PADRE DEHON EM VISITA A SANTA CATARINA (8)
09 de Novembro: Fiz um passeio ao farol, no mar. As obras do porto serão bem executadas? Pessoas do povo dizem que o rio, contrariado em seu curso, vai se vingar e vai romper os diques…
09 de Novembro: Partida para Brusque, às 4 horas da manhã para evitar o calor: 40 graus na carroça. A estrada é dura em sua segunda parte. A colonização progride ao longo da estrada. As árvores são queimadas para que as plantações possam se desenvolver. Há algumas plantações de arroz semeado nas roçadas mediante processos rudimentares. Nenhuma povoação ao longo da estrada. Os pássaros cantam agradavelmente de manhã, antes do calor. Nossos padres em Brusque: P. Stolte e seu cooperador, vieram ao nosso encontro com uma bonita cavalgada; o prefeito e mais os conselheiros da paróquia também vieram.
Capítulo XXVIII
Brusque – Guabiruba – Costumes
Não se vê Brusque, a não ser chegando lá. Aparece rodeando um
pequeno vale. Nossa casa e a igreja ficam numa colina na entrada da região. De lá desfruta-se um bonito panorama do povoado, bem como do vale cultivado e das colinas arborizadas. A igreja é a melhor da região; foi construída no passado pelo Estado. Brusque tem 15 capelas e 10 mil católicos. Neste ano houve 13 mil comunhões e 500 batizados. Nossos padres trabalham muito. Ao contrário as outras colônias alemãs, os católicos predominam nesta aldeia. Existe uma igreja protestante, mas sem pastor residente. Perto da igreja existe um bonito local para uma casa paroquial. A natureza é bela. Os ingazeiros, belas árvores de flor branca, sombreiam os cafeeiros e reduzem o calor muito forte e a chuva grossa. A flor da Paixão (passiflora) alegra os jardins e as matas. As nogueiras do Brasil, bem diferentes das nossas, dão frutos compostos: três a quarto numa casa.
As formigas são terríveis. Desnudam as árvores. Fazem curiosas procissões, carregam entre suas antenas, quais bandeiras, fragmentos de folhas e de flores.
Recebo visitas: o juiz que fala francês, colonos, as filhas de Maria. Há
alguns negociantes ricos. Os Bauer e os Renaux são milionários. Compram os produtos da região: milho, arroz, madeira, para exportação e pagam os produtos comprados com mercadorias importadas. Os Bauer possuem um vapor, o Rudi, que viaja ao Rio e mais vários veleiros. O povo é excelente: os italianos são de Bérgamo e do Tirol.
Reservo alguns dias para descanso, ao mesmo tempo em que escrevo
e leio. Visita à capela de Guabiruba, onde nossos padres vão cada domingo. É uma colônia badensa. A família Kormann é todo-poderosa e devotada à religião. A igreja está sendo aumentada. Visita à residência: cozinha separada como em toda a parte no Brasil, forno, armazém de bananas, batatas, etc.; estábulo, celeiro para o milhão, jardim bem cuidado; flores de cera, flores cor de Maria, flores de Natal, ameixas.
Na região existem várias seitas religiosas: metodistas bem organizados, adventistas que esperam o Messias.
13 de Novembro: Houve uma boa reunião dos nossos: sete padres estão presentes. Programação das colocações a serem feitas.
Circular SCJ – 15 anos de BSP e BRM.