Surgiu a ideia de aproveitar Espaços e Laços para oferecer, ao menos duas vezes ao mês, comentários e indicações de leituras interessantes nos diversos campos da teologia. Essa iniciativa, assim se espera, poderá contar com a colaboração de todos aqueles que conhecem literaturas relevantes e desejam indicá-las.

Para esta edição faço referência à repercutida obra de José Antonio Pagola. Jesus: aproximação histórica. Pagola é um conhecido teólogo espanhol com enfoque em Cristologia.

A referida obra cumpre o que o título sugere: em quinze capítulos faz uma aproximação do ambiente histórico e do estilo de vida de Jesus de Nazaré: o contexto vital; a família; a forma de pregar; o profetismo; a solidariedade com os pobres; o relacionamento com as mulheres; a maneira singular de conceber Deus; a forma de anunciar o Reino de Deus; a relação conflitiva com movimentos religiosos tradicionais; os elementos históricos de seu martírio; e a ressurreição. A dinâmica é sempre a mesma: perceber, com o maior grau de proximidade possível, as circunstâncias históricas envolvendo a vida de Jesus.

Pagola superou aquele otimismo próprio da Teologia Liberal (uma corrente bíblico-teológica que, entre outras coisas, tentou construir a biografia de Jesus, através dos métodos históricos e críticos, livrando-o da roupagem mítica da literatura bíblica e das caracterizações dogmáticas construídas pela Igreja). O autor não se ocupa especificamente de contar a história de Jesus, mas contar a vida de Jesus dentro de um contexto histórico que lhe foi próprio. Por isso não se trata de uma obra de cristologia stricto senso.

O autor tem a sensibilidade de escrever com uma linguagem simples com o intuito de aproximar a pessoa de Jesus e sua mensagem ao homem e mulher de hoje. O livro é de leitura fácil e agradável.

Faz-se necessário reconhecer que, em determinados momentos, algumas afirmações do autor carecem de maior fundamentação. Algumas afirmações que causam polêmicas não são enfrentadas com todo o rigor necessário. Essa obra foi criticada por uma parte do episcopado espanhol. A crítica principal versa sobre o fato de a pessoa de Jesus ter sido tomada somente a partir da sua realidade histórica. Nesse caso, toda a leitura teológica feita sobre Jesus pelas comunidades cristãs e que deram origem aos textos do Novo Testamento não é tida como relevante na obra. Tal crítica é verdadeira. Contudo, a obra em questão faz uma opção metodológica e se mantem fiel na opção feita. Trata-se de um interesse de natureza histórica. Cabe ao leitor perceber os limites próprios da obra que, em nenhum momento, pretender ser uma síntese cristológica.

É uma leitura recomendada e que ajudará o leitor a se situar com maior precisão no contexto de mundo vivido por Jesus.

PAGOLA, José Antonio. Jesus: aproximação histórica. Petrópolis: Vozes, 6 ed. 2011.

O site da editora apresenta ainda a sexta edição de 2011. Tenho informações, embora não muito precisas, que a obra já está na sua nona edição. O site da editora vende o livro por R$ 95,00. Mas sites de busca na internet apresentam preços mais em conta em outras livrarias.

Pe. M. Batalioto.