RELATOS DE UM ENCONTRO DE FORMADORES EM ROMA
A chegada em Roma foi bem tranquila. Embarquei em Guarulhos à noite, cansado e sabia que não iria conversar muito pois estava sozinho e queria mesmo dormir. Por isso, chegar ao aeroporto de Fiumicino, carimbar o passaporte, passar pela alfândega e encontrar o P. Zeferido Policarpo, português que atualmente coordena os projetos da formação da Congregação, foi realmente muito bom. Nunca tínhamos nos visto pessoalmente e há alguns meses conversávamos sobre minha participação nesse encontro. A fraternidade dehoniana rompe todas as barreiras próprias de um primeiro encontro. Se apresentou como um irmão, confrade, formador como eu. Ajudou com a mala, e logo começou a perguntar sobre o Brasil.
O tempo estava nublado, sem muita luz e ao chegar à Casa Geral entramos pela garagem e saímos diretamente no refeitório onde todos já estavam almoçando. Eram uns sessenta dehonianos conversando alto e partilhando a vida e uma bella pasta con vino rosso. Quando os brasileiros me viram chegando foi uma festa, abraços, risos e uma acolhida que nós realmente sabemos fazer.
Também estavam ali os padres Damião e Lucas, que haviam chegado a Roma há poucas horas para uma temporada de estudos de comunicação e patrística, e que também estavam sendo acolhidos por todos. Foi bom chegar no mesmo dia que eles e ser testemunha dessa alegria e ao mesmo tempo um certo receio do que vem pela frente. Estavam felizes, e isso era muito nítido no semblante deles.
O Encontro de Formadores dos Escolasticados teve inicio no dia 16 de abril e encerrou-se no dia 20. Eram 19 participantes de 15 países diferentes. A riqueza das partilhas foi o carro chefe desse encontro. A metodologia utilizada foi de reuniões em grupo, ora por área geográfica, ora por grupo linguístico, e depois plenárias. Encerrávamos o dia com a missa, cada dia em uma língua diferente.
Na quarta-feira tivemos a manhã reservada para irmos à Praça de São Pedro para a audiência pública com o Papa Francisco. Experiência realmente única, especial. Na quinta pela tarde tivemos uma palestra com o Padre Giuseppe Mariano Roggia, professor da Pontifícia Universidade Salesiana, que nos ajudou a refletir sobre os desafios atuais da formação na formação inicial.
As reflexões ao longo da semana passaram por diversos pontos importantes como, por exemplo, ajudar o formando no discernimento vocacional; formar na gradualidade valorizando cada etapa; formar na identidade dehoniana, na internacionalidade e interculturalidade; formar para afetividade saudável e para os desafios dos meios de comunicação atual. Enfim, muitas reflexões interessantes e atuais que se enriqueciam com as experiências culturais de cada um. A experiência de um encontro como esse enriquece na missão e, pelo menos a mim, faz com que sinta mais de perto o que é ser dehoniano.
Alguns desafios ficam para nós aqui do Brasil diante de toda a realidade da Congregação no mundo. O estudo mais sistemático de uma segunda língua precisa ser mais cuidado entre nós; formar uma cultura dehoniana aberta para a missão da Congregação; ter um intercâmbio formativo maior entre as entidades da América do Sul; entre outros desafios. Mas ficam também as boas experiências que já realizamos e que são muito ricas.
Em nossa casa em Roma tinha também outro assunto muito comentado na “boca miúda”: quem será o novo Padre Geral? Como será o Capítulo? Será um Governo de continuidade ou um Governo totalmente novo. E aí, caros confrades, tem muito assunto para falarmos…. mas não faz parte desse relato. Quem sabe num outro momento…
P. Djalma Lúcio M. Tuniz
Reitor do Convento SCJ, Taubaté/SP