XXIV CAPÍTULO GERAL: MENSAGEM FINAL, SÍNTESE
O Desafio deste Capítulo
Reunidos em Roma, de 14 a 27 de julho de 2018, 178 Confrades Dehonianos celebraram o XXIV Capítulo Geral, «Com coração e mente abertos às exigências da Igreja e do mundo». Os confrades capitulares, com toda Congregação, sentiram-se surpreendidos pelas circunstâncias em que o este Capítulo foi celebrado. Procuraram ouvir o Espírito e prestar um serviço de caridade aos demais Confrades da Congregação.
Fizeram experiência de como o Capítulo pode ser «um tempo propício para praticar o espírito do êxodo e da hospitalidade» e «para renovar a docilidade ao Espírito que anima a profecia» [Discurso do Papa Francisco ao Capítulo Geral das Pias Discípulas do Divino Mestre, 22 de maio de 2017].
Dispuseram-se a «narrar juntos, de modo diferenciado, o desvelo de Deus e os seus desígnios que ainda estão por realizar-se e que foram confiados às nossas mãos». Experimentaram de um modo privilegiado como se vive o Sint Unum no interior da Congregação e para apreciar a estima e a confiança que vivemos entre nós.
A nossa Identidade
O fundamento da nossa fraternidade e da nossa missão reside no modo específico de ler o Evangelho a partir da espiritualidade do Coração de Jesus, na ótica da experiência de fé de Padre Dehon. Os capitulares enalteceram o bom trabalho feito pelo Centro de Estudos Dehonianos (CSD), para conhecer Padre Dehon, seu carisma e sua Congregação.
Apreciaram o papel que as Comissões Teológicas Continentais exercem e pediram-lhes ulterior esforço qualificado a serviço das respectivas Entidades e em benefício da Família Dehoniana.
Além disso, recomendaram que o Governo Geral constitua uma comissão para a revisão das traduções e edições das Constituições e do Diretório Geral, de acordo com a edição típica francesa da Regra de Vida e com as alterações introduzidas nos Capítulos Gerais anteriores.
Colaboração e Internacionalidade
O XXIV Capítulo Geral lembrou o quanto é importante a colaboração entre as Entidades, nas diferentes atividades e projetos, na ajuda financeira e no acolhimento de confrades de outras Entidades. O crescimento da internacionalidade é um fato que nos alegra e desafia.
Enquanto algumas Entidades da Congregação experimentam forte crescimento, outras registam uma preocupante queda vocacional.
Os capitulares reiteraram a importância da comunidade do Colégio Internacional de Roma como lugar de formação ao serviço de todas as Entidades da Congregação. A sua dinâmica comunitária é um lugar privilegiado em que se faz experiência da internacionalidade e da interculturalidade.
Com votação formal, o Capítulo recomenda que o Governo Geral aprofunde os critérios de envio e de inserção na vida das comunidades de acolhimento, dos confrades enviados para aperfeiçoar os seus percursos formativos e/ou de estudo nas outras Entidades da Congregação. Estes critérios deverão ser apresentados numa próxima reunião de Superiores Maiores.
Vocações e Formação
A Pastoral Vocacional é uma das questões mais urgentes para a nossa Congregação. Cada confrade e cada comunidade deveria saber dizer aos jovens: «Vinde e vede» (cf. Jo 1,39). A pastoral vocacional deve ser inserida no contexto da pastoral juvenil e também deve servir-se do apostolado nas escolas e na pastoral universitária.
Se a formação básica com o noviciado devem, de modo ordinário, acontecer na própria Entidade, o Capítulo recomenda a promoção de escolasticados internacionais. Nesta ótica, aprecia-se a iniciativa do Curso de Formadores que atualmente se realiza em Roma, ainda que se possa introduzir melhorias na estrutura desse mesmo curso.
Com votação formal, o Capítulo reiterou o que tinha sido dito no último Capítulo Geral: «Para favorecer a dimensão internacional na formação inicial, estude-se a organização estável para o intercâmbio de estudantes, criando em cada escolasticado lugares destinados a jovens religiosos de outras Entidades. O Governo Geral deverá ter um papel de coordenação deste intercâmbio, em diálogo com as Entidade interessadas».
A formação permanente é uma tarefa que envolve todos os confrades e diz respeito a todos os aspectos do crescimento de cada um de nós.
O Espírito Missionário
«Como Congregação internacional, sentimos o apelo à missão universal da Igreja, e queremos participar nela, a nível individual e das nossas comunidades» (DG, n. 33.1). Todas as Entidades da Congregação devem sentir-se envolvidas para responder a este apelo, mediante a oração, a ajuda económica, e o envio de confrades para as missões.
O fenômeno da crescente migração dos povos é um verdadeiro «sinal dos tempos», que requer de nós um compromisso concreto e do qual não podemos nos subtrair
A nossa própria vida dehoniana deve saber inculturar-se cada vez mais nos diferentes contextos para tornar cada vez mais vivo o carisma que nos foi deixado como dom e tarefa.
