SABERES E SABORES
O Cocheiro do Rei sabe lidar com os cavalos
Certo homem rico comprara dois cavalos de raça, esplêndidos, e tencionava ser ele mesmo a amestrá-los. Como não entendia muito de cavalos, guiava aqueles animais, como eles queriam ser guiados, de sorte que, em pouco tempo, o porte daqueles dois cavalos tornou-se o mais miserável que se possa imaginar: um olhar lânguido e sonolento, andadura sem nobreza, imensos caprichos, saúde escassa, sempre cansados e sempre à beira de não caminharem.
Ficaram assim até que o homem resolveu confiá-los ao próprio cocheiro do rei. Em um mês, não havia em todo reino uma parelha de cavalos de tão belo porte, com a cabeça tão altiva e o olhar afogueado, capazes até de se lançarem a uma corrida de sete milhas, sem pararem. O cocheiro era um verdadeiro entendido, que conduzia os cavalos como eles devem ser conduzidos e não como eles o queriam.
Os cavalos são as faculdades humanas; o proprietário é o homem que pretende guiar se sozinho; o cocheiro do rei é o Espírito Santo. “Ah, se os homens percebessem a sorte que tem quando é o cocheiro do rei a tomar as rédeas!” (S. Kierkegaard).
Também nós, os fiéis, devemos evitar a tentação de pretender dar conselhos ao Espírito Santo, em vez de recebê-los. O Espírito Santo dirige a todos, sem ser dirigido por ninguém; Ele guia, não é guiado!
Frei Raniero Cantalamessa, Vem, Espírito Criador!, pp. 512-513