SABERES E SABORES DE IDENTIDADE
A Águia e a Galinha
Um camponês criou um filhote de águia junto com suas galinhas, tratando-a da mesma maneira que tratava as galinhas, de modo que ela pensasse que também era uma galinha. Dava a mesma comida jogada no chão, a mesma água num bebedouro rente ao solo, e fazendo-a ciscar para complementar a alimentação, como se fosse uma galinha. E a águia passou a se portar como se galinha fosse. Certo dia, passou por sua casa um naturalista, que vendo a águia ciscando no chão, foi falar com o camponês:
– Isto não é uma galinha, é uma águia!
O camponês retrucou:
– Agora ela não é mais uma águia, agora ela é uma galinha!
O naturalista disse:
– Não, uma águia é sempre uma águia, vamos ver uma coisa.
Levou-a para cima da casa, elevou-a nos braços e disse:
– Voa, você é uma águia, assuma sua natureza!
Mas a águia não voou, e o camponês disse:
– Eu não falei que ela agora era uma galinha!
O naturalista disse:
– Amanhã veremos.
No dia seguinte, logo de manhã, eles subiram até o alto de uma montanha. O naturalista levantou a águia e disse:
– Águia, veja este horizonte, veja o sol lá em cima e os campos verdes lá em baixo, veja, todas estas nuvens podem ser suas. Desperte para sua natureza, e voe como águia que és.
A águia começou a ver tudo aquilo e ficou maravilhada com a beleza das coisas que nunca tinha visto, ficou também confusa no início, sem entender o porquê tinha ficado tanto tempo alienada. Então, ela sentiu seu sangue de águia correr nas veias, perfilou, devagar, suas asas e partiu num voo lindo, até que desapareceu no horizonte azul.
“Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar” (Helen Keller).
Ana Cláudia, Parábolas (https://pt.slideshare.net/aclmoraes/parbolas).