SÃO JOSÉ, NOSSO PROTETOR. ROGAI POR NÓS!
Dentro das invocações dos nossos Padroeiros, depois do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria, encontramos São José, invocado como “nosso protetor”. Essa devoção sempre esteve presente no coração do Padre Dehon.
Assim que foi ordenado em Roma, no dia 19 de dezembro de 1868, e transferido para São Quintino, na França, iniciou-se uma história muito conhecida de todos nós. Era o sétimo vigário da desafiadora paróquia de São Quintino. Em menos de quatro anos, o jovem sacerdote já tinha diversas iniciativas que marcaram para sempre a sua a vida, e uma das primeiras delas foi a fundação do Patronato São José, em 1872. E assim, começamos a conhecer essa admiração que Dehon nutria por este padroeiro.
Nesse pequeno artigo, gostaria de convidá-los a uma reflexão livre sobre esse santo. Na festa de São José, que celebramos no último 19 de março, o evangelho de Mateus terminava dizendo assim: “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado”.
Conhecemos as intenções de José em abandonar Maria, mas, por ser justo, faria em segredo, resguardando o direito da noiva em se defender e jogar a culpa nele. Mas a grande mudança na vida daquele homem aconteceu a partir de um sonho. Cansado e confuso com as notícias que chegavam sobre a gravidez inesperada, José dormiu com a certeza de que, mesmo decepcionado, faria a melhor coisa, mas não sabia ele que o Senhor lhe havia reservado uma missão importante no grande mistério da encarnação: de ser o pai adotivo de Jesus; de guardar a família de Nazaré; de ficar ao lado da Mãe e do Filho dando-lhes proteção e sustento.
Não era isso que ele planejou para si. Queria casar com Maria, estava apaixonado pela donzela, dentre todas a mais bela, de toda a sua Galileia, como cantou o Padre Zezinho.
Mas, tenho por mim, que José descobriu a sua verdadeira missão, numa noite fria em Belém. Foi para lá levando sua esposa num burrinho, já prestes a dar à luz. Estava seguro, tranquilo, afinal Belém não era um lugar desconhecido para ele. Cresceu ali no meio da sua família; tinha muitos amigos de infância; ali aprendeu o ofício de carpinteiro. Sabia para onde estava indo e tinha a certeza de que teria amparo entre os seus. Mas, mais uma vez, os planos de José não deram certo. Não precisou sonhar e nem mesmo de anjos, para descobrir a cruel realidade. Bastou bater em algumas portas conhecidas, pedir abrigo para alguns amigos, conversar com algumas pessoas próximas, para descobrir que sua missão não era a de encontrar um lugar limpo e confortável para que o Menino nascesse. A sua missão era mais difícil, tinha que limpar tudo com suas próprias mãos, sem ajuda de ninguém e tudo feito com muita pressa.
Assim, enquanto todos iam para suas casas descansar depois de um dia de trabalho, e enquanto a cidade adormecia, José deixou de lado suas seguranças, certezas, convicções, pensamentos e passou a confiar mais em suas mãos. Começou tirando os animais daquele lugar imundo, limpando a sujeira que eles haviam deixado, guardando as ferramentas espalhadas pelo chão, buscando água limpa, acendendo o fogo, pedindo panos limpos para pessoas desconhecidas, varrendo, lavando, e, apesar do cansaço, reservava ainda o olhar protetor para sua bela Maria. Não podia deixa-la preocupada, com medo, com frio. Era preciso dizer que estava tudo bem e proteger o “Bendito Fruto do seu ventre”. Afinal, havia garantido ao anjo que faria tudo o que ele havia mandando.
Assim, quando terminou o seu trabalho, aquele ambiente reservado para os animais, tornou-se o lugar mais sagrado de Belém, e o cocho, onde os animais comiam, depois de limpo e arrumado pelas suas mãos, transformou-se no primeiro berço do nosso Salvador.
Aconteceu o parto, vieram os anjos tocando trombeta, apareceram os pastores desconfiados, três magos com presentes estranhos, e, quando José pensou em descansar, novamente o anjo apareceu-lhe em sonho e disse: “Levante-te, toma o Menino e a Mãe e foge para o Egito”.
Pobre José, ser o pai putativo de Jesus é muito mais do que proteger a esposa e o Menino, é uma missão universal; é proteger, contra toda a espécie de mal, o plano de amor de Deus para a humanidade.
Acredito que, ao nos dar São José como Padroeiro e Protetor, Padre Dehon sabia dos perigos que iriamos enfrentar. Sabia que, diante das fragilidades de si próprio e de seus filhos, teríamos que ter um protetor experiente. Sabia que precisávamos estar sob a guarda de um homem forte mais ao mesmo tempo sonhador, e que guiado pela virtude da Justiça de Deus, ajudar-nos-ia a realizar o sonho que tinha em levar “Cristo ao coração do mundo e trazer o mundo ao Coração de Cristo”.
Por isso, nesta festa tão especial para nós dehonianos, devemos agradecer ao nosso fundador que nos deu tão grande graça, sermos do Coração de Jesus, amparados pelo Imaculado Coração de Maria e protegidos por São José.
Que continuemos sonhando como José e aprendamos com ele a transformar os corações desfigurados pelo pecado em lugar seguro onde o amor possa morar.
Servo de Deus, Padre Dehon, obrigado!
P. Djalma Lúcio M. Tuniz SCJ
Reitor do Convento SCJ, Taubaté/SP