PADRE DEHON EM VISITA A SANTA CATARINA (6)
As colônias
O Estado de Santa Catarina é a parte do Brasil que mais lucrou com a colonização dirigida pelo governo e cuja população é constituída na maioria por estrangeiros ou filhos de estrangeiros. Certos patriotas alemães com euforia viam nascer a futura Alemanha no Novo Mundo, nos Estados de Santa Caterina e Rio Grande do Sul. A língua alemã prevalece em muitos distritos e, graças à educação mais profunda ministrada por escolas alemãs, o Estado de Santa Catarina, ainda fraco em população, exerceu alguma influência na Federação brasileira, que outros Estados não conseguiram. Santa Catarina deu ao Brasil Lauro Mueller, que tanto contribuiu par o embelezamento e enriquecimento do Rio.
Foi em 1849 que uma sociedade comercial de Hamburgo importou os primeiros colonos alemães que se estabeleceram às margens do rio Cachoeira. O povoado nascente recebeu o nome de Joinville em honra do príncipe francês a quem se havia concedido um território de cerca de 150.000 quilômetros quadrados como o dote de Dona Francisca, irmã do Imperador. Os colonos mais favorecidos que outros, depois receberam lotes bem escolhidos, acessíveis por boas estradas. Logo a região tomou o aspecto de um rico povoado alemão, com plantações iguais às da pátria-mãe. Joinville e Blumenau, com suas ruas direitas, largas e sombreadas!
Suas casas são rodeadas de jardins, onde crescem ciprestes e chorões, parecem ter tomado por modelo o tipo de uma casa da Renânia. A metade dos habitantes desses municípios são alemães, e os demais são italianos ou poloneses. Muitos são protestantes.
Ali se encontram cervejarias, destilarias, carroçarias e outras fábricas e oficinas. As carroças transportam aos respectivos portos de São Francisco e Itajaí, sobretudo o mate, mas também o fumo, o milho, a farinha de mandioca, a cerveja e outros produtos agrícolas.
Os alemães no Brasil não fazem política, são antes de tudo colonos e aos poucos se tornam brasileiros. Nos Estados de Santa Catarina e Paraná há também grupos eslavos, vindos da Polônia austríaca e prussiana. Sobretudo em Curitiba e Palmeira. Nos dias de festa essas duas cidades fazem lembrar as cidades da Galícia. Os colonos do Paraná são aproximadamente cem mil, ou seja, um terço da população. Lazaristas e Redentoristas trabalham com eles. Conservam sua língua e seus costumes, e até editam seu jornal.
Os colonos italianos também são numerosos nessa região, e continuam a crescer. A metade da paróquia de Brusque é italiana. Também São Bento tem capelas italianas. São bons colonos vindos do Bergamasco e do Tirol. São muitos trabalhadores. Conservaram sua fé. São menos apegados à sua língua que os alemães, e se misturam bem depressa com os brasileiros.
Circular SCJ – 15 anos de BSP e BRM.