SABERES E SABORES: VOCAÇÃO
Surfista que morreu pegando onda pode virar santo católico
Um surfista que morreu pegando onda pode se tornar o primeiro santo carioca. Já corre no Vaticano o processo de beatificação de Guido Schäffer (1974-2009), o jovem médico e seminarista que adorava o mar e era conhecido em toda a zona sul do Rio de Janeiro por seu trabalho de atendimento aos mais pobres e sua pregação religiosa.
Guido nasceu em 22 de maio de 1974, em Volta Redonda, filho do meio, do médico Guido Manoel Vidal Schäffer e da dona de casa Maria Nazareth França Schäffer. Quando Guido era ainda muito pequeno, a família de classe média se mudou para Copacabana, na zona sul do Rio. O rapaz passou a juventude entre a escola, a praia e a igreja.
“Eu e meu marido somos católicos praticantes e educamos os nossos três filhos assim; eles sempre seguiram a religião, sempre foram atuantes na igreja”, conta Nazareth. “Mas o Guido foi o que mais se destacou. Sempre o vi como uma pessoa especial, muito caridosa, muito atenta às necessidades dos outros, muito diferenciado, sobretudo para a idade que tinha”.
Embora tivesse uma participação muito ativa na igreja, Guido seguia uma vida típica de um jovem de classe média criado na zona sul do Rio nos anos 90: formou-se em medicina, começou a trabalhar e, namorando sério há alguns anos, chegou a marcar a data do casamento. Foi somente no ano 2000, durante uma excursão religiosa com a família a Roma, que Guido percebeu que deveria seguir o sacerdócio.
O jovem passou os anos seguintes estudando filosofia e teologia. Ele já cursava o quarto ano do seminário e estava prestes a ser ordenado padre, quando morreu pegando onda com amigos no Recreio, no feriado de primeiro de maio de 2009, aos 34 anos. Guido foi atingido na parte de trás do pescoço por uma prancha desgovernada. O golpe o fez desmaiar e ele acabou morrendo afogado.
“Todo mundo ficou muito espantado com a multidão que apareceu na missa de corpo presente; eram milhares de pessoas, ônibus de todas as partes”, relembra padre Jorjão. A missa, na Igreja Nossa Senhora de Copacabana, foi rezada pelo próprio arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, que colocou sobre o corpo do jovem uma estola de padre.
Roberta Jansen, O Estado de S.Paulo (https://brasil.estadao.com.br /noticias/rio-de-janeiro,surfista-que-morreu-pegando-onda-).