PADRE DEHON EM VISITA A SANTA CATARINA (3)
31 de Outubro: Dia 31, terceiro dia de viagem: a mesma natureza tropical. Subimos inúmeros morros. Passamos por uma aldeia polaca. Os padres de São Bento e alguns leigos a cavalo vieram ao nosso encontro. Bela demonstração!
Chego extenuado, não sem ter vertido algumas gotas de sangue. A
estrada Dona Francisca ficará por muito tempo gravada em minhas memórias. Necessito de vários dias de repouso.
São Bento é uma bela aldeia situada num vale bastante estreito, cercada de várias colinas. É uma colônia alemã em que predominam os protestantes. A casa paroquial fica na entrada da aldeia, em cima da colina mais alta. Recentemente caiu um raio no quarto do vigário, deixando seu rastro em ziguezague nas paredes. Encontra-se em construção uma bonita igreja perto da residência paroquial. A igreja velha na outra extremidade do povoado era pequena e pobre. Não fazia boa figura diante da igreja protestante. Os nossos padres estão empenhados na construção da nova igreja. São eles os arquitetos. Eles mesmos angariam os fundos, mas os fiéis são generosos. Mesmo colonos modestos trazem gratuitamente o material de construção. Uma boa escola católica é mantida por um alemão. As crianças da escola andam descalças, tanto na rua como na igreja, mesmo as de famílias ricas. É o costume da região.
São Bento fica a 800 m de altitude; o clima também é temperado. No jardim da casa paroquial há pessegueiros, macieiras e legumes de nosso país. Debaixo das janelas há hortênsias floridas. Em outubro é a primavera. As frutas aparecem em janeiro.
Gosto da casa paroquial. Ali pode-se trabalhar com calma. Mas estou todo moído da viagem e me arrasto com dificuldade durante alguns dias. Leio a história do Brasil, livro que irei terminar em Itajaí.
1º de Novembro: Festa de todos os santos. A igreja está cheia em todas as missas. O povo na sua maioria é protestante, mas várias colônias dos arredores são católicas. A paróquia possui quatro capelas rurais. Há colonos alemães, italianos e polacos. Alguns colonos vieram visitar-me. 25% das coletas é entregue ao bispo para as despesas da diocese; é muito!
Circular SCJ – 15 anos de BSP e BRM.