofia no Escolasticado de Taubaté
A necessidade de criar um curso de filosofia já fora objeto de estudo desde 1928. Refletia-se, com diálogos, opiniões e conclusões, sobre a localização dos nossos seminários. Em 1930, por ocasião da visita canônica de superior geral, padre José Philippe confirmou as propostas de que o Noviciado e o futuro Seminário de Filosofia seriam em Taubaté e o novo Escolasticado em Brusque {cf. Koch, op. cit., p. 80}.
Algumas circunstâncias alteraram a previsão: Noviciado e Seminário de Filosofia ficariam em Brusque ao passo que o Seminário Teológico iria para Taubaté {cf. Ib.}.
A história do curso de Filosofia em Taubaté está ligada à vinda dos primeiros estudantes alemães. Eles já vinham com o curso de filosofia concluído na Europa. A partir de 1930, com os primeiros postulantes brasileiros que após um ano de noviciado vinham a Taubaté estudar filosofia, é que o quadro se alterou. “Os fratres iniciaram os seus estudos na ‘Chácara de Taubaté’ sob a direção dos professores: Revmo. Pe. Clemente Britzen e Revmo. Pe. Cristóvão Fischer” {Cr. 1. fl. 1v.}. O texto das crônicas da casa de Taubaté deixa entender claramente que os primeiros candidatos dehonianos ao curso de filosofia fizeram seus estudos no Conventinho. Era um curso especial para eles. Já no ano seguinte, o curso de filosofia passou para o seminário de Taubaté:
Os filósofos e os dois teólogos ouvem as predições de suas matérias no seminário diocesano (…) Os neo-professos acompanham diariamente os demais no caminho do seminário” {Cr. 1. fl. 2}.
Em 1934, o cronista registra, laconicamente, que em Taubaté “temos somente teólogos” {Cr. 1. fl. 2v.}. Realmente, no dia 17.2.1933 começara o curso de Filosofia em Brusque. A partir de então o Convento de Brusque acolhia nossos estudantes filósofos.
Assim o curso de filosofia passou a funcionar em Brusque até 1949 quando, provisoriamente, transferiu-se para Taubaté {A vinda dos filósofos para Taubaté se fez necessária em vista da reforma e ampliação do Convento de Brusque (cf. Koch, op. cit., p. 12)}. A vinda dos filósofos a Taubaté foi registrada nesses termos: “Sendo a Filosofia transferida de Brusque a Taubaté, chegam às 3h30 da madrugada do dia 6 de março os filósofos, em número de sete. Vieram também os Revmos. Pes. dr. Roberto Bramsiep e Inácio Burrichter. Ao todo somos 15 teólogos e 7 filósofos” {cf. Cr. 1. fl. 24-24v.}. No Ano Santo de 1950, novos filósofos vieram de Brusque para integrar o curso de Filosofia de Taubaté.
O elenco do Escolasticado de Taubaté faz constar 14 teólogos e 10 filósofos. O corpo docente que empolgava esta casa de formação estava assim constituído: padres Pedro Hauer (professor de dogma, no lugar do padre Tomás Gasser), João Cristóvão Fischer (lente de moral e pastoral), Lourenço Foxius (exegese), Francisco Demann (direito, introdução e pedagogia), Clemente Mengerinhausen (liturgia, história eclesiástica e canto gregoriano) {cf. Cr. 1. fl. 27. Em fins de maio de 1950, padre Clemente Meringhausen é transferido para Vila Maria (SP), como pároco da paróquia da Candelária. Em lugar deste assume padre Francisco Kunitz (cf. Cr. 1. fls. 29-29v)}. Na filosofia exerceram o magistério os padres dr. Roberto Bramsiep (professor de filosofia e história da filosofia), Inácio Burrichter (biologia, sociologia) e Teodoro A. Becker, reitor (professor de retórica) {cf. Cr. 1. fl. 27. Em 1950, além dos professores acima mencionados, faziam parte da comunidade: Padre Lacroix e os irmãos Evaristo, Vicente Rosário (desde 3.9.1950) e Honorato Corcetti}.
Neste mesmo ano, padre Francisco Demann foi nomeado prefeito de estudos. Ele organizou uma pequena Biblioteca com ótimos livros, com os mais variados livros de consulta para todas as matérias. Para a época foi uma grande inovação e mereceu elogios por parte da comunidade.
Aos 31 de julho do mesmo ano, veio para Taubaté padre Frederico Winkelmann para substituir padre Roberto Bramsiep {Padre Winkelmann lecionou filosofia, história da filosofia e canto gregoriano (Cf. Cr. 1. fl. 31v; Koch, op. cit., p. 139)} que, em outubro (1950) viajara para Alemanha, após 16 anos de magistério no Brasil {cf. Cr. 1. fls. 31v-32}.
As atividades da comunidade do Escolasticado de 1950 terminaram com o retiro (1º a 8.12) pregado pelo cardeal do Rio de Janeiro, dom Jaime de Barros Câmara. Na festa da Imaculada Conceição, na capela do Conventinho, ordenou presbíteros os diáconos Tadeu Teixeira, Evaldo Feldhaus e Miguel Spies {cf. Cr. 1. fls. 32v-33}.
Aos 9 de dezembro, os fratres filósofos do 2º ano foram em férias, enquanto os demais transferiam-se para Brusque, onde continuariam seus estudos de filosofia. Padre Frederico Winkelmann (nomeado reitor da casa de Brusque) e padre Inácio Burrichter acompanharam-nos à nova residência filosófica {cf. Cr. 1. fl. 34; Koch, op. cit., p. 126}.
A comunidade de Taubaté sediou, pois, o curso de filosofia em dois períodos distintos: entre 1930 e 1932, bem como de 1949 a 1950.
Pe. José Francisco Schmitt, scj.