É necessário que, desde a formação inicial, se cultive um autêntico espírito missionário, com disponibilidade para o envio em missão como a capacidade de comunicar também a outros a urgência do mandato missionário.
A Serviço da Evangelização
Padre Dehon escreve que a verdade e a caridade foram as duas grandes paixões da sua vida [NQT 3, 342 (29 de março de 1886)]. Considera-se que o apostolado intelectual faz parte integrante do nosso carisma para estar à altura das expectativas da sociedade do nosso tempo.
Os setores de apostolado em que somos chamados a agir são um lugar privilegiado para colocar em prática e partilhar o nosso carisma. Assim, o trabalho nas escolas e nas paróquias deve fazer transparecer um estilo específico que nos qualifica como religiosos dehonianos. Para isso, é importante que se continue a dialogar no interior das várias Entidades, para aprender juntos esse modo comum de ser e de agir.
Um aspeto que nos caracteriza é a dimensão social do nosso carisma. Por certo, deverá ser recuperado o tema proposto para a Conferência que estava prevista para Manila. A comunicação das iniciativas das várias Entidades neste âmbito é de grande ajuda para favorecer uma partilha de projetos e de iniciativas sociais.
O Serviço da Autoridade e as Estruturas de Governo
A autoridade no interior da Congregação é chamada a servir a unidade e o crescimento de todo o Instituto. Ela deverá procurar temperar a procura de uma liderança eficiente com o cuidado da fraternidade entre todas as Entidades.
Com votação formal, o Capítulo estabeleceu que o Governo Geral constitua uma comissão para estudar uma revisão do Diretório Geral, nn. 132-134, para esclarecer a figura do Vigário Geral, a tomada de posse do Superior Geral e a presidência do Capítulo Geral, a duração do mandato do Procurador Geral e do Secretário Geral. As possíveis alterações ao Diretório Geral serão propostas no próximo Capítulo Geral Ordinário.
Com votação formal, o Capítulo reiterou o que se disse no último Capítulo Geral: «Estude-se a possibilidade de criar novas estruturas de organização das Entidades, tendo em conta sobretudo as mais pequenas, em fase de desenvolvimento ou de envelhecimento. A organização, de tipo federal, deveria assegurar a especificidade de cada Entidade, num modelo de coordenação comum (cf. DG 124.5)».
A Economia da Congregação
O XXIV Capítulo Geral aprecia a política econômica destes últimos anos, levada por diante pelo Economato Geral. Precisamos, também, de uma conversão permanente: cada um é chamado a viver o voto de pobreza, levando uma vida sóbria.
Entre as ações necessárias para este caminho insiste-se no caixa comum em cada Entidade, na contribuição de todas as Entidades para o FAG (Fundo Geral de Ajuda) e na busca de autossuficiência.
O Capítulo, com voto formal, aprovou ad experimentum até ao próximo Capítulo Geral o texto do «Estatuto de Ajuda Intracongregacional», confiando ao Governo Geral, com a ajuda da Comissão Geral de Finanças, a integração de eventuais emendas ou correções de acordo com o que foi sugerido pela assembleia capitular.
Comunicação
Elogio merece a Comissão Geral de Comunicação, a pesquisa sobre nossa visual identity, ou seja, de um símbolo distintivo da Congregação e a formulação da Mission Statement. Deve ficar claro, no entanto, que não se trata apenas de uma estratégia comunicativa, mas da procura da nossa identidade comum, que deve evitar, porém, a uniformidade.
Conclusão
Com votação formal, o Capítulo reiterou o que foi dito no último Capítulo Geral: «Nós, Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), reunidos no XXIV Capítulo Geral, em representação de 40 nações, desejamos tomar posição e afirmar a nossa solidariedade plena com os cristãos perseguidos. Convidamos todos os governos a mobilizarem-se para assegurar aos cristãos o respeito pela sua dignidade e pelos seus direitos. Pedimos aos meios de comunicação social que combatam a indiferença geral e o silêncio. Aos nossos irmãos cristãos perseguidos reafirmamos a nossa solidariedade e asseguramos a nossa oração».
Estas duas semanas de Capítulo foram experimentadas como um precioso «kairos dehoniano». As circunstâncias extraordinárias do Capítulo, significaram real situação de “surpresa”.
A sinodalidade augurada por P. Carlos Enrique Caamaño Martín na abertura do Capítulo foi efetivada ao longo das duas semanas e motivou esta Mensagem Final. Precisamos reformular e revitalizar nossa vida no espírito do Sint Unum.
O Capítulo foi celebrado na busca de comunhão no Espírito. Que a Virgem Maria e o Padre Dehon acompanhem no seu ministério o novo Superior Geral, P. Carlos Luis Suárez Codorniú, e os seus conselheiros. O Coração de Cristo abençoe a inteira Congregação!
Confrades Capitulares.