MEMÓRIAS DA NOSSA HISTÓRIA
Conventinho de Taubaté. Os Dehonianos no Vale do Paraíba
6.6. Efeméride celebrada nesse período
6.6.1. Jubileu de Prata do Escolasticado de Taubaté
No dia 1º de junho de 1951, após um tríduo preparatório, foi celebrada a solenidade litúrgica do Sagrado Coração de Jesus. Neste mesmo espírito preparou-se a festa do grande Jubileu de Prata, os 25 ANOS de existência e de trabalho do Convento Sagrado Coração de Jesus em Taubaté. Este Jubileu deveria ter sido celebrado em 1949, uma vez que o Escolasticado começara a funcionar a 15 de fevereiro de 1924, com o início do ensino teológico na “Chácara dos Padres”.
Para o evento jubilar foi organizada festiva programação: missas às 6h30 e às 7h30, culminando com a solene Eucaristia das 9h, cantada a três vozes e irradiada pelo locutor padre José Luís Ribeiro, pároco da paróquia da Santíssima Trindade, Vila da Graças. A pregação da festa coube ao padre Francisco José Kunitz (+ 1985). À tarde realizou-se solene procissão pelas ruas da Vila, com grande participação popular. Após a bênção solene, cantada a vozes pela “Schola Cantorum” dos fratres, o povo se dirigiu às barraquinhas. Os fratres receberam permissão de festejar com o povo {cf. Cr. 1. fls. 36v-37}.
A festa dos 25 anos do Convento SCJ teve repercussão na imprensa local e até na capital paulista.
6.6.2. Câmara Municipal de Taubaté
O Convento recebeu, na pessoa do padre Teodoro Becker, o Requerimento nº 331/51, com o seguinte teor:
“Comemoram no dia 10 do corrente, os Revmos. Pes. do Convento do Sagrado Coração de Jesus, de Taubaté, o Jubileu de Prata da fundação do “Conventinho”. A Câmara Municipal de Taubaté não poderia deixar de se associar às gratíssimas comemorações de tão expressivo acontecimento. Os beneméritos sacerdotes iniciaram com ardor seus trabalhos em nosso Seminário diocesano, coadjuvando com o nosso saudoso primeiro bispo dom Epaminondas, na formação de sacerdotes. Depois, adquiriram na chamada Ponte Seca apreciável área de terreno, onde iniciaram as obras do Convento, para o qual depois se transferiram, iniciando a obra que deveria se espalhar por todo o Brasil. Inicialmente humilde, a ponto de ser chamado “Conventinho” pela expressão simples do povo, o Convento SCJ cresceu, e tem dado já cerca de cem padres ao Brasil. Duas facetas da vida apostólica desta Congregação queremos salientar neste requerimento: uma, a sua dedicação na formação do clero, outra, a sua abnegada contribuição no apostolado da Boa Imprensa. Na formação do clero, o Convento do SCJ tem contribuído de maneira magnífica. Até 1934, quando em São Paulo começou a se centralizar o ensino do Seminário Maior, os nossos seminaristas eram formados filosófica e teologicamente, com carinho, pelos ilustres professores do “Conventinho”. Nomes como dos Revmos. Pes. Fischer, Thoneick, Pedro, Inácio, Fernando, Clemente, Frederico, Lourenço e outros, jamais serão esquecidos. Nosso clero, que hoje se espalha pela diocese, honrando a Igreja e o Brasil, recebeu lições preciosas desses luminares da Filosofia e da Teologia. Outro trabalho notável dos Revmos. Pes. do Convento SCJ, é o apostolado da Boa Imprensa, do Bom Livro. A cultura e a dedicação que seus sacerdotes têm empregado a favor desta difusão do Bom Livro, é algo de benemérito. O Revmo. Pe. Lacroix, irmão Evaristo, e outros, organizaram a Editora SCJ, que hoje é apreciada e conhecida em todo o Brasil. Assim considerada, em linhas gerais, a obra grandiosa dos Revmos. Pes. do SCJ, e ao ensejo de tão grata ocorrência das festas jubilares do seu Convento, requeremos que em regime de urgência, dispensadas as formalidades legais, na ata dos nossos trabalhos de hoje conste um voto de congratulações em homenagem àquela Comunidade, e que desta deliberação da nossa Câmara se dê conhecimento ao Revmo. Pe. Reitor – Pe.. Teodoro Becker. Sala das Sessões, 12 de junho de 1951. AA) Lino Rodrigues, Licurgo Barbosa Querido, José Olegário de Barros.
NADA MAIS. Taubaté 20 de junho de 1951.
CONFERIDO por João Antônio Monteiro – Encarregado de Expediente” {Cr. 1. fl. 39. Além dessa manifestação da Câmara de Taubaté, a imprensa local através do Jornal Vale do Paraíba (10.6.1951) noticiou o evento com a publicação de uma matéria do articulista Evandro Campos, intitulado “Grato Jubileu”}.
6.6.3. Assembleia Legislativa de São Paulo
O Conventinho recebeu da Assembleia Legislativa de São Paulo o seguinte requerimento nº 677, de 1951:
Considerando a magnífica obra social e educacional desenvolvida pelos padres do Sagrado Coração de Jesus, em inúmeras paróquias e colégios do nosso Estado;
Considerando que nesta semana se comemora, com grande pompa, o 25º aniversário da fundação do Convento dessa Ordem, em Taubaté,
Propomos seja consignado em Ata um voto de congratulações para com o Convento Sagrado Coração de Jesus, em Taubaté, dando-se conhecimento desta homenagem à sua Egrégia Reitoria.
