REMINISCÊNCIAS DE BRUSQUE (DOM HONORATO PIAZERA)
Irmã Conitrudes era uma pessoa alegre e expansiva. Para nós era uma mãe. Divertia-se conosco até no futebol, quando então ficava “no golo”. A superiora da comunidade era a Irmã Eugeltruds. Lembro-me que tinha uma cicatriz no rosto. Era bondosa e muito compreensiva.
No tempo livre ajudávamos um pouco nos trabalhos de limpeza dos pátios, na horta e cortávamos lenha. Todos os dias íamos cedo à igreja matriz, para participar da missa. Ajudávamos também na limpeza da igreja, varrendo e passando pano para limpar o pó dos bancos.
Em princípios de setembro de 1924 vieram os 3 estudantes de Taubaté. Até então estávamos distribuídos nas salas de aulas do Colégio Santo Antônio, de acordo com o grau de estudos. Alguns passaram a ter aulas na casa paroquial. Encontrava-me eu neste grupo. Pe. Inácio Burrichter, que acompanhara os 3 de Taubaté, passou a ser nosso professor, juntamente com o Pe. Germano. Assim, tínhamos um pouco de latim e de francês.
No início de dezembro houve encerramento das aulas. Ainda antes da festa de Natal fomos a Porto Franco, hoje Botuverá. Se bem me lembro, fomos a pé; uma carroça levava nossa bagagem, pois lá passaríamos as férias. E foram bem divertidas. Fomos alojados na antiga casa paroquial, tendo Pe. Inácio como assistente. Tínhamos missa todos os dias e dedicávamos um pouco de tempo ao estudo ou leitura. O banho no rio Itajaí-Mirim era quase diário. Fazíamos também passeios. Assim, passamos uns 2 ou 3 dias em Ribeirão do Ouro, na casa do Sr. Werner. De lá fomos ver as grutas de Vargem Grande. Em fins de janeiro ou começo de fevereiro retornamos a Brusque, alojando-nos, agora, no prédio novo do Seminário. Lia-se no frontespício: “Colégio Sagrado Coração de Jesus”. Faltavam os acabamentos; muitas portas e janelas eram ainda provisórias. O número de alunos aumentara para 25. Uma boa turma tinha vindo do Sul e outros do Norte do Estado. Em poucos dias nos ambientamos. Uns eram pequenos, outros já grandes. Mas o entrosamento foi rápido graças ao regulamento e programa para cada dia. A turma foi distribuída em duas classes ou séries: Preliminar e 1º ano ginasial. Graças à coragem e à confiança no Sagrado Coração de Jesus, a Congregação concentrou os seminaristas em Brusque e foi organizando o Seminário Menor nos moldes de outros seminários já existentes no País. Pode-se assim dizer que Brusque tornou-se o “berço” da atual Província Brasileira Meridional. Esta obra devia ter nascido uns 20 anos antes, quando da vinda dos primeiros padres S.C.J. ao Brasil-Sul (1903). São desígnios da Divina Providência. Há os que pensam que houve atraso de 20 anos. A verdade é que, como aconteceu, a obra foi iniciada e cresceu sob as bênçãos de Deus. Oxalá continue produzindo muitos frutos!
Circular SCJ – 15 anos de BSP e BRM.