O SÃO PAULO HOMENAGEIA PADRE ZEZINHO
Padre Zezinho: acima de tudo, um sacerdote do Coração de Jesus
O SÃO PAULO homenageia o sacerdote de 80 anos que evangelizou diferentes gerações Padre Zezinho, SCJ, completou 80 anos em 8 de junho (Paulinas Comep/Divulgação).
“Um certo dia… Apareceu um jovem… Seu jeito simples de conversar… Tocava o coração de quem o escutava…” Os versos dessa canção lançada em 1975 contam a história de um “Certo Galileu”, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus.
Seguindo os passos desse Mestre, o autor da música, Padre Zezinho, SCJ, também pode ser considerado “o fenômeno do jovem pregador”, que busca, com a sua vida e obras, ensinar a “amar como Jesus amou”.
E quem dá testemunho do homem de fé por trás dessas canções e escritos são religiosos que conviveram com ele.
Um deles é Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, Arcebispo Emérito de Salvador (BA), que conheceu o Padre Zezinho ainda na infância, em 1956. “Cheguei a Corupá (SC) ‘para estudar para ser padre’, na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Matriculei-me na 5ª série. Ele estava na 8ª”, relatou Dom Murilo. Nessa época, o pequeno Zezinho já escrevia seus primeiros poemas vocacionais e pedia ao amigo que os declamasse nas festas do seminário. “Só que eu não sabia que tais poemas haviam sido escritos por ele, pois ele inventava o nome dos autores. Só mais tarde é que descobri ser ele, o seminarista José Fernandes de Oliveira, o verdadeiro autor”, contou o ex-colega de seminário.
Primeiros passos
Quando Padre Zezinho retornou ao Brasil depois de concluir os estudos teológicos nos Estados Unidos, em 1966, ele tinha 25 anos e foi designado para coordenar o trabalho vocacional na congregação, ficando responsável pelo Santuário São Judas Tadeu, em São Paulo (SP). Pouco depois, ele começou a tomar parte em um trabalho com a juventude.
“Lembro-me de quando ele apareceu em Taubaté (SP) com uma caixa de discos, daqueles pequenos, com umas quatro músicas suas. Pensei com meus botões: ‘Só faltava essa!…’ Pois não é que deu certo?”, disse Dom Murilo, sublinhando o apoio dado pelos superiores da congregação aos projetos evangelizadores do amigo.
Simplicidade
Padre Anísio José Schwirkowski conheceu Padre Zezinho em 1990, durante um retiro para jovens na cidade de Brusque (SC).
Anos depois, ingressou na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos). Quando cursava os últimos anos do seminário, o jovem Anísio foi designado para cuidar dos pertences do Padre Zezinho, especialmente do material do pequeno estúdio que ele tem no Convento de Taubaté, onde reside até hoje.
Entre as características do Padre Zezinho, seus confrades ressaltam o desprendimento. “Ao cuidar das coisas pessoais do Padre Zezinho, descobri que ele é um homem pobre. Ele é rico apenas nas poesias, canções e na linguagem. Inclusive, de tempos em tempos, ele tirava as coisas que ganhava de presente nos shows e viagens e ficava apenas com o essencial”, lembrou Padre Anísio.
Desapego
O sucesso das produções do Padre Zezinho ao longo desses 50 anos sempre teve uma destinação: a evangelização. Quem testemunha isso é o próprio Dom Murilo, que chegou a ser superior provincial da congregação na década de 1980. “Padre Zezinho muito arrecadou com seus discos, livros e shows. Contudo, ele não tem a menor ideia de quanto ganhou ou ganha, pois o que lhe cabe sempre foi depositado diretamente na conta da congregação. Muitos seminaristas, hoje padres, foram formados graças aos seus trabalhos. Ele vê isso com muita naturalidade”, afirma o Arcebispo Emérito. Padre Anísio confirma isso, pois no período em que assessorou o Padre Zezinho, cuidava da documentação referente aos direitos autorais. “Ele nunca quis ver os valores, não se preocupava com isso, pois sabia que o dinheiro caía direto na conta da congregação”, disse.
Fidelidade e obediência
Seus irmãos de congregação também destacaram a fidelidade do Padre Zezinho à Igreja. “Seus livros, as letras de suas músicas e os textos de suas palestras, além de abordarem temas atuais, procuram estar de acordo com o que a Igreja ensina. Quando advertido sobre algum ponto que precisa ser corrigido, ele aceita fazer as correções, sem problemas”, observou Dom Murilo.
“Padre Zezinho sempre foi um religioso obediente, em primeiro lugar, ao seu superior provincial, e, depois, aos bispos da Igreja. Quando era marcado um show em alguma cidade, ele sempre pedia que antes entrassem em contato com o bispo diocesano.
Ele não pisa em uma diocese sem a autorização do bispo. Essa visão da comunhão da Igreja sempre foi algo essencial para ele, e isso era reconhecido pela hierarquia”, enfatizou Padre Anísio.
Conectado
Nas inúmeras entrevistas que já concedeu ao longo de seu ministério, Padre Zezinho sempre afirmou que não se considera um artista, mas um catequista. Seu sacerdócio e a missão de ensinar a Palavra de Deus e a doutrina da fé sempre foram uma prioridade.
Para realizar essa missão, ele sempre buscou se atualizar e usar dos meios mais atuais para evangelizar. Isso não foi diferente com as redes sociais. Logo, ele quis conhecer e interagir com o público.
Foi por meio dessas redes que o jovem seminarista salesiano Pedro André Pinto Junior fez o primeiro contato com o Padre Zezinho. “Em 2013, enviei uma solicitação de amizade no Facebook e ele aceitou. Depois de um tempo, eu me coloquei à disposição dele para ajudá-lo na criação e na gestão de sua página no Facebook e do perfil do Instagram, desde que meu nome não fosse divulgado. Acredito que ele tenha gostado da ideia”, contou o Salesiano, que atualmente cursa mestrado em Comunicação Social em Roma.
Os dois só se conheceram pessoalmente no ano seguinte e, dali, nasceu uma amizade. “Hoje em dia, o Padre Zezinho caminha muito bem sozinho nas redes sociais”, ressaltou Padre Pedro.
“O Padre Zezinho recebe muitas mensagens, e a maioria delas é muito parecida: ‘Meu sonho é conhecer o senhor’! ‘Suas músicas e seus livros fazem parte da minha vida desde criança’. Boa parte dos que mandam essas mensagens não são católicos, ou seja, ele é catequista e pastor também de ovelhas de outros redis”, destacou o Salesiano.
A fonte
Os sacerdotes são unânimes em afirmar que todo o repertório musical e literário do Padre Zezinho tem uma única fonte. “A espiritualidade do Padre Zezinho é toda fundamentada no Coração de Jesus. Suas canções e escritos transparecem essa espiritualidade”, afirmou Padre Anísio.
Por fim, Padre Anísio enfatizou que a grandeza de José Fernandes de Oliveira está no seu apelido: Zezinho. “Ele podia ser mais famoso, poderia escolher outro caminho. Escolheu, porém, o caminho de estar unido à Igreja, ser obediente, pobre, estar em sintonia com a congregação da qual faz parte. Portanto, sua grandeza está em ser pequeno e, porque é pequeno como o próprio Jesus ensinou, ele grande”, concluiu.
O São Paulo/Semanário da Arquidiocese de São Paul0 (https://osaopaulo.org.br/)