Sala das Sessões, 7 de junho de 1951.
a) Hilário Torloni – René Penna Chaves – Derville Allegreti – Vicente Botta – Ruy de Almeida Barbosa” { 1. fl. 38v.}.
6.6.4. Comemoração de um gratíssimo Jubileu
Após o assentamento documentário das repercussões que teve o Jubileu de Prata da fundação do Conventinho na Imprensa da capital e da Câmara Municipal de Taubaté, faz-se jus registrar aqui a manifestação da Igreja particular de Taubaté através de “O LÁBARO” – Órgão Doutrinário e Noticioso da Diocese. Esta é a íntegra da Mensagem da diocese de Taubaté, transcrita de O LÁBARO:
OS PADRES DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS COMEMORAM O JUBILEU DE PRATA DA FUNDAÇÃO DO ‘CONVENTINHO’.
Na pessoa do Revmo. Pe. Guilherme Govaart, DD. superior geral da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, queremos manifestar as saudações da diocese a toda benemérita Congregação e, particularmente, a piedosa, culta e amiga Comunidade do ‘Conventinho’.
A imprensa diocesana não podia deixar de associar-se às gratíssimas comemorações do Jubileu de Prata do estabelecimento, em Taubaté, do Convento do Sagrado Coração de Jesus, instalado à Vila S. Geraldo.
Vindo para Taubaté, os sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus iniciaram o seu trabalho em nosso seminário diocesano, coadjuvando o nosso primeiro bispo na formação do seu clero.
Adquiriram no bairro da Ponte Seca uma apreciável área de terreno, onde iniciaram as obras do Convento para o qual depois se transferiram. Foi o início da grande obra que depois devia se espalhar por todo o Brasil. O Convento, que o nosso povo chama de ‘Conventinho’ já é a grande sementeira da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, que anualmente envia novos ministros para o Reinado de Cristo nas terras de Santa Cruz.
A comemoração levada a efeito, domingo último, no Convento do Coração de Jesus, na sua simplicidade, teve a mais ampla e significativa repercussão em toda diocese.
Nem poderia ser de outra forma, tais as ligações profundas que esta benemérita Congregação tem com a diocese de Taubaté. De modo particular, queremos salientar, neste rápido registro duas facetas da atividade dos sacerdotes do Coração de Jesus na diocese S. Francisco: o trabalho na formação do clero diocesano e o apostolado da Boa Imprensa.
No primeiro campo de sua atividade muito fizeram os beneméritos sacerdotes para a nossa diocese. Até 1934, quando foi transferido para S. Paulo o Seminário Maior, os nossos sacerdotes filosófica e teologicamente eram formados pelos ilustres professores do ‘Conventinho’. Nomes como os de padres Fischer, Thoneick, Pedro, Inácio, Fernando, Clemente, Frederico, Lourenço e de outros venerandos ministros de Cristo, ilustres pela virtude e pelo saber, jamais são esquecidos. Os nossos sacerdotes, que hoje trabalham nos vários campos do ministério divino junto às paróquias da nossa diocese receberam a cultura do seu espírito na escola destes padres verdadeiros luminares da Filosofia e da Teologia cristã, que em nada ficam devendo aos mais renomados mestres europeus.
Outro prisma da atividade dos padres do Coração de Jesus é o seu trabalho pela Boa Imprensa. Ninguém desconhece o valor de Boa a Imprensa, do bom livro na formação cristã das almas. Os padres do Coração de Jesus, através do trabalho hercúleo de padre Lacroix e do irmão Evaristo, organizaram a Editora SCJ, que hoje é conhecida e apreciada em todo o Brasil. A monumental e imortal obra de Mons. Toth, o grande pregador e escritor da língua “magiar” foi lançada, pela primeira vez, em língua portuguesa pela Editora SCJ. O Catecismo de Spirago anualmente editado, é o livro de texto do ensino religioso em boa parte dos educandários brasileiros. De Norte a Sul hoje se conhece a Editora SCJ.
Com a sua atividade bibliográfica a Editora fez mais conhecida em nosso Brasil a nossa cidade e nossa diocese. A Editora é hoje um patrimônio de nossa terra, por isso é que almejamos se desenvolva cada vez mais, fazendo sempre de Taubaté o centro da difusão da boa imprensa para todo o Brasil.
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O programa levado a efeito, durante a novena preparatória e, principalmente domingo último, concentrou na Capela do Conventinho grande número de pessoas.
A solene missa de domingo, irradiada pela ZYA 8, com o belo sermão do ilustre orador sacro da Congregação, padre Francisco José Kunitz, levou para toda diocese o hino de gratidão do jubilado Convento, despertando nos diocesanos a mais justa alegria pela tão significativa efeméride.
À tarde, piedosa e bela procissão do S. Coração de Jesus, percorreu as ruas da Vila S. Geraldo e adjacências.
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Com este registro, queremos apresentar ao revmo. provincial da Congregação no Brasil, padre Geraldo Claassen, ao jovem e operoso reitor do “Conventinho”, padre Teodoro Becker, e a todos sacerdotes e membros do Convento jubilado, as saudações da imprensa diocesana pela ocorrência tão grata e significativa. AD MULTOS ANNOS” {O LÁBARO (9.1.1951), p. 1.}.
Pe. José Francisco Schmitt, scj.