Vaticano II: Os 16 “chips” do Concílio
Chamo de “os 16 chips do Concílio” aos documentos que emanaram do Vaticano 2º. Eles serão o instrumento de como a Igreja vai tentar resolver seu problema de comunicação com o mundo. Também indicarão por onde deverá ela caminhar em sua própria renovação. E ainda qual é a melhor maneira de desempenhar a missão de serviço ao mundo moderno, no espírito de serviço do Lava-pés.
Os documentos do Concílio são como “chips” detectores de regiões e áreas carentes do serviço da Igreja. Cada um dos documentos mostra em que a Igreja precisa adaptar sua linguagem para conseguir dialogar com as realidades do mundo moderno.
Paulo 6º usou a expressão “pontes” que levam a Igreja ao mundo e trazem o mundo para a Igreja; João 23, de “janelas” que trazem novo ar e por onde se descortina o vasto mundo, palco da missão.
Na mensagem ao 13º Intereclesial de CEBs, o papa Francisco afirma que elas “trazem um novo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja”.
“Lúmen Gentium (LG)” ou “Cristo, a luz dos Povos”, concentra a primeira preocupação da Igreja, de revelar o que ela pensa de si mesma e de sua missão no mundo e para o mundo. “Gaudium et Spes” (GS Alegria e Esperança) mostra o que a Igreja serviçal deverá fazer na sua missão no ambiente do mundo moderno.
A Igreja não se atreveu a por si escolher e decidir o que e como ela deveria ser. Ela quer se convencer a si e ao mundo do que ela é, ou seja, a sua natureza como Deus a arquitetou; e fiel à missão na finalidade para que foi fundada.
Não há escolha para a atuação da Igreja a não ser no mundo moderno. A Igreja não saiu do coração de Jesus como rainha do mundo, mas como serva. Recebeu de Jesus Cristo o que ele conquistou na trajetória do Mistério Pascal, para a tarefa de tomar conta desse tesouro e distribuí-lo ao homem moderno. Outro problema de relacionamento é trazer Deus ao alcance das inquietações do homem moderno e seus questionamentos.
A saída é converter-se e restaurar a sua face, demonstrando felicidade, alegria, compreensão em atitude materna ao alcance do entendimento dos simples e dos letrados (cf. Discurso de Paulo 6º na retomada do Concílio em 29/9/1965, 5).
Os documentos do Concílio mais os discursos decisivos de João 23 (11/10/1962) e o de Paulo 6º (29/09/1963) são setas que orientam o conteúdo e a prática das novas relações da Igreja com o mundo. Elaborados com seriedade, submetidos a várias redações e votações, receberam aprovação e publicação sob a autoridade do Papa Paulo 6º.
P. Augusto César Pereira SCJ.