SABERES E SABORES DE ESSENCIALIDADE: RÓTULOS
A nossa vida é como uma garrafa de vinho generoso. Existe quem se satisfaça só com ler o rótulo, enquanto alguns provam o conteúdo.
Buda, um dia, mostrou aos seus discípulos uma flor e pediu-lhe que dissessem uma coisa qualquer a seu respeito.
Olharam, em silêncio, para a flor por certo tempo e, logo, um deles sobre ela fez uma erudita preleção.
Um outro fez sobre ela uma poesia e um terceiro compôs uma parábola, tentando cada qual sobrepujar o seu colega em arte e profundeza.
Mahakashyap, porém, olhou a flor, sorriu silencioso… e nada disse.
Apenas ele tinha visto a flor!
Fabricantes de rótulos! Ah, se eu pudesse “saborear” um pássaro, uma flor, uma árvore, um rosto humano!
Infelizmente, porém, não tenho tempo! Ando ocupado demais em ler os rótulos e produzir alguns de minha própria autoria. E assim nunca me deixo inebriar com este vinho.
Anthony de Mello, O Canto do Pássaro (https://books.google.com.br/books).